Um livro que discute um dos mais poderosos mitos do Rio Grande

Para os brasileiros de todas as latitudes entenderem o assunto deste post:

Houve entre 1835 e 1845, no Rio Grande do Sul, a famosa “Guerra dos Farrapos”, onde o exército Farroupilha, chefiado pelo general Bento Gonçalves proclamou a República de Piratini, separando o Rio Grande do Brasil. Os motivos alegados eram econômicos, ou seja, má distribuição de impostos, etc. Embora sem a adesão da capital, Porto Alegre, a República existiu e resistiu ao poder do Império durante 10 anos. Duque de Caxias, chefe do exército imperial, comandou o final da revolução e promoveu uma espécie de “paz honrosa” com o comando rebelde. 20 de setembro de 1845 foi o dia em que assinou-se esta paz e a data é hoje conhecida como o “dia dos gaúchos”. 

Muito se falou e estudou sobre a revolução, principalmente após os anos 1920, quando foi iniciada uma espécie de “culto” político que servia às oligarquias no poder. O mito do gaúcho guerreiro aqueceu lendas e, de certa forma, estimulou o caudilhismo como uma maneira de fazer política no Brasil. A partir do golpe militar de 1964, 20 de setembro passou a ser feriado regional. A Revolução Farroupilha, apesar de servir de “modelo a toda a terra” como diz o hino riograndense composto pelo maestro Medanha, têm sido objeto de vários estudos nos últimos 20 anos. Muitos deles discutem verdades “indiscutíveis” com conceituados intelectuais levantando a cortina de fumaça que faz com este episódio seja praticamente intocável no Rio Grande do Sul.

Juremir Machado da Silva pesquisou durante três anos as causas e o processo da guerra Farroupilha. Estudou 15 mil documentos com a ajuda de mais 10 pesquisadores. O resultado foi História regional da infâmia, um livro que desnuda a Revolução Farroupilha do manto de mitos que a envolve. É um ensaio, ao mesmo tempo, sobre a história da revolta e sobre ‘a questão do mito’. Há no livro um estudo minucioso sobre o célebre combate de Porongos, onde foram massacrados mais de 100 soldados que faziam parte do batalhão dos lanceiros negros. Juremir alimenta a discussão sobre se houve ou não traição em Porongos. História regional da infâmia é um livro ímpar pela profundidade com que ataca assuntos considerados tabus no Rio Grande. É a história contada na contramão do mito. O famoso “contraditório” que estabelece a polêmica e enriquece o debate. (IPM)

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