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As últimas palavras de Van Gogh

Van Gogh pintou o "Retrato do Dr. Gachet" um mês antes de morrer

Era madrugada do dia 29 de julho de 1890 e Théo estava deitado ao lado do irmão no leito do hospital. Vincent fumava seu cachimbo tranquilamente e parecia bem, apesar de fraco. Dois dias antes, tinha disparado um tiro contra o próprio peito, que desviou e se alojou na virilha. O Dr. Gachet foi chamado às pressas, mas não conseguiu retirar a bala.

Assim que soube do “incidente”, Théo veio ao encontro do irmão, mas ele estava decidido a morrer. Por volta da 1h30 do dia 29 de julho, Vincent Van Gogh murmura suas últimas palavras: “Quero ir embora”, e morre.

Van Gogh guardava consigo uma carta, a última das Cartas a Théo:

Meu caro irmão,

Obrigado por sua gentil carta e pela nota de cinquenta francos que ela continha. Já que as coisas vão bem, o que é o principal, por que insistiria eu em coisas de menor importância? Por Deus! Provavelmente se passará muito tempo antes que se possa conversar de negócios com a cabeça mais descansada.

Os outros pintores, independente do que pensem, instintivamente mantêm-se à distância das discussões sobre o comércio atual.

Pois é, realmente só podemos falar através de nossos quadros. Contudo, meu caro irmão, existe isto que eu sempre lhe disse e novamente voltarei a dizer com toda a gravidade resultante dos esforços de pensamento assiduamente orientado a tentar fazer o bem tanto quanto possível – volto a dizer-lhe novamente que sempre o considerarei como alguém que é mais que um simples mercador de Corots, que por meu intermédio participa da própria produção de certas telas, que mesmo na derrocada conserva sua calma.

Pois assim é, e isto é tudo, ou pelo menos o principal que eu tenho a lhe dizer num momento de crise relativa. Num momento em que as coisas estão muito tensas entre marchands de quadros de artistas mortos e de artistas vivos.

Pois bem, em meu próprio trabalho arrisco a vida e nele minha razão arruinou-se em parte – bom -, mas pelo quanto eu saiba você não está entre os mercadores de homens, e você pode tomar partido, eu acho, agindo realmente com humanidade, mas, o que é que você quer?

A história de Van Gogh está contada nas centenas de Cartas a Théo e também no célebre Antes & Depois, memórias de Paul Gauguin onde o pintor narra em detalhes o célebre episódio em que Van Gogh corta sua própria orelha. Ambos os livros publicados na Coleção L&PM POCKET.

Vida longa ao livro de papel

Em busca de novos leitores, as editoras estão se renovando. O novo alvo é um público que não se contenta apenas em ler os livros, mas quer também participar e interferir na história. A saída fácil parece estar nos Kindles e iPads, mas o livro de papel ainda não esgotou sua participação nesta história. Muito pelo contrário!

Editoras como a belga Die Keure provam que criatividade, ousadia e um criterioso projeto gráfico podem transformar a leitura de um livro impresso em um experiência interativa das mais interessantes. O livro Tree of Codes, de Jonathan Safran Foer, deixaria até o pai do iPad, Steve Jobs, impressionado:

Neste vídeo, o autor do livro explica como sua obra funciona:

Interativo, imersivo e sem o risco de acabar a bateria, o livro de papel é ou não é ainda uma fonte inesgotável de criatividade?

Outro exemplo de inovação editorial é o livro em 3D criado pela agência Van Wanter Etcetera para a campanha Dutch Book Week, que tem o objetivo de incentivar a leitura na Holanda. O corte das páginas forma o contorno do rosto dos autores. Até o pintor holandês Vincent Van Gogh já ganhou sua esfinge literária:

Tree of Codes foi dica da leitora Elisa Viali
Livro em 3D via Zupi