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“Sonho de uma noite de verão”

No embalo da chegada da estação mais festiva do ano, lembramos a divertida comédia Sonho de uma noite de verão, escrita por William Shakespeare no final do século 16, quando o autor de Romeu e Julieta, o maior dos clássicos do teatro elisabetano, ainda era um iniciante na carreira literária.

Os desencontros amorosos de Teseu, Hipólita, Hermia, Lisandro, Demétrio e Helena (que parecem ter saído da Quadrilha de Drummond) ganham um tempero cômico com as armações de Oberon e Puck para cima da bela Titânia – como a poção mágica que faz a moça nobre se apaixonar por um tecelão com orelhas de burro.

Vários séculos se passaram e Sonho de uma noite de verão continua em alta. O texto já foi explorado de diversas formas por diferentes “tribos” das artes cênicas, desde adaptações para o teatro infantil até “traduções” para os movimentos delicados da dança clássica.

No cinema, os diretores Max Reinhardt e William Dieterle fizeram a versão premiada com o Oscar de melhor fotografia e melhor montagem em 1936. Abaixo, você assiste à última cena desse filme.

No Brasil, o Bando de Teatro Olodum da Bahia realizou uma montagem da peça com elenco inteiramente negro e texto carregado de influências da cultura afro. A adaptação não podia ser mais adequada, já que verão de verdade só mesmo do lado de cá do Equador.

A L&PM Editores publica Sonho de uma noite de verão em pocket.

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Um brinde aos escritores

Verão combina com viagem, que combina com férias, que combina com uma bebidinha, que combina com… escritores. E é para fazer um brinde a tudo isso que separamos aqui alguns autores e suas bebidas preferidas. Tim tim!

Entre as bebidas favoritas de William Faulkner estava o Mint Julep, uma mistura nada inocente de uísque e cerveja:

Charles Bukowski era amante da Boilermaker, cerveja “emparelhada” com uma dose de uísque. Funciona assim: primeiro, o cidadão bebe o uísque de um gole só. Depois, degusta sua cerveja (de preferência escura), lentamente. Mas esse é só para os fortes como o velho Buk…

William Burroughs gostava de algo mais simples: Vodka com coca-cola. Este nem precisa de receita. Basta acrescentar gelo:

F. Scott Fitzgerald e sua Zelda adoravam Gin Rickey, um coquetel que mistura gin, suco de limão e água com gás:

A bebida de Dorothy Parker era o Whisky Sour que leva uísque, suco de limão e açúcar… Uma espécie de caipirinha inglesa.

Ernest Hemingway gostava de um bom Mojito, bebida que ele descobriu em Havana e que se prepara com rum, limão e hortelã:

E pra mostrar que a gente também lembra de quem está no hemisfério norte, onde o frio anda de lascar, sugerimos a bebida preferida de Oscar Wilde: o poderoso Absinto.

Só não esqueça: se beber, não dirija. Aliás, fique em casa. Quem sabe lendo um bom livro…

Uma receita para encarar o verão de frente

A chegada do calor trás consigo uma preocupação: o verão está a dois passos, a praia e a pouca roupa também. Um dos um dos alertas mais urgentes, entretanto, que diz que é preciso mudar de hábitos e passar a viver uma vida mais leve é o início do horário de verão. Ele prenuncia a temporada que está por vir. A mudança acontece neste domingo às 0h, portanto, é tempo de ir em busca das baixas calorias. Mas pode esquecer aquela ideia de que dieta se faz à base de grelhados e saladinha. A dica deliciosa é de Helena Tonetto, no livro 100 receitas de massas light.

ESPAGUETE DE RÚCULA SELVAGEM E CHILLI

A pimenta chilli é excelente fonte de betacaroteno e vitamina C. Estudos recentes comprovam que esse tipo de pimenta acelera o metabilismo.

Ingredientes:

500g de espaguete grano duro (1 pacote)
1 colher (chá) de azeite de oliva extravirgem  (100ml)
1 dente de alho picado (3g)
Pimenta chilli picada a gosto
1 lata de atum (200g)
1 molho de rúcula (100g)
Raspas de limão
Suco de 1/2 limão
1g de sal light
Pimenta moída na hora a gosto
50g de queijo parmesão ralado (1 pacotinho)

Modo de preparo:

1. Cozinhe o macarrão até ficar al dente.
2. Prepare o molho: aqueça o azeite numa panela, acrescente o alho, a pimenta chilli e o atum. Junte também as raspas de limão. Retire do fogo e acrescente o suco de limão  e parte da rúcula.
3. Escorra o espaguete e misture-o com o molho. Prove e corrija com o sal light, se precisar.
4. Despeje-o num prato, arrume por cimao punhado restante de rúcula fresca, salpique o queijo parmesão ralado e a pimenta.


Sábado tem sempre uma “Receita do dia” vinda diretamente dos livros da Série Gastronomia L&PM.

“Verão” por Millôr Fernandes

É hoje à noite: o sol se aproximará o máximo que pode da Terra, indicando que o verão está oficialmente entre nós. Se você anda um pouco esquecido de como é a estação mais festiva, sensual e quente do ano, vale a pena ler o texto escrito por Millôr Fernandes em 1971 (e que está em Millôr Definitivo, a Bíblia do caos). Apesar de passados quase 40 anos desde que ele foi escrito, está claro que, pelo menos no que se refere à chegada do verão, nada mudou:

Crestam-se os seres. Acende-se vermelho o alto dos morros, reverbera o mar, para-brisas dão reflexos de cegar. Um cego, de tanta luz em volta, enxerga alguma coisa. O céu aprofunda-se em azul, a areia frige nossos pés, raios a pino estorricam. A calçada arde, suor escorre nas costas dos que estão vestidos, o chão gruda em seus sapatos de discriminados. O sol parece um som. É verão. Rebrilha, refulge, freme, tremeluz – em tudo e em todos. Uma cigarra canta, chia, chichia, chiria, cicia, fretene, zine, zizia, zangarreia, estridula, garrita, rechia, rechina, retrine, cegarrega: é só escutar no dicionário. Na arrebentação a gata cumpre o gesto perpetual do seu destino na biossociologia carioca  – é bela e cai n´água. Estamos todos em Byakabunda, na época do plantio das bananas.