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Freud tentou prever a sua própria morte

No dia 23 de setembro de 1939, às três da manhã, morria Sigmund Freud. Sua partida deu-se depois que Max Schur, atendendo ao pedido do próprio Freud, injetou uma forte dose de morfina no pai da psicanálise.

Freud havia tentado prever a data exata da sua morte, cercando-a de superstições e receios. “Tenho uma tendência à superstição, cuja origem ainda me é desconhecida” escreveu ele em 1901. Ligou-se à Teoria dos Números Mágicos (desenvolvida por seu amigo, o médico Wilhelm Fliess) e, em 1894, teria previsto que seu falecimento se daria entre os 40 e 50 anos de idade. Aos 51 anos, em correspondência ao colega Ferenczi, mudou de ideia e afirmou que morreria em fevereiro de 1910. Apesar de ter errado todas as previsões, continuou interessado na vida oculta que se escondia atrás de seu id e de seu ego.

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Em 1938, quando estava exilado em Londres, recebeu a visita de Salvador Dalí, levado até sua casa por Stefan Zweig. Nesse encontro, Dalí fez um retrato de Freud que, ao olhá-lo, teria dito que ele “preconizava inconscientemente sua morte próxima”. E isso não foi só o que Dalí ouviu durante a visita. “Quando tive a honra de encontrar, pela primeira vez, em Londres, Sigmund Freud, ele explicou-me em poucas palavras que as superstições possuíam um fundamento erótico e eficaz junto às forças ocultas. Desde então, mergulho cada vez mais profundamente na superstição. Carrego comigo um pedaço de madeira que nunca me deixa (…)” declarou Salvador Dalí alguns anos depois.

O desenhos que Dali fez de Freud em Londres

O desenhos que Dalí fez de Freud em Londres

Veja aqui todos os livros da Série Freud L&PM.

Dalí, um garoto-propaganda surreal

Para comemorar o aniversário de Salvador Dalí, que nasceu em 11 de maio de 1904, separamos esse comercial sen-sa-cio-nal dos chocolates Lanvin. A propaganda, que traz como protagonista o autor de Libelo contra a arte moderna,  foi gravada em 1969 e tem direito até a bigodinho dançante. O Núcleo de Comunicação da L&PM nunca se divertiu tanto com um vídeo, aproveitem:

Último final de semana de Salvador Dalí no Instituto Tomie Othake

Até domingo, 11 de janeiro, quem estiver em São Paulo poderá conferir a grande mostra de obras de Salvador Dalí. Entre as obras do pintor espanhol surrealista em exposição no Instituto Tomie Ohtake, estão os desenhos feitos por ele para Alice no País das Maravilhas.

Em 1969, Salvador Dalí realizou doze desenhos surreais para a história de Alice, de Lewis Carroll

Em 1969, Salvador Dalí realizou doze desenhos surreais para a história de Alice, de Lewis Carroll – Clique para ampliar

Mostra de Dalí chega a São Paulo com obras marcadas pela presença de Freud

Quem olha desatentamente a tela “Paisaje Pagano Medio”, feita por Salvador Dalí em 1937, talvez não perceba a presença de Sigmund Freud. Mas o pai da psicanálise está ali, pintado em forma de busto de pedra, integrado à uma paisagem feita de sombra e sonho. Uma pintura que agora chega à São Paulo depois de passar pelo Rio de Janeiro.

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“Paisaje Pagano Medio”, de 1937, foi a primeira tela em que Dalí pintou o rosto de Freud. O pai da psicanálise aparece como um rochedo à esquerda. (Clique para ampliar)

A mostra que acaba de desembarcar na capital paulista é uma das maiores do pintor surrealista já realizada no país – a mesma que levou quase 1 milhão de pessoas ao Centro Cultural Banco do Brasil no RJ. Aberta em 19 de outubro, segue até 11 de janeiro no Instituto Tomie Ohtake.

"Morphologie" do crânio de Freud feita por Dalí nos anos 1930

“Morphologie” do crânio de Freud feita por Dalí nos anos 1930

Freud é presença marcante nessa exposição. Até porque nenhum outro autor ou pensador teve tanto impacto sobre a obra do excêntrico espanhol do que o médico austríaco. Após ler “A interpretação dos sonhos”, traduzida para o a língua hispana nos anos 1920, Dalí encontrou em Freud a base da invenção de seu mundo surreal, centrado no sexo e repleto de imagens significativas como muletas sustentando rostos flácidos (que críticos vêem como uma alusão à impotência sexual do artista). “Dalí era obcecado por sexo” disse Eliane Robert Moraes, especialista em literatura erótica, em matéria da Folha de S. Paulo. “Aquilo que em Freud seria doença é chamado de expressão poética em Dalí”, ela completou.

Mas o fato é que apesar da sua ligação onírica com Freud, o pintor não se interessou pelas teorias da psicanálise propriamente ditas. Quando conseguiu encontrar-se com o sábio Sigmund, ele já estava à beira da morte e quase não trocaram palavras. Foi nesse dia, no entanto, que Dalí fez mais um desenho de seu “ídolo”.

SERVIÇO

O que:  Salvador Dalí

Quando: De 19/10/2014 a 11/01/2015

Onde: Instituto Tomie Ohtake, av. Brig. Faria Lima, 201 – Fone (11) 2245-1900

Quanto: Grátis

A Alice de Salvador Dalí é sucesso no Rio

Mais de 150 mil pessoas já visitaram a exposição Salvador Dalí no Rio de Janeiro. Aberta desde 30 de maio no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil, esta é a maior mostra já realizada sobre Dalí no Brasil e apresenta sua criação desde os anos 1920 até os últimos trabalhos. A exposição traz ao todo 150 obras, entre 29 pinturas, 80 desenhos e gravuras, filmes, fotografias e documentos do artista catalão. A ideia é a de que o visitante reconheça a evolução artística de Dalí e perceba as diferentes influências, os recursos técnicos, as referências ideológicas e os simbolismos usados em cada fase.

O universo onírico e provocante de Salvador Dalí ocupa 1000 m² do primeiro andar do CCBB-RJ. Entre as obras, há desenhos feitos por Dalí para ilustrar os livros Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, e Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

Você tem até 22 de setembro para conferir de perto.

Alice na toca do coelho, uma das doze ilustrações que Dalí fez para a obra de Lewis Carroll

“Para baixo na toca do coelho”: uma das doze ilustrações que Dalí fez para a obra de Lewis Carroll

Clique aqui para ver todas as ilustrações de Dalí para Alice no País das Maravilhas.

SERVIÇO

O que: Exposição Salvador Dalí
Quando:
até 22 de setembro, de quarta a segunda, das 9h às 21h
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Quanto: grátis
Mais informações: (21) 3808-2020

 

A primeira vez de Dom Quixote

A primeira edição de Dom Quixote, datada de 1605

Foi em 16 de janeiro de 1605 que os espanhóis puderam ler, pela primeira vez, a primeira parte das aventuras de El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de La Mancha. Lançado inicialmente em Madrid, o grande romance de Miguel de Cervantes somaria 126 capítulos, divididos em duas partes – sendo que a segunda só seria lançada dez anos depois, em 1615.

Dom Quixote é considerado o primeiro romance moderno da história. Em 2002, o livro foi eleito a melhor obra de ficção de todos os tempos pelo Clube do Livro da Noruega em uma pesquisa realizada com 100 renomados escritores de 54 países.

Terceiro livro mais traduzido no mundo, Dom Quixote só perde para a Bíblia e as obras completas de Lênin. Há, inclusive, versões em javanês e tibetano.

Muitos foram os pintores que retrataram Dom Quixote e seu fiel Sancho Pança, incluindo Picasso e Dalí. A partir de 1956, o pintor brasileiro Cândido Portinari começou a produziu uma série de desenhos em lápis de cor inspirada nos personagens de Cervantes.

Dom Quixote por Cândido Portinari

Dom Quixote surrealista por Salvador Dalí

O inconfundível Dom Quixote de Picasso

A Coleção L&PM Pocket publica Dom Quixote em dois volumes com tradução de Viscondes de Castilho e Azevedo. E também na Coleção Clássicos da Literatura em Quadrinhos.

Pessoa, Ginsberg e Dalí no mesmo palco

Imagine Fernando Pessoa, Salvador Dalí, Allen Ginsberg e até Roberto Piva reunidos sobre o mesmo palco. Pois é exatamente isso o que a Cia. Teatro do Incêndio apresenta no segundo musical “São Paulo Surrealista”, que agora ganhou o nome de “Poesia Feita de Espuma”. A peça, escrita e dirigida por Marcelo Marcus Fonseca aborda o submundo paulista com um imaginário que começa com a chegada de Fernando Pessoa (o ator João Sant’Ana) à capital, onde é recebido por Beatriz (Giulia Lancelloni), musa de Dante. Mais tarde, ambos encontram o poeta beat Allen Ginsberg (Diego Freire), o poeta paulistano Piva (vivido pelo próprio diretor) e o pintor Dalí (Sonia Molfi) que está na cidade para dirigir uma peça surrealista. A curadoria poética da peça é de Claudio Willer, escritor e tradutor especialista nos beats.

O espetáculo é uma ótima dica para este final de semana. E para o próximo também.

 

SERVIÇO:

São Paulo Surrealista 2: A Poesia Feita de Espuma
Data: Até 15 de dezembro de 2012.
Horário: Quintas, sextas e sábados, às 21h.
Local: Madame – Rua Conselheiro Ramalho, 873 – Bela Vista.
Preço: R$ 15 (entrada) ou R$ 30 (consumíveis) – estudantes pagam meia-entrada.
Tel.: (11) 2592-4474.
www.teatrodoincendio.com.br

Alice por Dalí

Já parou para imaginar como seria a Alice, de Lewis Carroll, se tivesse sido criada por Salvador Dalí? Do país das maravilhas ao país do espelho, Alice já vem de fábrica com uma aura de psicodelia e surrealismo. Bastaria acrescentar as cores e o traço inconfundível do pintor catalão para transformá-la em candidata forte ao posto de oitava maravilha do mundo!

Mas devaneios à parte, agora você já pode dar uma folguinha para sua imaginação, porque o próprio Salvador Dalí já fez isso por você. Em 1969, ele criou 12 ilustrações para uma edição especial de Alice no país das maravilhas. A coleção está em exposição permanente na William Bennett Gallery, em Nova York, sob o título de O Universo Surreal de Salvador Dalí e acaba de ganhar sua versão digital. São 13 desenhos em tinta guache: a capa e um para cada um dos 12 capítulos que compõem o livro.

Ilustração do primeiro capítulo do livro: "Descendo pela toca do Coelho"

Arte da capa da edição de 1969 que leva a assinatura de Dalí

As clássicas cartas de baralho aparecem na ilustração do capítulo "O campo de croqué da Rainha"

Gostou? Estes e os outros 10 desenhos estão aqui.

Quem estiver em Nova York pode conferir todos estes desenhos de pertinho! A William Bennett Gallery fica no número 65 da Greene Street.

Duas visões sobre “Meia noite em Paris”, de Woody Allen

Assim que o novo filme de Woody Allen estreou no Brasil, na última sexta-feira, dia 17 de junho, corremos para as salas de cinema mais próximas para conferir o que prometia ser mais uma obra-prima de um dos nossos cineastas preferidos. E, mais uma vez, ele não decepcionou!

O editor Ivan Pinheiro Machado e a editora de vídeos da WebTV, Laura Linn, compartilham a seguir suas impressões sobre o filme.

Meia Noite em Paris: Cinema e literatura como metáfora

Por Ivan Pinheiro Machado

Digamos que você não seja um cinéfilo, um especialista em cinema. Mas mesmo assim gosta muito de cinema e procura acompanhar os lançamentos, vez que outra se aventura num filme de arte, mas também não despreza uma comédia romântica. Eu sou mais ou menos assim. Como, aliás, todo mundo. Adoro cinema. Afora os filmes violentos demais, com tiros demais, que eu abandonei definitivamente, eu vejo tudo.

E ontem vi um filme extraordinário: Meia noite em Paris, de Woody Allen. O filme é um tributo a duas coisas que são caras à muita gente: literatura e Paris.

Woody Allen, o velho bruxo, foi para frente do seu caldeirão fumegante e começou a desfiar seus sortilégios. Uma trama simples, descomplicada, vai tomando corpo tendo como pano de fundo uma cidade-espetáculo e a mitologia cultural gerada pelos anos 20.

Se você leu Autobiografia de Alice B. Toklas de Gertrude Stein (L&PM Pocket), então você é um privilegiado. Se também leu Salvador Dali (Coleção Pocket Plus), Jean Cocteau, se viu Belle de Jour, de Buñuel, se leu Grande Gatsby, de Fitzgerald e O Sol também se levanta, de Ernest Hemngway, se leu os poemas de T. S. Elliot e os livros do próprio Woody Allen publicados na coleção L&PM Pocket como Cuca Fundida, Sem Plumas, Adultérios, Que Loucura, se ouviu Cole Porter, se curte Picasso, Maitisse, Modigliani, então melhor ainda.

A maestria de Woody Allen faz com que os delírios de Gil, o escritor americano semi-frustrado de férias em Paris, fiquem absolutamente naturais. Mas eu não vou contar o filme. Vá ao cinema mais próximo e delicie-se com um mergulho nos velhos e bons tempos. Ajude a aquecer a doce lenda de que Paris foi e sempre será uma festa. E veja um Woody Allen puro sangue, daqueles em que ele acerta a mão e que dá vontade de aplaudir quando o filme acaba.

Meia noite em Paris, um hino de amor à Cidade Luz

Por Laura Linn*

Woody Allen revela todo o encanto da Cidade Luz, em seu novo filme, Meia noite em Paris, enfocando a magia, o charme e a beleza da eterna capital do romantismo. Um homem comum, despretencioso, que sonha em ser escritor e morar em uma Paris chuvosa dos anos 20, onde viveram grandes artistas e escritores como Ernest Hemingway, Gertrude Stein e Pablo Picasso. Allen homenageia a cidade utilizando o nonsense e o realismo fantástico que prende a atenção do espectador do começo ao fim. Une-se a fantasia à realidade, o passado ao presente com o desejo que as pessoas possuem de viver uma realidade diferente da sua.

Nos últimos anos, o diretor deixou sua amada Nova York e migrou para a Europa, realizando filmes maravilhosos como Match Point, Scoop, Vicky Cristina Barcelona, entre outros. Com diálogos divertidos, Woody Allen nos leva pelas ruas da cidade, mostrando o charme de Paris ao dia e a tranformação da cidade ao soar da meia noite. O espectador viaja no tempo, junto ao personagem, aos “loucos anos 20″e à “Belle Époque”, duas das mais marcantes décadas da capital francesa. A câmera passeia pela típica noite parisiense da época com seus cafés e bordéis, mulheres belíssimas e sedutoras, ao mesmo tempo em que encontra subitamente os maiores intelectuais da época, passando a conviver com ídolos na cidade de seus sonhos. Assim, vão desfilando a sua frente, Hemingway, Buñuel, Zelda e Scott Fitzgerald, Cole Porter e Salvador Dali. Sente-se uma vontade de viver aquela mesma história, encontrar esses grandes personagens da literatura, da música e das artes, apaixonar-se novamente.

Meia noite em Paris

Allen não é apenas um grande diretor, mas também um grande roteirista. São mais de 40 anos como cineasta e praticamente um filme realizado por ano. O que fascina nos filmes do diretor novaiorquino são os diálogos, a interpretação dos atores e a forma como ele mostra o cotidiano e o comportamento do ser humano na sociedade com romantismo, humor e drama. Meia noite em Paris é perpassado por um olhar crítico sobre a insatisfação das pessoas com a sua realidade. Com as belas paisagens de Paris, como pano de fundo, um humor sutil e atuações incríveis como de Marion Cottilard – que já ganhou um Oscar de Melhor Atriz como Piaf – o filme é um verdadeiro hino de amor à cidade.

*Laura Linn é editora de vídeos da L&PM WebTV e formada em Cinema pela PUC-RS.

A fantasia de Salvador Dalí e Walt Disney

As obras de Walt Disney e Salvador Dalí tinham em comum a fantasia. Mas quando se conheceram e começaram a trabalhar juntos, em 1945, constataram na prática suas divergências artísticas. O curta-metragem de animação Destino tinha tudo para ser uma das obras-primas do século, aliando o traço surrealista do pintor catalão à expertise dos estúdios Walt Disney. No entanto, oito meses depois do início dos trabalhos, Disney pulou fora alegando problemas financeiros. Mas na verdade, o real motivo da ruptura teria sido a falta de acordo entre os dois sobre o que, de fato, seria o filme. De um lado, Dalí o definia como “uma exposição mágica da problemática da vida no labirinto do tempo”, enquanto o norte-americano queria fazer “uma história simples sobre uma garota em busca do amor verdadeiro”.

A ideia ficou guardada por quase 60 anos, até que, em 2003, o sobrinho de Walt, Roy Disney, resgatou os desenhos originais e fez a animação com base nas instruções deixadas pelo assistente de Dalí na época, John Hench. O resultado você pode conferir a seguir:

Para quem gosta da obra do pintor catalão, acontece em Porto Alegre até o dia 6 de junho a exposição Cavalos Dalinianos, com litografias feitas por Salvador Dalí. E para conhecer melhor o pensamento do mestre surrealista, vale ler Libelo contra a arte moderna, da Coleção L&PM Pocket Plus.

via Zupi