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Bukowski e a caixa-preta

Por Paula Taitelbaum

Uma grande amiga minha costumava repetir, nos seus velhos tempos de múltiplas ressacas (sabe aquela época em que você tem vinte e poucos anos? Pois é…), o seguinte bordão: “ontem à noite perdi a caixa-preta!”. De tanto ela falar, acabei adotando a expressão com a certeza de que era praticamente um dito popular, um aforismo de domínio público. Pois eis que acabo de descobrir que, pelo menos aqui na minha sala, ninguém jamais usou a frase “perdi a minha caixa-preta” para designar aqueles momentos etílicos em que todas as suas informações desaparecem, você esquece as mensagens trocadas e seus reflexos entram em pane.

Ok, você deve estar se perguntando porque eu desencavei esta história justo agora (!). E eu respondo: simplesmente porque não pude desassociar a chegada da “Caixa Especial Bukowski” da certeza de que nosso querido escritor devia estar sempre com a sua caixa-preta perdida. E não venha dizer que estou delirando porque a analogia também se deve ao fato de que a “Buk box” é praticamente… preta (verde? que verde?).

A “Caixa Especial Bukowski” reúne Misto Quente, Crônica de um amor louco, Fabulário geral do delírio cotidiano, Factótum e Pulp. Breve, ela estará chegando nas livrarias. Vê se não perde essa caixa-preta, hein?

Beijos literários

Ah, o beijo… Como viver, amar e ser feliz sem ele?

É por isso que, hoje, no Dia do Beijo, separamos alguns trechos de pockets da L&PM que homenageiam esse que pode ser o mais puro ou o mais libidinoso dos atos.

Romeu e Julieta, de Shakespeare: “Beijarei teus lábios. Pode ser que ainda encontre neles um pouco de veneno que me faça morrer com este fortificante. (Beija-o)”.

Kama Sutra, Capítulo 3: “Os locais a serem beijados são os seguintes: a fronte, os olhos, as bochechas, a garganta, o colo, os seios, os lábios e o interior da boca. O povo de Lat também beija os seguintes locais: os quadris, os braços e o umbigo”.

 Drácula, de Bram Stoker: “Mas, logo após, voltou a abrir os olhos com toda aquela doce ternura de outrora. E desembaraçando aos poucos sua pobre, frágil e descorada mão, estendeu-a ao encontro da morena destra de Van Helsing. Este tomou-a entre seus robustos dedos, acariciou-a e beijou-a, na mais comovente das sublimações”.

Para sempre ou nunca mais, de Raymond Chandler: “Eu te odeio – ela disse, a boca contra a minha. – Não por isso, mas porque a perfeição nunca vem sem um intervalo e no nosso caso ela veio logo em seguida. E não quero nem vou voltar a vê-lo. Terá que ser para sempre ou nunca mais”.

Pulp, de Charles Bukowski: “Nós nos abraçamos e juntamos as bocas. A língua dela enfiara-se em minha boca, quente, mexendo-se como uma pequena serpente”.

Trecho de Elegia [de Marienbad] de Trilogia da Paixão, de Goethe: “Como por mim à porta ela aguardava / E felizardo aos poucos me fazia, / Após o último beijo me alcançava  / E ainda mais um dos lábios imprimia, / Assim, movente e clara, a efígie amada / No coração a fogo está gravada”.

Trecho de Versos Íntimos, de Eu e Outras Poesias, de Augusto dos Anjos: “Toma um fósforo. Acende teu cigarro! / O beijo, amigo, é a véspera do escarro, / A mão que afaga é a mesma que apedreja. / Se a alguém causa inda pena a tua chaga, / Apedreja essa mão vil que te afaga, / Escarra nessa boca que te beija!”.

O Dia do Beijo é comemorado em duas datas: 6 de julho (Kissing Day) e 13 de abril.