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Pernas pra que te quero…

As pernas de Úrsula e outras possibilidades, de Claudia Tajes, é a novidade do dia. O livro, lançado originalmente em 2001, volta agora em nova edição, na Coleção L&PM POCKET. Para homenagear essas que nos aproximam de pessoas e lugares, que correm o mundo, que caminham sem rumo e que se enlaçam de amor, nós separamos alguns textos e poemas que falam nelas, as pernas:

“Nos meus devaneios, as pernas de Úrsula haviam andado pelo mundo inteiro, conhecido línguas, em todos os sentidos, e causado a desgraça de franceses, egípcios e neozelandeses. Eu podia ver as pernas de Úrsula correndo da polícia nas manifestações das Diretas Já, dançando em cima da mesa nos bailes de carnaval do Monte Líbano, entrando em campo para uma partida de futebol feminino, fazendo um strip-tease para um felizardo qualquer…” (Trecho de As pernas de Úrsula, de Claudia Tajes)

* * *

(…) a garota do vestido vermelho
que desceu do carro branco
tinha as melhores pernas
a garota do vestido rosa
que desceu do carro vermelho
tinha pernas razoáveis

mas sigo lembrando da garota no vestido azul
que desceu do carro azul
vi suas calcinhas

você não sabe o quão excitante a vida pode ser
por volta
das 5h35 da tarde.
(Trecho de garotas voltando para casa, de Charles Bukowski, em O amor é um cão dos diabos)

* * *

(…) E todavia aquela perna indica
que muito longe dela o céu não fica:
tentar, como um Titã de raio em troco?

Aquela ponte de marfim maciço
passar, subir… quem pode fazer isso?
um louco? – Eu vou… Quem há do que eu mais louco?
(Trecho de A Perna, de Luís Delfino, em Livro dos poemas)

* * *

Eu abro as pernas para perpetuar a tênue ternura do infinito / da Fênix e seu rito. / Eu abro as pernas para enrijecer o grelo / descontrolar o grito / gotejar a gruta / e me perder no atrito. / Eu abro as pernas para entrar em mim / mimetizar o ego / e transformá-lo em mito.
(poema de Paula Taitelbaum em Porno Pop Pocket)