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Dom Quixote no Carnaval Carioca

Na segunda-feira, 8 de fevereiro, Dom Quixote entrou na avenida, sambou e fez todo mundo cantar com a Mocidade Independente de Padre Miguel. Inspirada nos 400 anos do nascimento do escritor Miguel de Cervantes, criador de Dom Quixote de La Mancha, a escola carioca apresentou um enredo em que o herói errante vem ao Brasil e se depara com uma realidade repleta de corrupção, desigualdade social e déficit educacional. Dom Quixote entra então em uma luta para limpar todas essas “manchas” da nação. Os carnavalescos Alexandre Louzada e Edson Pereira foram os responsáveis por um desfile gigantesco e suntuoso que, na comissão de frente, apresentava Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança, protegendo os camponeses dos “corruptos invisíveis”.

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Comissão de Frente. Foto: Júlio Cesar Guimarães/UOL

Dom Quixote chega ao Brasil

Comissão de Frente. Foto: Júlio Cesar Guimarães/UOL

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Comissão de Frente. Foto: Júlio Cesar Guimarães/UOL

O carro abre-alas, com 18 metros, um dos maiores do Carnaval 2016, apresentou uma gigantesca escultura do herói, toda articulada, em meio a um Brasil idílico, com torres de petróleo na traseira, representando os escândalos de corrupção.

Dom Quixote no maior abre-alas do carnaval de 2016. Foto: Alexandre Cassiano/ O Globo

Dom Quixote no maior abre-alas do carnaval de 2016. Foto: Alexandre Cassiano/ O Globo

No terceiro carro, a Academia Brasileira de Letras ganhou espaço, com seus integrantes vestidos com o tradicional fardão. A instituição é onde Quixote vai para ler clássicos da literatura e tentar entender o Brasil. Ele lê também Gilberto Freyre e Gonçalves Dias, e é apresentado à triste realidade dos tempos coloniais.

Dom Quixote academia brasileira letras

Carro que representava o momento em que Dom Quixote vai à Academia Brasileira de Letras em busca de clássicos que o ajudem a entender o Brasil. Foto: Marco Antônio Teixeira/UOL

Momentos da história marcados por conflitos, como a Guerra dos Farrapos (por meio da obra de Érico Veríssimo) e Canudos (Euclides da Cunha), também foram lembrados. As agruras da vida no sertão motivadas pela indústria da seca apareceram no quinto carro, cuja traseira ostentava um enorme gavião carcará.   A viagem de Quixote chega à ditadura, representada na fantasia da cantora Anitta, à frente de um carro alegórico transformado em tanque de guerra. A letra do samba também fez referência ao período com as expressões “tenebrosas transações”, retirada do samba “Vai Passar”, de Chico Buarque, e “caminhando e cantando”, de “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré.  Para encerrar o desfile em um tom otimista, a escola transformou o último carro em “lava-jato de felicidade”, mas justamente esta alegoria teve problemas e foi necessário retirar peças e destaques e atrasando o final do desfile, que terminou com 1h20, faltando dois minutos para o tempo máximo.

Dom Quixote é publicado em dois volumes na Coleção L&PM Pocket e também na Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos.