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O retrato de Agatha Christie

“Em Celia, muito mais do que em qualquer outro personagem, nós temos um retrato de Agatha”. A frase, de Max Mallowan, o segundo marido de Agatha Christie, refere-se à personagem de Retrato inacabado, seu segundo romance não policial, publicado sob o pseudônimo de Mary Westmacott.

No livro, Celia é uma bela e interessante mulher que, numa ilha exótica, encanta Larraby,  um célebre pintor de retratos. Ao perceber que ela está prestes a cometer um ato extremo, o artista resolve escutar sua história e, a partir daí, elabora o retrato de Celia não com pinceladas, mas com palavras. E assim, ele reconstrói sua vida desde o nascimento até os dias atuais. “Celia era uma garotinha séria. Ela pensava um bocado sobre Deus e sobre ser boa e pura. Quando puxava um ossinho da sorte, sempre desejava ser boa. Celia era sem dúvida uma puritana, mas ao menos guardava seu puritanismo para si. Às vezes tinha um medo horrível de ser ‘mundana’ (palavra misteriosa e perturbadora!), em especial quando toda vestida de musselina engomada e com uma grande cinta amarelo-ouro, pronta para descer para a sobremesa. Mas no geral vivia complacentemente satisfeita consigo mesma. Ela era uma das eleitas. Estava salva” (Trecho de Retrato inacabado).

Será que a garotinha Agatha era assim também? Séria ela provavelmente era, como mostra a foto abaixo:

Escrito sob o pseudônimo de Mary Westmacott, e lançado pela primeira vez em 1934 na Inglaterra, Retrato inacabado  é considerado um romance “semi-biográfico” de Agatha Christie. A escritora conseguiu manter por quinze anos o segredo de seu pseudônimo e, ao todo, publicou seis romances assinados com este nome. A L&PM já publica três deles.

Peter, uma das paixões de Agatha Christie

Agatha Christie era apaixonada por Peter. Branco, peludo, alegre e carinhoso, ela fala várias vezes nele em sua Autobiografia. E também dedica seu livro Poirot perde uma cliente ao mascote: “Ao querido Peter, o mais leal dos amigos e a mais querida das companhias, um cão em mil”. Para você entender bem a relação de Agatha e de sua filha, Rosalind, com Peter, separamos aqui alguns trechos da Autobiografia da autora em que ele é citado.

“As coisas ruins sempre aconteciam quando eu não estava presente. Rosalind recebeu-nos com sua habitual exuberância e bom humor e imediatamente anunciou o desastre: ‘Peter mordeu Freddie Potter no rosto’. A última coisa que desejaríamos saber, ao chegarmos em casa, é que nossa preciosa cozinheira-governanta-residente tivera seu precioso filhinho mordido no rosto pelo nosso precioso cachorrinho” Rosalind explicou que não fora, realmente, culpa de Peter. Ela dissera a Freddie Potter que não colocasse o rosto cada vez mais perto de Peter, roncando, de modo que, é claro, Peter mordeu-o.”

Em outra passagem do livro, Agatha Christie pergunta à filha o que ela pensa de sua mãe casar-se com Max (Max Mallowan) ao que a filha responde que ele era a melhor escolha.

“[Rosalind] prosseguiu enumerando, com a maior franqueza, do seu utilitário ponto de vista, as vantagens do meu casamento: ‘E Peter gosta dele’ acrescentou como aprovação definitiva e final.

Peter no colo do segundo marido de Agatha Christie, o arqueólogo Max Mallowan