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O triste fim de Lima Barreto

Ele era neto de escravos e, coincidência ou não, a abolição da escravatura foi decretada no exato dia de seu aniversário de sete anos. O carioca Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no dia 13 de maio de 1881, filho de um tipógrafo e de uma professora primária que escolheriam como seu padrinho o Visconde de Ouro Preto. Criança, morou na Ilha do Governador com o pai e, crescido, tornou-se jornalista e um escritores brilhante (e polêmico). Sua mais famosa obra, “Triste fim de Policarpo Quaresma”, começou a ser publicada em 1911 no formato de folhetim e, em 1915, virou livro.

Alcoólatra, Lima Barreto tinha delírios, foi perseguido várias vezes pela polícia e acabou internado em clínicas psiquiátricas do Rio de Janeiro. No Natal de 1919, por exemplo, ele foi levado ao Hospício Pedro II, onde permaneceu até 2 de fevereiro de 1920.

Lima Barreto fotografado em 1919, durante sua internação no Hospício Pedro II

Lima Barreto fotografado em 1919, durante sua internação no Hospício Pedro II

Lima Barreto, como seu mais célebre personagem, acabou tendo também um triste fim. Morreu em 1 de novembro de 1922, de ataque cardíaco causado pelo excesso de álcool. Ele não chegou a ver publicado seu livro Os Bruzundangas, escrito em 1917, mas que só veio à público postumamente.

Além de O triste fim de Policarpo Quaresma, a Coleção L&PM Pocket publica o texto integral de Os Bruzundangas com prefácio do próprio Lima Barreto.

E na L&PM WebTV, é possível assistir a um documentário sobre a vida de Lima Barreto. Clique aqui.

Antunes Filho leva seu Policarpo para TV

Três espetáculos do CPT (Centro de Pesquisa Teatral), a companhia do diretor Antunes Filho, serão exibidos em janeiro pelo canal SescTV. Entre eles, sua adaptação para Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto. A peça, que entrou em cartaz em 2010, conta a história criada por Lima Barreto há cem anos atrás, mas que permanece atual até hoje. Nela, o Major Policarpo Quaresma, visionário e patriota, encarna a luta pela grandeza do país e esbarra na burocracia das repartições públicas, no clientelismo, na bajulação e na injustiça social. Qualquer semelhança com a realidade, não é mera coincidência.

“Policarpo Quaresma”, a peça, vai ao ar no dia 22 de janeiro às 22h. Os outros espetáculos serão “Foi Carmen” que será exibido no dia 8 de janeiro às 22h e “Lamartine Babo” no dia 15 de janeiro também às 22h. Para saber como acessar o canal do SescTV na sua cidade , clique aqui. Abaixo, o vídeo promocional do projeto chamado “Dramaturgia: Antunes Filho em três atos”:

A natureza de Inimá de Paula

Acaba de chegar à L&PM a reedição de Os bruzundangas, de Lima Barreto. Na capa do livro, os leitores se deparam com a bela obra Natureza morta, de Inimá de Paula. Nascido em 7 de dezembro de 1918, na pequena cidade mineira de Itanhomi, Inimá exerceu ofícios modestos que lhe garantiriam a sobrevivência. Com uma formação autodidata, transformou-se em um dos principais expoentes da pintura produzida no país no pós-guerra, figurando entre os maiores paisagistas modernos, ao lado de Guignard e Pancetti. Conviveu com artistas como Santa Rosa, Antônio Bandeira, Aldemir Martins, Kaminagai, Portinari, Iberê Camargo, Takaoka, entre outros. Quem visita Belo Horizonte não pode deixar de ir até o Museu Inimá de Paula. Artista fundamental na implementação da arte moderna em Minas Gerais, no Rio de janeiro e no Ceará, Inimá teve sua obra consagrada no cenário artístico brasileiro e é celebrado como “Fauve brasileiro” e “Mestre das Cores”. As obras de Inimá podem ser encontradas nos mais importantes museus brasileiros, em acervos de fundações públicas e privadas e em coleções particulares de renomados colecionadores. Seu nome é citado em diversos dicionários de artes plásticas e livros de arte. Logo abaixo você confere imagens de algumas obras de Inamá.

Inimá de Paula em seu ateliê

Tela de Inimá de Paula, datada de 1968

Natureza-morta - Inimá de Paula

Walter Ego e outros alteregos da literatura

Foi para homenagear todos os alteregos – na verdade mais os “egos” do que os “alter”, que o cartunista Angeli criou Walter Ego, o mais emblemático de seus personagens e que, como o próprio nome sugere, ama a si mesmo acima de tudo (clique na tirinha para ampliar).

E foi aproveitando o tema e o nome sugerido por Angeli que resolvemos perguntar: você tem um alterego? Tipo um pseudônimo, uma personalidade dupla, um outro você? Não? Pois muitos escritores tem… Parte deles, simplesmente usava outro nome para assinar algumas de suas obras. Fernando Pessoa, por exemplo, era ao mesmo tempo Álvaro de Campos e Bernardo Soares. Agatha Cristhie virou Mary Westmacott na hora de publicar seus romances não policiais. E Nelson Rodrigues não só usou outro nome, como trocou de gênero. Na década de 1940, sem que os leitores soubessem, Nelson assinava Suzana Flag em folhetins que eram publicados nos jornais. O alterego feminino do escritor não só fez o maior sucesso como passou a receber cartas de homens apaixonados. E os alteregos literários não param por aí. Muitas vezes eles se escondem (ou não) nas páginas das próprias obras. O alterego de Franz Kafka seria Gregor Samsa, seu personagem em Metamorfose. Dizem que David Copperfield era o próprio Charles Dickens. E Lima Barreto teria criado Isaías Caminha com sua própria personalidade, enquanto João da Ega seria o alterego de Eça de Queiroz em Os Maias. Ficou inspirado? Então responda mais essa: se você tivesse que criar um outro você, quem ele seria?