Arquivo da tag: John Lennon

No ritmo de Lewis Carroll

Charles Lutwidge Dodgson pode ser um nome sem nenhum significado para a maioria dos mortais. Mas se a gente disser que esse é o nome verdadeiro de Lewis Carroll, criador de Alice no País das Maravilhastudo muda.

Repleto de enigmas, trocadilhos, charadas e piadas, as obras de Carroll vêm servindo de inspiração para os mais diferentes artistas. Incluíndo aqui a mais variada seleção de músicos.

É por isso que hoje, na data que marca a morte de Carroll (ele nasceu em 27 de janeiro de 1832 e morreu em 14 de janeiro de 1898), a nossa homenagem é em forma de música.

“I am the Walrus”, dos Beatles. A letra, de John Lennon, faz referência a homens com cabeça de ovo e é totalmente nonsense:

“Sunshine”, do Aerosmith, deixa bem claro que é uma homenagem à Alice:

“Jabberwock” é um poema de Lewis Carroll que aqui ganhou ritmo na voz de Marianne Faithfull:

Pra terminar nossa homenagem, “Hall of Mirrors”, de Siouxsie & The Banshees:

Além de Alice no País das Maravilhas, a Coleção L&PM Pocket também publica Alice no país do espelho.

John Lennon e sua viagem ao País das Maravilhas

Lewis Carroll já influenciou muita gente com seu texto nonsense e suas metáforas inteligentes. A música “I am the Walrus” (Eu sou a Morsa), por exemplo, foi criada pelos Beatles a partir do longo poema “A Morsa e o Carpinteiro” que aparece em “Alice no País do Espelho”, a segunda parte de “Alice no País das Maravilhas”.

Em uma entrevista que para a Revista Playboy em 1980, John Lennon foi indagado pelo repórter: “E quanto a você ser a Morsa?” ao que ele respondeu:

“A música surgiu a partir de ‘A Morsa e o Carpinteiro’ de ‘Alice no País das Maravilhas’. Para mim, é um belo poema. Jamais me ocorreu que Lewis Carroll estava falando sobre o sistema capitalista e social. Nunca fiquei me perguntando o que ele realmente quis dizer como as pessoas fazem com a obra dos Beatles. Mais tarde, olhando para o poema com atenção, percebi que a Morsa era o vilão da história e o Carpinteiro era o mocinho. Então eu pensei: Oh, merda, eu peguei o cara errado. Eu deveria ter dito: ‘Eu sou o carpinteiro’. Mas isso não teria dado o mesmo resultado, não é? [Cantando] ‘I am the Carpenter…’”

A letra de “I am the Walrus” ainda faz referência a um eggman, um homem ovo. Tudo a ver com o livro, pois quem declama o poema para Alice é Tweedledum.

(…)

A Morsa avançou, junto ao Carpinteiro:
Quilômetros e meio marcharam;
Juntaram um monte de pedras primeiro
E uma espécie de mesa depois prepararam –
Ao redor as Ostrinhas também se assentaram
Esperando uma história!

A Morsa exclamou: “A hora é chegada!
Temos mil coisas para conversar:
Sapatos, veleiros e cera encarnada
E lacre e repolhos e Reis proclamar! –
Porque esta noite fervente está o mar
E os porcos criaram asas!”

“Espere um momento!” – as Ostras gritaram –
“Depois iniciamos a conversação:
Estamos sem fôlego, nossos pés se cansaram,
Nós somos gordinhas – tenham compaixão!”
Falou o Carpinteiro: “Esperamos, pois não!?”
E as Ostras agradeceram!

“Precisamos agora de uma bisnaga de pão” –
Disse a Morsa, contente.
“Pimenta e vinagre na palma da mão
E um pouco de sal, que se espalha frequentemente –
E agora, se está pronta a assembleia presente,
Começamos a comer!”

As Ostras gritaram: “Vão nos devorar?
Não façam! Piedade!
Nós somos amigas! Não podem matar
Depois da conversa e passeio: é maldade! –
E a Morsa responde, com sinceridade:
“Gostaram  da vista, não foi?”

(…)

Trecho do poema “A Morsa e o Carpinteiro”, de Alice no País do Espelho (L&PM Pocket), tradução William Lagos.

morsa_carpinteiro

Ilustração original de John Tenniel que está no volume de “Alice no País do Espelho” da Coleção L&PM Pocket

 

Isto não é um um brinquedo

Mike Balakov é programador por ofício. Passa o dia na frente de um computador escrevendo códigos aparentemente indecifráveis que, num passe de mágica, dão vida a projetos e ideias. Sem o trabalho de profissionais como ele, você não estaria lendo este post, por exemplo.

Aliás, isto não é um post sobre a programação que toma a maior parte do dia de Balakov, mas sim do trabalho que ele desenvolve nas horas vagas. Fã de fotografia, em especial dos cliques de Ansel Adams e Henri Cartier-Bresson, ele produz releituras de clássicos da arte e da fotografia mundial em Lego.

Releitura do quadro "The son of man", um dos clássicos de Magritte.

O polêmico retrato da atriz Miley Cyrus, na época com 15 anos de idade, feito por Annie Leibovitz correu o mundo e não escapou do olhar de Balakov:

Polêmico retrato feito por Annie Leibovitz para a revista Vanity Fair

Bed-in, um clamor pela paz no mundo, feito por John Lennon e Yoko Ono em 1969 foi registrado por diversos fotógrafos da época e também por Balakov:

"Bed-in" também ganhou versão Lego

Outra imagem que não poderia ficar de fora é a famosa fotografia de Charles Ebbets, que mostra 11 operários almoçando numa barra suspensa a centenas de metros em pleno céu de Nova York:

"Lunchtime atop a Skyscraper", de Charles C. Ebbets

Balakov também compartilha em seu Flickr algumas imagens de making off  que deixam o trabalho ainda mais impressionante:

Making off de "Lunch atop a skyscraper"

Uma das imagens mais difundidas do ex-estadista inglês Winston Churchill também ganhou versão em Lego, também com direito a fotos do making off:

Para conhecer melhor o trabalho de Mike Balakov, vale uma visita no Flickr do artista. Depois volta aqui e diz pra gente o que você achou! 🙂