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Bloomsday: o único feriado do mundo que é dedicado a um livro

BLOOMSDAY

16 de junho é feriado na Irlanda. Batizado de Bloomsday, o dia é dedicado a Leopold Bloom, personagem criado por James Joyce  que habita as páginas de “Ulisses”, a mais famosa obra do escritor irlandês. Em “Ulisses”, Bloom vive sua Odisseia em apenas um dia: 16 de junho de 1904, enquanto caminha pela capital da Irlanda. Uma data tão emblemática que, desde o final dos anos 1920, os irlandeses a decretaram como feriado nacional.

No Brasil, os museus Casa das Rosas e Casa Guilherme de Almeida oferecem uma programação online nos dias 16 e 17 para comemorar o 34º Bloomsday na capital paulista. Serão atividades dedicadas à obra de James Joyce.

Com o tema Ulysses: O homem menos só, o evento desta quarta contará com comentários e leituras de fragmentos do romance e de outras criações de Joyce, bem como de fontes e referências suas, como a Odisseia de Homero, a peça Hamlet, de Shakespeare, e a obra do também irlandês William Butler Yeats. O encontro acontecerá às 18h30, pela plataforma Zoom e para se inscrever é só clicar aqui. Já no dia 17, às 19h, a programação continua. O Coletivo Finnegans abre as portas de sua oficina para relatar o processo de tradução colaborativa de Finnegans Wake, de James Joyce, sob organização de Dirce Waltrick do Amarante. As inscrições para a oficina, que acontecerá via Zoom, estão abertas até o dia 15, neste link.

O escritor James Joyce e o jornal com a data do Bloomsday: 16 de junho de 1904

O escritor James Joyce e o jornal com a data do Bloomsday: 16 de junho de 1904

 

A L&PM Editores publica Ulisses na série Clássicos em mangá e, de James Joyce, você ainda encontra Dublinenses e Retrato do Artista Quando Jovem.

O mangá “Ulisses”, adaptado da obra de James Joyce

O jornalista Alexandre de Paula escreve sobre a adaptação de “Ulisses“, de James Joyce, publicado na Série Clássicos em Mángá da Coleção L&PM Pocket. O texto de Alexandre foi publicado no Correio Braziliense e também no Diário de Pernambuco. Leia abaixo:

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Ulisses_MANGA

“Ulisses” tem 400 páginas e custa R$ 29,90

Viaje no tempo e no espaço para ouvir as palestras de William Faulkner

Pode-se dizer que poucos escritores foram tão premiados quanto o americano William Faulkner. Nobel de Literatura em 1949, ganhador do National Book Awards em 1951 e 1955, Faulkner utilizava a técnica do fluxo de consciência que consagrou gente como James Joyce, Virginia Woolf e Proust.

William Faulkner também dava aulas e palestras. E sabe o que é melhor? É possível ouvi-lo. Isso porque estão disponibilizados na internet os arquivos de áudio de palestras, leituras e conversas com estudantes que o escritor realizou no final dos anos 50 na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. Os áudios foram gravados em fitas e estão disponíveis para download no site da Universidade. Clique aqui para ver a lista e escutar as palestras. Os áudios são acompanhados das transcrições para facilitar o entendimento.

William Faulkner conversa com estudantes e professores da Universidade de Virginia

William Faulkner conversa com estudantes e professores da Universidade de Virginia

De William Faulkner, a Coleção L&PM Pocket publica Enquanto Agonizo.

Bloomsday: o único feriado do mundo que é dedicado a um livro

16 de junho é feriado na Irlanda. Batizado de Bloomsday, o dia é dedicado a Leopold Bloom, personagem criado por James Joyce  que habita as páginas de “Ulisses”, a mais famosa obra do escritor irlandês. Em “Ulisses”, Bloom vive sua Odisseia em apenas um dia: 16 de junho de 1904, enquanto caminha pela capital da Irlanda. Uma data tão emblemática que, desde o final dos anos 1920, os irlandeses a decretaram como feriado nacional e sempre preparam uma grande festa em Dublin.

Aqui no Brasil também tem comemoração no dia de hoje. Separamos aqui alguns eventos que achamos interessantes. Se você souber de mais algum, é só avisar. 😉

SÃO PAULO

Local: Finnegan’s Pub, Rua Cristiano Viana, 358 – Pinheiros
Nome do evento: “O canto das sereias”
Horário: a partir das 19h
O que: O evento será focado no episódio das Sereias da Odisseia de Homero, evocando sua presença no mundo mítico da Grécia Antiga, na própria literatura e música brasileiras – incluindo correspondentes indígenas e afro-brasileiros do mito, como a Uiara do Macunaíma, de Mário de Andrade – para chegar ao romance de Joyce, com as garçonetes-sereias do bar do Hotel Ormond, em Dublin, encarnadas por duas atrizes numa performance erótico-cômica. Compondo um coro universal, trechos do episódio também serão lidos em diversos idiomas, do hebraico ao português. A música terá forte participação no evento, que contará com apresentação de gaita de foles, de música instrumental irlandesa – por duas bandas com repertório diverso – e de canções voltadas ao tema das sereias, além de uma “jam session” de encerramento, que evocará a já longa tradição do Bloomsday em São Paulo, iniciada em 1988, no Finnegan’s Pub, pelo poeta Haroldo de Campos.

BELO HORIZONTE

O Grupo Oficcina Multimédia da Fundação de Educação Artística, de Belo Horizonte, comemora o Bloomsday desde 1990.
Local: Zona – Galpão do Grupo Oficcina Multimédia – Rua Grão Mogol, 908 – Sion
Horário: 17h às 22h
O que: Projeções de vídeos, Música Shitti, Participação Especial do grupo The Celtas, Leitura de textos de James Joyce, Desfile de Moda “Gays em Chamas”, Venda de bebidas e petiscos, Bazar de roupas, acessórios e objetos.

BRASÍLIA

Local: Livraria e Café Sebinho – SCLN 406, Bl. C, Lj. 44 – Asa Norte
Horário: Almoço, jantar e atividades a partir das 19h30min
O que: diversas atividades culturais e gastronômicas. Almoço e jantar com cardápio especialmente dedicado a culinária Irlandesa (Entrada: Salada verde. Prato Principal: Irish Stew – Cozido de carne vermelha Irlandês Tradicional na cerveja Guinnes –, servido com batata recheada de provolone e panqueca de baroa com alho poró. Bebida: Cerveja escura irlandesa Guinnes. Sobremesa: Trifle) /  19h30: Abertura com o jornalista Antônio Carlos Queiroz; Apresentação do Bloomsday; Vida e Obra de James Joyce; Recepção da Obra de Joyce no Brasil / 20h: Leituras de Trechos do Livro com direção da Profª  Eva Leones /  20h30min: Show com a Banda Tanaman Dùl

SANTA MARIA – RS

Local e Horário: na Cesma, a partir das 14h, e no Ponto de Cinema, a partir das 18h
O que: A programação deste ano terá dois momentos. A partir das 14h, haverá leitura e bate-papo sobre a obra no Café da Cesma. Mas o destaque da programação é a exposição Livros de Artista Bloomsday 2015 com vernissagem às 18h também na Cesma. Sob a orientação da professora Helga Corrêa, 12 artistas plásticos do Grupo de Pesquisa Arte Impressa usaram trechos do livro Ulisses como inspiração para suas obras. Depois das 18h, as atividades continuam no Ponto de Cinema, onde haverá um sarau com leituras de Ulisses regadas a música irlandesa.

James_Joyce_Bloomsday

De James Joyce, a L&PM Editores publica Os dublinenses Retrato do artista quando jovemE a previsão é a de que, ainda este ano, seja lançado Ulisses na série Clássicos em mangá.

A Copa do mundo literário: as melhores equipes de todos os tempos dos leitores

Poderia o goleiro Camus lidar com um ataque formado por Burroughs, Ballard e Bolaño? Leitores do jornal britânico The Guardian imaginaram times de futebol feitos a partir de seus escritores favoritos. Como a Copa do Mundo chega ao fim, vamos dar uma olhada nos nossos melhores jogadores fictícios. Mas em qual time você investiria?

Via Twitter, o The Guardian convidou os leitores para formarem seus times literários favoritos de todos os tempos.

Dê uma olhada dois deles:

O leitor TimFootman montou um time com todas nacionalidades. Albert Camus como goleiro (obviamente – pois o autor francês jogou na posição enquanto estudava na Universidade da Argélia). Ele escolheu uma rígida defesa (Leon Tolstói, Marcel Proust, Samuel Richardson e Vikram Seth), “pois você precisa de caras grandes atrás”, um meio de campo com John Galsworthy, Arnold Bennet e Elizabeth Gaskell, e escolheu Bret Easton Ellis, Will Self e DBC Pierre no ataque, pois “com o senhor Suárez provou, são os assustadores, imprevisíveis e os ligeiramente malucos que conseguem bons resultados”.

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Já o leitor Tagomagoman deu uma extensiva justificativa para seu matador e eclético time, treinado pelo “respeitado e inovador técnico com um coração de aço das trevas”, Joseph Conrad. Ele comentou algumas de suas escolhas:

James Joyce (zagueiro): “O famoso zagueiro deixou a Irlanda, seu país nativo, para aprender seu ofício no continente. Raros os jogadores que conseguirão achar um jeito de passar por sua prosa impenetrável”.

F. Scott Fitzgerald (meio campo): “Visto como um dos mais luxuosos jogadores, ele mesmo gostaria de sentar e admirar seus belos passes. Às vezes parece que está mais preocupado com sua vida de celebridade e sua glamorosa esposa do que com sua carreira. Mas quando ele se foca, ele pode jogar muito bem.

William Burroughs (meia direita):  Com seus “velhos e soltos quadris”, é um dos mais temidos alas do jogo. Sofreu com — problemas no passado, mas enquanto ele receber suas “vitaminas” antes do jogo, é confiável. Famoso por aterrorizar os zagueiros com sua notória técnica de corte, que os deixa ofegantes por compreensão.

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Escritores que assinam embaixo

Quem não sonha em ter uma primeira edição assinada de próprio punho por um escritor famoso? Mesmo que algumas dessas assinaturas sejam praticamente ilegíveis, elas são pra lá de especiais, você não concorda? Veja aqui algumas delas e tente reconhecer os nomes (todos eles publicados pela L&PM). Caso tenha alguma dúvida, a resposta está no final do post.

Na ordem: James Joyce, Charles Bukowski, Arthur Conan Doyle, Edgar Allan Poe, Francis Scott Fitzgerald, J. D. Salinger, Jorge Luis Borges, Leon Tolstói, Mark Twain, Oscar Wilde, Pablo Neruda, Rainer Maria Rilke.

Dos livros para a capa da Time Magazine

Ser capa da Time, célebre revista semanal norte-americana que circula desde 03 de março de 1923, não é pra qualquer um, muito menos pra qualquer escritor. O primeiro destaque literário da Time foi Joseph Conrad, capa da edição número 6 que chegou às bancas em abril de 1923. Até o final dos anos 1930, 37 capas foram dedicadas a autores, entre eles H.G. Wells, James Joyce (duas vezes, em 1934 e 1939), Virginia Woolf e William Faulkner. Nas décadas de 40 e 50, esse número caiu para 17, com Eugene O´Neill e T.S. Eliot entre os destaques. Daí pra frente, os escritores foram minguando pelas capas da Time. E agora só lá muito de vez em quando um best-seller aparece para lembrar que escritor também é celebridade.

Joseph Conrad na capa da Time número 6

H. G. Wells, autor de "Uma breve história do mundo", na capa de 20 de setembro de 1926

Uma semana depois de Wells, em 27 de setembro de 1926, foi a vez de Rudyard Kipling, autor de "O livro da Selva" que deu origem ao personagem Mogli

James Joyce na capa com borda vermelha em janeiro de 1934. O autor de "Ulisses" e "Os dublinenses" voltaria à capa em maio de 1939

Virginia Woolf na capa de 12 de abril de 1937

William Faulkner, que receberia o Prêmio Nobel em 1949, ganhou a capa colorida dez anos antes, em 1939

Quadrinhos também tem vez na Time: Peanuts foi capa em abril de 1965

Os “Dublinenses” estão entre nós

Em 1903, um jovem irlandês chamado James Joyce começou a escrever as primeiras histórias que dariam origem ao livro Dublinenses. Dois anos depois, já casado e morando em Trieste, ele somava uma dúzia de contos que foram mostrados à editora londrina de Grant Richards. Richards gostou do que leu, mas achou que o livro não faria sucesso por ser centrado na Irlanda. Joyce não desistiu e, em fevereiro de 1906, apresentou um décimo terceiro conto a Richards: Dois galanteadores. Considerado demasiado obsceno, o editor pediu que ele fizesse algumas alterações na história e, se possível, suprimisse o conto Um encontro. Joyce não concordou, defendeu sua criação e o livro acabou não saindo.

Nos anos que se seguiram, Joyce seguiu tentando publicar Dublinenses. Depois de procurar outras editoras – e ser negado por elas – acabou retomando as negociações com Grant Richards, em 1914, e aceitou alterar o conteúdo de alguns contos, ao mesmo tempo em que acrescentou mais dois novos textos à coletânea. E assim, dez anos depois de ter começado a escrever Dublinenses, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, a primeira obra de ficção deste que seria considerado um dos maiores escritores do Século XX, finalmente foi colocada à venda. Recebido com silêncio total por parte da crítica e do público, o livro se revelaria, ao longo do tempo, o espelho do homem no alvorecer de um novo século. Nas suas narrativas curtas, Joyce descreveu pessoas que estão em Dublin, mas que poderiam estar em qualquer lugar do mundo, fechadas em suas pensões, escritórios, pubs.

Dublinenses, que acaba de chegar à Coleção L&PM Pocket em nova tradução de Guilherme da Silva Braga, é uma excelente introdução à obra de James Joyce. Uma viagem à Irlanda, mas, acima de tudo, um mergulho na experiência humana de existir.   

Os livros estão de luto

Quem conhece Paris provavelmente já visitou a livraria Shakespeare and Company. Aconchegante e abarrotada de (bons) livros, essa que hoje é ponto turístico dos apaixonados pela literatura,  já foi ponto de encontro de intelectuais como Arthur Miller, James Baldwin, Samuel Beckett, Anaïs Nin, Lawrence Durrel, William Burroughs, Gregory Corso e Allen Ginsberg. Escritores que lá iam para comprar seus livros e se encontrarem com George Whitman, o dono da livraria que morreu quarta-feira, 14 de dezembro, dois dias depois de completar 98 anos.

Segundo o jornal The New York Times, Whitman faleceu devido a complicações que surgiram após um derrame sofrido há dois meses. Em outubro, ele se recusou a ficar no hospital e exigiu ser levado para casa, que fica em cima da Shakespeare and Company. Ontem, quinta-feira, a livraria estava fechada e, em sua porta, velas, flores e romances foram colocados juntos ao comunicado que anunciava a morte de Whitman. Os admiradores também colaram bilhetes com agradecimentos e elogios a ele.

Whitman nasceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, mas passou parte da infância na China. Mudou-se para Paris em 1948, tendo uma bicicleta e um gato como as suas únicas posses. Em 1951, ele abriu a livraria Le Mistral que depois seria rebatizada de Shakespeare and Company, em homenagem a Sylvia Beach, proprietária da Shakespeare & Company original, responsável pela primeira edição de Ulisses, de James Joyce. Quando morreu, em 1962, Sylvia Beach deixou para Whitman os direitos da marca e os seus livros. Dois anos depois, a Le Mistral de Whitman tornou-se Shakespeare & Company dois anos depois.

Mais do que dono de livraria, George Whitman foi uma lenda. Seu lema de vida tinha sido tirado de um poema de W.B. Yeats: “Não seja inóspito a estranhos, pois eles podem ser anjos disfarçados”. Atualmente, quem cuida da Shakespeare and Company é a filha de George, Sylvia Beach Withman.

O editor Ivan Pinheiro Machado, que também é artista plástico, eternizou a Shakespeare and Company em uma das pinturas que estava em sua mais recente exposição