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“On the road” no iPad

A editora Penguin Classics lançou neste fim de semana uma edição ampliada do clássico On the road, de Jack Kerouac, para iPad. Além do texto integral da obra (na versão original, em inglês), o aplicativo traz diversas notas históricas e biográficas, mapas interativos com três rotas possíveis para a road trip de Sal Paradise e Dean Moriarty, links externos com informações sobre os lugares por onde a história passa, além de fotos inéditas, gravações raras em áudio do próprio Kerouac lendo alguns trechos e documentos intactos até então.

Screenshots da versão ampliada de "On the Road"

Screenshots da versão ampliada de "On the Road", da Penguin Classics

E para reafirmar a gradiosidade deste clássico que nunca perde a majestade e nem espaço na lista de desejos dos amantes da literatura de todo o mundo, o aplicativo traz um slideshow com as capas de On the road em diversos países, da Argentina à China – juntando com as imagens deste post, dá pra ter uma visão bem completa do caráter universal da obra mais célebre da literatura beat. O aplicativo está à venda na App Store da Apple por US$ 12,99.

Mas se você ainda não leu On the road, sempre é tempo: a L&PM publica no Brasil a tradução de Eduardo Peninha Bueno em formato pocket.

Como autografar um e-book?

Já estava demorando para que alguém levantasse esta questão. Com o surgimento do livro digital, as tradicionais sessões de autógrafos perderam espaço. Será?

A questão intrigou o escritor norteamericano T. J. Waters, no dia do lançamento de seu último livro. Enquanto ele autografava os exemplares físicos na livraria Barnes & Noble, em St. Petersburg, um leitor que preferiu comprar a versão digital lamentou: “Que pena que você não pode autografar meu Kindle!”. Waters ficou intrigado com a situação. “Se já conseguimos fazer tecnologia suficiente para levar um homem à lua, por que eu não poderia autografar um e-book?”, pensou ele.

Para resolver a questão, Waters criou o software Autography, que permite autografar uma página ou foto e mandar o link com a imagem diretamente para o device (e-reader, iPad, Kindle etc) do leitor, que pode guardá-lo como relíquia ou compartilhá-lo em duas redes sociais. O vídeo a seguir mostra como a coisa toda funciona:

O desafio agora é conseguir incorporar o autógrafo digital ao e-book, da mesma forma como fazemos hoje com o livro físico. Será que vamos chegar lá?

via NYT

Vida longa ao livro de papel

Em busca de novos leitores, as editoras estão se renovando. O novo alvo é um público que não se contenta apenas em ler os livros, mas quer também participar e interferir na história. A saída fácil parece estar nos Kindles e iPads, mas o livro de papel ainda não esgotou sua participação nesta história. Muito pelo contrário!

Editoras como a belga Die Keure provam que criatividade, ousadia e um criterioso projeto gráfico podem transformar a leitura de um livro impresso em um experiência interativa das mais interessantes. O livro Tree of Codes, de Jonathan Safran Foer, deixaria até o pai do iPad, Steve Jobs, impressionado:

Neste vídeo, o autor do livro explica como sua obra funciona:

Interativo, imersivo e sem o risco de acabar a bateria, o livro de papel é ou não é ainda uma fonte inesgotável de criatividade?

Outro exemplo de inovação editorial é o livro em 3D criado pela agência Van Wanter Etcetera para a campanha Dutch Book Week, que tem o objetivo de incentivar a leitura na Holanda. O corte das páginas forma o contorno do rosto dos autores. Até o pintor holandês Vincent Van Gogh já ganhou sua esfinge literária:

Tree of Codes foi dica da leitora Elisa Viali
Livro em 3D via Zupi

iPads na sala de aula

Nanni Rios
Direto da Campus Party*, em São Paulo

Na tarde desta quinta, no palco principal da Campus Party Brasil, profissionais da educação se reuniram para compartilhar suas experiências pedagógicas com cultura digital – e também para exibir resultados pra lá de animadores. Mas muito ainda precisa ser feito. O que os relatos dos educadores têm em comum é a necessidade de trazer tecnologia, games e gadgets para dentro da sala de aula, mas não só. É importante trazer também a cultura digital e suas noções de compartilhamento, remix, interação e criação colaborativa.

Educadores debatem experiências na cultura digital

Iniciativas como o Flatworld Knowledge (uma editora de livros didáticos que permite a criação de obras digitais derivadas) só vão ter espaço no Brasil quando a cultura digital for plenamente compreendida. Tecnicamente, é só querer. O Flatworld Knowledge funciona assim: um autor elabora um livro didático, que entra para o catálogo da editora, mas qualquer outro autor tem a liberdade de propor alterações sobre a obra original, criando, assim, obras derivadas. Os direitos autorais são divididos entre os criadores de acordo com a política da empresa. Assim, todo mundo sai ganhando: o autor que “criou” a obra, os autores secundários que terão em mãos uma obra customizada e adequada às suas necessidades, e os alunos que ganham material didático em sintonia com a sua realidade.

A ideia é que os livros didáticos da Flatworld sejam consumidos em formato digital por meio de e-readers como o iPad, por exemplo. E é aí que surge a necessidade de trazer estes gadgets para as escolas. Aqui no Brasil, já se fala até na possibilidade de desenvolver tablets mais baratos, com o objetivo de popularizar o produto. Mas a ideia de ter livros didáticos em formato digital ainda parece um pouco distante. Um dos principais entraves é a falta de preparo dos professores para trabalhar com o novo material. A hierarquia tradicional da sala de aula também impede que os mestres vejam seus alunos como parceiros de trabalho, que podem construir juntos e de forma colaborativa uma nova forma de aprender unindo técnica e conhecimento. Mais de 400 universidades nos Estados Unidos utilizam e recriam os livros da Flatworld e muitas escolas de ensino infantil já usam o iPad na sala de aula, com o objetivo de atrair o interesse dos alunos pelos conteúdos.

E por falar em e-books, o lançamento dos primeiros livros digitais da L&PM está previsto para breve.

* Campus Party é o maior evento de tecnologia do mundo e a edição brasileira acontece anualmente na cidade de São Paulo. Durante 5 dias, cerca de 7 mil pessoas das mais diversas áreas do conhecimento se reúnem para compartilhar suas experiências, além de participar de oficinas e debates.

Vá de ônibus até o MoMA em Nova York

Ok, uma viagem de ônibus do Brasil até o Museu de Arte Moderna de Nova York pode ser um pouco cansativa. Mas se você não vai até o museu, ele vem até você: o MoMA colocou uma exposição inteira dentro de um aplicativo para iPad e/ou iPhone, que está disponível para download gratuito na Apple Store.

Durante uma viagem de ônibus, trem ou metrô, naquele tempo ocioso do transporte entre a sua casa, o trabalho ou a escola, é possível visitar a exposição Abstract Expressionist New York que está em cartaz no MoMA até abril. São esculturas e pinturas de artistas como Jackson Pollock e Barnett Newman ao alcance do seu touchscreen. Além das imagens, o aplicativo oferece informações completas sobre as obras e vídeos com depoimentos dos curadores. É possível ainda compartilhar as suas obras preferidas com a sua rede de amigos por meio do Twitter.

“Carregue o MoMA com você”

Além do aplicativo da exposição Abstract Expressionist New York, o MoMA possui um app de serviços e conteúdos para iPad, iPhone e Android, que disponibiliza gratuitamente o calendário das exposições, informações sobre obras e artistas e conteúdos em áudio e vídeo. Veja a apresentação do aplicativo:

Da mesma forma que as exposições de arte estão sendo adaptadas das galerias – meios tradicionais de exibição e consumo das artes visuais – para gadgets como iPad e iPhone, a literatura também vai pelo mesmo caminho. Os livros da Coleção L&PM Pocket estarão disponíveis em breve para leitura no iPad e outros leitores de livros digitais. Saiba mais aqui.

Toshiba lança portátil para concorrer com iPad e Kindle

A Toshiba lançou na última segunda-feira um computador portátil de pequeno porte que pode também funcionar como e-reader. A diferença do Libretto, como o aparelho foi batizado, para os tablets tradicionais é o formato: o portátil da Toshiba possui duas telas, enquanto iPad e kindle, para citar os mais “famosos”, têm formato de prancheta.

Libretto pode ser notebook ou e-reader / Divulgação

O Libretto começará a ser vendido no Japão no final de agosto e depois segue para outros mercados. De qualquer maneira, não deve exercer muita influência no mercado dos livros digitais a curto prazo, já que ainda não firmou acordo com provedores de conteúdo.

E-books: muito barulho por nada

O mote shakespereano cabe como uma luva depois de se percorrer esse imenso Salão. No final de um corredor secundário perto da praça de alimentação, um estande com meia dúzia de curiosos expõe vários tipos de readers. Ao lado, um auditório alugado pela Sony anunciava uma palestra sobre “a leitura do futuro”. Entrei e vi um japonês falando um bom francês, auxiliado por slides superproduzidos, tentando convencer uma plateia que não ocupava nem um terço dos 150 lugares que o futuro já havia chegado. Afora neste pequeno setor do pavilhão não vi mais nada sobre leitura digital.
Quem passeia pelos acolhedores corredores do grande pavilhão está totalmente alheio ao marketing fabuloso das empresas de tecnologia. A multidão que enfrentou as filas e a garoa parecia se sentir feliz naquele ambiente cheio de cores e formas. Feliz como se fica quando se está entre bons companheiros. A onda digital chegou ao livro apenas pelos jornais via os espetaculares lances de marketing das empresas.
Uma pesquisa – a primeira feita sobre os e-books na França – publicada com estardalhaço pelo influente diário conservador “Le Figaro” comprova exatamente o contrário do que dizia o esforçado japonês da Sony no auditório quase vazio. O instituto Opinionway, contratado pelo jornal, ouviu três mil leitores que responderam a apenas duas perguntas.
– Hoje, sob qual suporte você lê um livro?
– No futuro, pretende ler em que suporte?
Com bom humor a matéria começa dizendo: “O papel está morto! Nos anunciam isso 10 vezes por dia. Mas parece que não é bem assim…” Na primeira pergunta, 91% dos franceses responderam que lêem em papel, 7% lêem na tela do computador e apenas 1% são adeptos dos readers. O restante não respondeu. Quanto à segunda pergunta, sobre onde leriam no futuro: 77% pretendem seguir lendo em papel, 11% lerão na tela do computador, 7% em readers, 2% em audiolivros, 2% no celular e 1% não responderam.
A conclusão é simples. A gigantesca propaganda que vem do vale do silício (quase) conseguiu convencer a imprensa. Mas o leitor gosta e gostará ainda por algum tempo de ler no velho e bom papel.