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David Coimbra e seu entusiasmo com “Uma breve história dos Estados Unidos”

O jornalista e escritor David Coimbra escreveu, em sua coluna de quarta-feira, 20 de julho, no jornal Zero Hora, um breve relato sobre Uma breve história dos Estados Unidosobra de James West Davidson lançada recentemente pela L&PM. David conta um pouco sobre o porquê de sua empolgação:

(…) Entusiasmei-me com um livro lançado recentemente pela L&PM: Uma breve história dos Estados Unidos, de James West Davidson. Aí está alguém que conta a história como a história deve ser contada. Nesse livro, Davidson tenta entender por que os Estados Unidos são como são. E consegue.

Há relatos saborosos de personagens grandes e pequenos da América. Um deles, um jovem do Leste chamado Sam Clemens, que “comprou uma camisa de flanela e um grande chapéu de feltro, deixou crescer a barba e o bigode” e foi para o Oeste, em busca de ouro. Passou cinco meses em Nevada, escavando sob o sol durante os calores do dia e padecendo durante o frio da noite em uma cabana mal vedada. Um dia, desesperado, escreveu ao irmão, pedindo que lhe mandasse qualquer dinheiro que tivesse: “Quero fazer fortuna ou falir de uma vez. Minhas costas estão doendo e minhas mãos, cheias de bolhas”.

Como esperava, Sam faliu. Por US$ 40 mensais, aceitou emprego em uma fábrica que triturava minérios. Quando recebeu o primeiro salário, se enfureceu. Marchou até o patrão e exigiu um aumento: queria não US$ 40 por mês, mas, no mínimo, 400 mil. Foi demitido na hora.

Sam voltou para o Leste e, como não esperava, acabou fazendo fortuna. Não como mineiro: ele mudou o nome para Mark Twain e escreveu um livro chamado Huckleberry Finn. Dessa obra, Hemingway disse o seguinte: “Toda a literatura americana se origina desse livro. Não havia nada antes. Não houve nada tão bom desde então”.

Não é lindo?

É linda a história contada por James West Davidson. Leia o livro, mesmo que você não seja americanófilo. Você vai gostar.

Breve historia EUA

Filme estrelado por Matthew McConaughey foi inspirado em livro de Mark Twain

O ator Matthew McConaughey está em alta. De uma carinha bonita com uma barriga de tanquinho exibidas em filmes na Sessão da Tarde, ele passou a um dos atores mais festejados da atualidade. Favorito à estatueta de melhor ator no Oscar deste ano por sua atuação em “Clube de Compras Dallas”, ele também rouba a cena quando aparece em “O lobo de Wall Street” como aquele que ensina os primeiros truques ao personagem de Leonardo di Caprio. E ainda é um dos personagens principais da ótima série “True Detectives” que está passando no HBO. Essa nova fase de McConaughey começou quando ele estrelou filmes como “Killer Joe”, de 2011 e “Mud”, de 2012.

“Mud”, que no Brasil recebeu o infeliz título de “Amor Bandido” (e que talvez por isso não tenha ganhado muita repercussão), é um filme escrito e dirigido por Jeff Nichols e que, segundo admitiu o diretor, presta uma homenagem a Huckleberry Finn e Tom Sawyer, personagens de livros homônimos do escritor Mark Twain.

“Assim que li o roteiro de ‘Mud’ eu disse a Jeff: ‘Você roubou várias ideias de Mark Twain, não?’ E ele respondeu que Twain foi sua grande inspiração”. Contou a produtora Sarah Green. Prova disso é que o personagem vivido por Sam Shepard chama-se Tom Blankenship, o nome da pessoa real em que Tom Sawyer foi baseado.

O filme de Nichols se passa em uma pequena ilha do Rio Mississipi, onde dois garotos conhecem “Mud”, o misterioso e solitário homem interpretado por McConaughey e que, assim como o escravo Jim, de Huckleberry Finn, está fugindo de algo. Nichols começou a trabalhar nessa história nos anos 1990 e o resultado e um filme centrado em amizades fortes, tema recorrente nas histórias de Twain.

Assista ao trailer, procure na locadora mais próxima e depois vá correndo ler Huckleberry Finn e As aventuras de Tom Sayer, ambos publicados na Coleção L&PM Pocket:

Amigos para sempre

Já contamos esta história aqui no blog, mas ela é tão boa que vale repetir:  em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong deu o pequeno passo que seria “um gigantesco salto para a humanidade”. O que o astronauta não sabia era que sua chegada à lua também seria responsável pela criação do Dia Internacional do Amigo. Isso porque, a partir de então, o argentino Enrique Ernesto Febbraro passou a divulgar exaustivamente que o feito era uma “grande oportunidade de fazer amigos em outras partes do universo” e lançou a campanha Meu amigo é meu mestre, meu discípulo é meu companheiro. Tanto ele insistiu que, em 1979, através de um decreto, Buenos Aires adotou oficialmente o dia 20 de julho como aquele dedicado a todos os amigos. Da capital argentina, a data espalhou-se pelo mundo e, hoje, em quase todas as partes do planeta (ou será do universo?) é comemorado o Dia Internacional do Amigo.

Amigos, aliás, não faltam na literatura. Sherlock Holmes e Dr. Watson, Dom Quixote e Sancho Pança, Huckleberry Finn e Jimmy… Sem contar as clássicas amizades dos quadrinhos como estas que seguem logo abaixo e que mostram os amigos Snoopy e Woodstock, Garfield e John e Mônica, Magali, Cascão e Cebolinha. É pra se divertir e compartilhar com seus amigos (e pra ler melhor, clique em cima da imagem):

Milhares de Huckleberry Finns

O professor Thomas Wortham da Universidade da Califórnia conseguiu juntar um acervo de mais de mil peças relacionadas ao universo do livro As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Boa parte da coleção é de bonecos dos personagens principais e do próprio Mark Twain, dos modelos mais simples aos mais sofisticados:

Huck Finn by Madame Alexander

A coleção tem também posteres, cartazes, edições do livro de diversos países e línguas, canecas e objetos diversos. Para o professor Thomas, que é fã incondicional da história de Huck Finn, sua coleção é o grande testemunho da popularização do clássico escrito em 1884. Veja algumas imagens do acervo no vídeo abaixo, que traz uma entrevista com o professor Thomas Wortham:

As ilustrações raras de Huckleberry Finn

Durante uma faxina no antigo escritório do pai, o falecido editor de livros infantis e didáticos Anthony Beal, suas filhas encontraram a coleção completa de 37 desenhos feitos por Edward Ardizzone, um dos maiores ilustradores de livros infantis dos Estados Unidos, para o livro As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Publicadas em 1961, as ilustrações nunca mais foram vistas pelo público desde então.

As filhas de Beal resolveram compartilhar o achado e os 37 desenhos estão expostos na galeria Illustration Cupboard, em Londres. Veja alguns:

As aventuras de Huckleberry Finn é um dos próximos lançamentos da Coleção L&PM Pocket e deve chegar em breve!

O que Mark Twain pensaria disso?

Ilustração da primeira edição do livro, em que aparecem Huck e Jim

Uma nova edição norte-americana da obra As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, vai chegar às livrarias com uma alteração no vocabulário original. Todas as 219 vezes em que a palavra “nigger” aparece foram substituídas pelo termo “slave”. A justificativa apresentada pela editora South Books é a necessidade de adaptar a história aos currículos escolares. Literalmente, “nigger” significa “negro” ou “preto”, sempre relacionado à cor de pele, o que, segundo o professor Alan Gribben – que leciona literatura na Universidade Alburn e foi quem propôs a alteração para a South Books – pode ser entendido como uma manifestação racista.

Como era de se esperar, a decisão causou polêmica. Alguns acusam a South Books de tentar “sanear” o livro ao substituir o termo original que reflete as relações sociais do século 19.

Aqui no Brasil, o lançamento da nova edição de As aventuras de Huckleberry Finn pela Coleção L&PM Pocket está previsto para março, com tradução de Rosaura Eichenberg. Segundo ela, a palavra “nigger” aparece da primeira à última página, mas em nenhum momento pode ser entendida como uma manifestação racista. Rosaura explica que, no contexto da época, usar “nigger” para se referir a pessoas de pele escura era usual e livre de carga discriminatória ou ofensiva. Na edição da L&PM, a tradutora optou por utilizar “nigger” de forma literal como “preto” ou “negro”, justamente porque, em suas pesquisas sobre o contexto social da época, o termo era livre de qualquer conotação para além da cor da pele.

“Se a necessidade é adaptar a obra aos currículos escolares, em nome da moral puritana, deveriam cortar o personagem principal, que mente todo o tempo”, brinca a tradutora. Para ela, a adaptação pode ser entendida como censura, pois priva os estudantes de conhecer a realidade social da época em que a obra foi escrita. Ela lembra ainda o ocorrido aqui no Brasil com a obra de Monteiro Lobato e questiona: “Quem virou mais racista por causa da Tia Anastácia?”

E você, o que acha disso?