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Vicky Krieps ganha prêmio de melhor atriz pelo filme A Camareira

O filme “Das Zimmermädchen Lynn”, baseado no romance “A Camareira” de Markus Orths, foi premiado esse ano no Filmfest München – Festival de Cinema de Munique, além de ser nomeado por diversos prêmios do New German Cinema – Novo Cinema Alemão, como o filme Alemão mais comentado.

A atriz Vicky Krieps, conhecida pelo filme “Hanna” – 2011, que atuou como a camareira Lynn, ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Munique.

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A CAMAREIRA como uma reflexão do atual cinema alemão

Uma menina escondida debaixo de uma cama de hotel. No ano de 2014, este já não é um romance, ou até mesmo um erótico. Alguém poderia pensar em um nível absurdo de vigilância e controle. O cinema alemão gira em torno deste assunto no momento. A suprimida, o oculto, que só vem à luz em circunstâncias especiais. Às vezes, ele quer ser arrastado para fora. Sem mais mentiras.

 

O livro foi publicado pela L&PM Editores em 2011 com tradução de Mário Luiz Frungillo. Ele gira em torno da irremediável vontade de viver.

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Trama:

Lynn Zapatek vive desconectada do mundo. Trabalha no Hotel Eden, recolhendo toalhas sujas do chão, limpando vasos e banheiras, organizando os quartos enquanto os hóspedes estão fora. Ela é boa no que faz, e o faz com esmero: não se contenta em limpar a superfície visível dos móveis; com o auxílio de uma faca ela acessa cantos difíceis, redutos de poeira há muito esquecidos, e liquida nódoas aparentemente irredutíveis. Somente por meio dos objetos e pertences de desconhecidos é que ela consegue participar do jogo da vida. Lynn não se apressa ao imaginar se uma hóspede dormiu com ou sem pijama, por que outra trouxe um secador de cabelo, quando cada quarto do hotel conta com o seu próprio.

Um dia, em meio a devaneios voyeurísticos, o hóspede do quarto 303 retorna. Lynn se esconde embaixo da cama. Uma nova possibilidade se abre para sua existência: a partir de então, todas as terças-feiras ela vai se refugiar embaixo da cama de um hóspede. Markus Orths, um dos mais premiados e promissores jovens nomes das letras alemãs, mescla fetiches, manias e suspense num celebrado e inusitado romance sobre a solidão e a incomunicabilidade.

Sétima terça-feira, quarto 304, Lynn está embaixo da cama de um homem. Ele está no banho. É quando batem à porta. As batidas ficam mais fortes. Lynn vê pernas que saem do banheiro, os pés nus deixam manchas de água no tapete atrás de si, o homem abre a porta, diz oi, pode entrar, ele o diz num tom rude, como se quisesse soar especialmente sujo, fecha a porta, Lynn ouve uma voz de mulher. Embaixo da cama não está frio. Lynn põe as mãos sob os quadris, arqueia seu sexo um pouco para cima em direção à cama, busca uma posição confortável, prende a respiração.

– Como você se chama? – pergunta o homem.

– Chiara – diz a mulher.

Esta voz, pensa Lynn, a voz de Chiara, soa quase como se nela tocassem violoncelo.