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Sergio Faraco no Vestibular 2015 da UFRGS

O livro Dançar tango em Porto Alegre, de Sergio Faraco, é uma das leituras obrigatórias do Vestibular 2015 da UFRGS. São 18 contos reunidos no volume, que faz parte da Coleção L&PM Pocket.

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Além da coletânea de contos de Sergio Faraco, fazem parte da lista os clássicos Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio Almeida, Esaú e Jacó, de Machado de Assis, e O guardador de rebanhos, de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, todos publicados na Coleção L&PM Pocket. Clique aqui e confira a lista completa de leituras obrigatórias para o Vestibular 2015 da UFRGS.

Pessoa e seus heterônimos num café

E se Fernando Pessoa se encontrasse com os seus quatro heterônimos num café para discutirem a criação de uma Revista, e decidissem que deviam deixar de existir como pessoas e transformarem-se em personagens fictícias, fruto da imaginação de uma única pessoa?

Esta é a sinopse do curta “Dia triunfal”, de Rita Nunes, um vídeo de 8 minutos que apresenta uma versão (fictícia, obviamente) sobre a criação dos heterônimos de Fernando Pessoa – fato que, segundo o próprio poeta, aconteceu em 8 de março de 1914, há exatos 100 anos, e foi chamado por ele de “dia triunfal”. Leia mais sobre este grande momento da literatura moderna neste outro post e assista ao vídeo:

 

O dia triunfal de Fernando Pessoa

Por Marcelo Noah*

CONVITE ABERTO: O Dia Triunfal – Neste sábado, dia 8 de março, completam-se 100 anos do dia em que Fernando Pessoa, o múltiplo, teve a catarse criativa que fez vir a si seus heterônimos: Alberto Caeiro, o mestre pagão, Ricardo Reis, o neoclássico estóico, e Álvaro de Campos, a besta modernista.

É o “Bloomsday” lusófono, mas ninguém se dá conta disso. De todas as efemérides literárias, essa data é a que deveria ser celebrada no Brasil e virar feriado em Portugal. O homem que um dia disse “minha pátria é a língua portuguesa”, tendo publicado nesse idioma um único livro em vida – Mensagem –, logrou se transformar no maior e mais complexo poeta dessa língua. Deixou de herança para futuras gerações uma arca tomada de escritos que até hoje não cessou de prover descobertas, como uma caixa de pandora sem fundo e sem fim, aberta para o desconhecido.

Mas é o próprio Fernando Pessoa quem conta a história fascinante do seu “dia triunfal”:

desenho-de-fernando-pessoa-por-almada“Num dia em que finalmente desistira – foi em 8 de Março de 1914 – acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. […] Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir – instintiva e subconscientemente – uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nesta altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num acto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfal de Álvaro Campos – a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem.”

Há quem, remexendo em seus manuscritos, coloque em dúvida a total veracidade desse relato feito por Pessoa pouco antes de sua morte. Contudo, entre um crítico e um poeta, antes e sempre compactuar com o poeta. O certo é que alguma coisa de fundamental marcou a lembrança do poeta naquele dia. E mesmo tendo Pessoa inventado ou delirado esse momento triunfal para a glória de sua memória, tanto faz; ele bem sabia que “a literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta”.

Por isso, no sábado agora, dia 8 de março de 2014, aos cem anos desse “dia triunfal” para a língua portuguesa, fica o convite a todos: busquem os escritos do poeta e os mantenham em mãos, lendo para si mesmos e para os outros, nas suas cidades, pelos cafés, nas boticas, bodegas, ruas, onde for… sabedores de que, como dizia Caeiro, “o único mistério é haver quem pense no mistério”.

P.S.: Eu, Marcelo Noah, já fiz minha programação: passarei o dia circulando com meu/minha Pessoa por Sampa, vou almoçar em um português bunda-de-fora chamado Ita, que fica no Largo do Paiçandu, beberei um café no Vale do Anhangabaú e – depois do show da Gal – vou colar naquele bar chamado Cu do Padre, atrás da igreja do Largo da Batata, para beber uma branquinha. Tudo bem ao estilo pagão de Caeiro, bem F. Pessoa o dia inteiro. Quem quiser se juntar em algum momento manda um grito.

*Marcelo Noah é artista multimídia, mestre em Escrita Criativa pela PUCRS e publicou este “convite aberto” em seu perfil no Facebook.

Obras raras de Fernando Pessoa vão a leilão

pessoaNos dias 13, 14 e 15 de novembro, obras raras de Fernando Pessoa vão a leilão no Palácio do Correio Velho, em Lisboa. Entre as peças estão livros da biblioteca pessoal do autor, manuscritos e uma substanciosa coleção de gravuras, registros e alguns álbuns antigos de autógrafos e fotografias. A primeira edição do livro Mensagem por exemplo vai a leilão com um lance inicial de dois mil euros e uma rara edição de 1921 do livro English Poems será vendido por, no mínimo, 2.500 euros.

Da biblioteca pessoal de Pessoa, serão vendidos 838 livros “relativas a obras literárias dos séculos XIX e XX, de áreas como Arte, História, Descobrimentos, Genealogia e Heráldica, Literatura Francesa, Direito, Religião, Revistas, Álbuns de Postais e Fotografias” – diz o comunicado que convoca para o leilão. Além disso, estará à venda uma rara coleção de gravuras de “Costumes Portugueses”, de Joubert, Macphail e Palhares, estampas religiosas, manuscritos e diversos desenhos do artista português Vieira Lusitano, como um trabalho intitulado “Virgem Maria e Santo”, com valor inicial de 300 euros. O poema “Canção Magoada”, um manuscrito inédito de António Botto, tem valor inicial de 100 euros.

A L&PM publica boa parte da obra poética de Fernando Pessoa na Coleção L&PM Pocket.

Fernando Pessoa na Flip 2013

Os fãs de Fernando Pessoa que não puderam ir à Flip 2013 conferir de perto o encontro entre Maria Bethânia e a professora Cleonice Berardinelli, duas especialistas na obra do poeta português, podem assistir na íntegra ao vídeo do encontro. Além de estudiosas da obra de Pessoa, as duas são fãs confessas do poeta e de seus heterônimos e não deixaram a desejar na curadoria dos poemas. O vídeo é longo mas vale cada minuto:

O encontro aconteceu na sexta-feira, dia 5 de julho, na programação principal da Flip 2013.

O ator Jeremy Irons lê Fernando Pessoa em português

O ator britânico Jeremy Irons confessou ser fã dos versos de Fernando Pessoa em um programa da TV portuguesa. Foi quando o apresentador insistiu para que Irons lesse um poema de Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Pessoa) em português. O resultado foi hilário:

Abaixo, o poema “Ai Margarida” completo, do livro Poemas de Álvaro de Campos (Coleção L&PM Pocket)

Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
— Tirava os brincos do prego,
Casava c’um homem cego
E ia morar para a Estrela.

Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
— (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.

E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
— Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.

Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
— Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.

Comunicado pelo Engenheiro Naval
Sr. Álvaro de Campos em estado
de inconsciência
alcoólica.

Para comemorar os 125 anos de Pessoa

Às três horas e vinte e quatro minutos da tarde do dia 13 de junho de 1888, no quarto andar de um casarão no centro de Lisboa, Fernando António Nogueira Pessoa veio ao mundo.

Para comemorar os 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa – e também de Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares, seus heterônimos – o ator Alexandre Borges preparou uma festa para hoje à noite. Se você estiver no Rio de Janeiro, não pode perder.

Alexandre fará duas apresentações gratuitas de um projeto criado por ele e batizado de Poema Bar. Às 19h e às 21h, no Teatro dos Anônimos, da Fundição Progresso, na Lapa, o ator fará a leitura de poemas de Pessoa, acompanhado pelas cantoras Mariana Moraes (neta do mestre Vinicius de Moraes) e a portuguesa Sofia Vitória, enquanto João Vasco ficará responsável por musicar os poemas de Ricardo Reis, um dos heteronômios mais conhecidos do poeta. 

“É esta viagem, que tantas viagens contém, que evocaremos nessa celebração dos 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa”, adiantou Alexandre Borges ao Jornal do Brasil.

Fica a dica para quem não estiver no Rio: que tal reunir os amigos, abrir um bom vinho e recitar versos de Fernando Pessoa para comemorar o nascimento do maior poeta da língua portuguesa? Ele merece.

Alexandre Borges lê Fernando Pessoa no aniversário do grande poeta

Alexandre Borges lê Fernando Pessoa no aniversário do grande poeta

Um poema (sem rimas) de Fernando Pessoa

Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo
                            [de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior

Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água que corre quando
                             [o chão é inclinado,
E minha poesia é natural como
                             [o levantar-se vento…

(De Poemas de Alberto Caeiro, Fernando Pessoa – Coleção L&PM Pocket)

Fernando Pessoafoto

Feliz Dia Mundial da Poesia!

No Dia Mundial da Poesia, uma homenagem de Fernando Pessoa aos poetas 🙂

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

(Trecho do livro Poesias de Fernando Pessoa, da Coleção L&PM Pocket)