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A inédita miscelânia do septuagenário Bukowski no Jornal Estadão

A matéria do Estadão fala sobre Miscelânea septuagenária, o último livro escrito por Charles Bukowski que chegou ao Brasil pela L&PM Editores. O texto é de Guilherme Sobota e foi publicado no Caderno 2 do dia 4 de outubro:

[BR - 1]  CADERNO_2/CADERNO2/PÁGINAS ... 04/10/14

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Jornal Estadão entrevista ilustrador que adaptou “A invenção de Morel” para HQ

Jean-Pierre Mourey nasceu em 1970, em Luxeuil-Bains, uma pequena cidade no oeste da França. Quadrinista e ilustrador, estudou artes plásticas e, ao ler Bioy Casares na juventude, ficou impressionado com a complexidade narrativa do romance. Quando decidiu adaptar “A invenção de Morel” para os quadrinhos, tentou não perder os elementos originais da trama.

“O interesse do trabalho de adaptação está em encontrar soluções, equivalentes gráficos e narrativas interessantes em relação ao texto original”, diz o quadrinista ao Jornal O Estado.

Clique sobre a imagem para ler a entrevista completa, realizada pelo repórter Guilherme Sobota.

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Juiz manda recolher livros eróticos no RJ

Estadão.com.br/Cultura – 17 de janeiro de 2013

A livraria Nobel de Macaé, a 182 quilômetros do Rio de Janeiro, recebeu na segunda-feira a visita de dois policiais e de dois comissários da Segunda Vara de Família, da Infância, da Juventude e do Idoso do município. A ordem era recolher livros com conteúdo impróprio para menores de 18 anos que não estivessem em embalagens lacradas. “Foi um constrangimento horroroso. Em momento algum houve um interesse em nos orientar”, disse o proprietário Carlos Eduardo Coelho.

A ordem de serviço do juiz Raphael Baddini de Queiroz Campos, assinada dia 11, apoia-se no artigo 78 do Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990. “O ECA determina a forma de comercialização desse material, que deve ser lacrado”, comenta o juiz. Ele não espera que sua iniciativa de fiscalização seja tomada como exemplo. “Não temos intenções outras quando cumprimos a lei. Estamos protegendo as crianças e adolescentes de Macaé.”

Obras com conteúdo pornográficos sempre foram vendidas, mas ficavam em seções especiais. Agora, com o fenômeno da trilogia 50 Tons de Cinza, de E. L. James, citada pelo juiz no documento, esses livros são folheados na entrada das livrarias do mundo todo.

Curiosamente não havia um único exemplar de James na loja no dia da ação, conta o proprietário, e levaram obras de outras casas. Coelho disse que tem dez dias para se defender e pediu assessoria jurídica à Nobel. “Ele está cumprindo a lei, mas punindo uma livraria. Os livros não são meus; são consignados pela editora. Não posso lacrá-los ou colocar etiqueta. Isso deve vir da editora.”

A Intrínseca, que publica o best-seller de James, e a Câmara Brasileira do Livro só vão se pronunciar quando forem informadas oficialmente da questão.

Adeus Jornal da Tarde

Ontem, 31 de outubro de 2012, circulou o último número do Jornal da Tarde, 46 anos e 15.409 edições depois da sua fundação. O JT era editado pelo Estadão e tem nas suas origens um projeto inovador capitaneado por Mino Carta, o italiano que tornou-se um dos mais importantes e influentes jornalistas brasileiros. Nós, hoje velhos jornalistas, que fomos muito jovens no início dos anos 70, tínhamos como um dos principais paradigmas de modernidade e resistência à ditadura O Estado e S. Paulo e o JT. Com seus títulos ousados, sua diagramação imprevisível, fotos muito abertas, explorando os brancos das páginas, certas edições do JT eram verdadeiras obras de arte como design gráfico. A ideia era essa. Enquanto o Estadão desafiava a ditadura colocando trecho dos “Lusíadas” de Camões no espaço de matérias que eram amputadas pela odiosa censura prévia que foi imposta ao jornais, o Jornal da Tarde inovava, era admirado e reverenciado – e às vezes incompreendido – confundindo censores e, muitas vezes, os leitores. Um de seus principais repórteres, Marcos Faermann, o Marcão, foi nosso amigo próximo e migrou de Porto Alegre para São Paulo para fazer parte da seleta e invejada equipe do JT. Muitas vezes ele narrou para nós as peripécias do jornal, as invenções gráficas e as manchetes incríveis, como a publicada no dia da morte de Tom Jobim: “Brasil perde o Tom”. E sobretudo, o Marcão falava do sacerdócio que era ser coerente o tempo todo numa experiência inovadora, tendo que driblar diariamente os trogloditas da censura. Há uma geração inteira tomada de uma remota melancolia. De certo o JT não vendia mais, não significava economicamente mais do que um sacrifício financeiro para a editora que o mantinha, no caso O Estado de S. Paulo. Acredito até que a lenda tenha dado uma sobrevida para o jornal. Mas os tempos são outros, os meios são outros, as mensagens são outras. O Jornal da Tarde não resistiu à era digital. Mas saiu das bancas para entrar na história. Foi a mais radical experiência de um jornal diário na imprensa brasileira e graças a ele tivemos grandes momentos de excelência, de alegria e a consciência de que, em algum lugar, era possível ter a liberdade de inventar. (Ivan Pinheiro Machado)

A capa da última edição do lendário "Jornal da Tarde"

32. Atravessando o Brasil de Fusca para fazer uma editora nacional

Por Ivan Pinheiro Machado*

Quando fizemos a L&PM e lançamos nosso primeiro livro, o “Rango 1”  do Edgar Vasques, decidimos que ela não seria uma “editora gaúcha”, mas uma editora brasileira. Portanto, precisávamos apresentá-la ao Brasil. Isto na prática significava levar o primeiro livro em mãos para os principais jornais do centro do país. O jornalista Mario de Almeida Lima, pai do Paulo, o “L” da L&PM, era diretor da sucursal do “Estadão” em Porto Alegre e preparou-nos uma lista de jornais e jornalistas importantes de Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Para alguns editores amigos, o Mario Lima fez uma carta de apresentação.

Não tínhamos dinheiro para fazer este périplo de avião. Naqueles tempos ancestrais, você pagava para ir de Porto Alegre ao Rio o mesmo que hoje se paga para ir a Paris… O Lima tinha um Fusca 1971 (estávamos em 1975) e eu tinha um Puma conversível quase Zero km. Os pneus do carro do Lima estavam completamente “carecas” e no Puma (um esportivo de dois lugares) não cabiam as caixas de livros e a nossa bagagem. A solução foi tirar as rodas do Puma, colocar no Fusca (era a mesma bitola) e enfrentar a velha BR-116 rumo ao Rio de Janeiro com escala em outras capitais. Tudo ocorreu conforme o planejado. Fomos aos principais jornais de Floripa e Curitiba, e em São Paulo conseguimos uma matéria de meia página no Estadão extremamente elogiosa sobre o “Rango 1”, primeiro e – até então – único lançamento da L&PM. E foi com o Estadão embaixo do braço que fomos para o Rio. Primeiro visitamos o grande jornal da época, o Jornal do Brasil, editado pelo gaúcho Raul Riff e depois O Globo. Em ambos os jornais o “Rango 1” obteve resenhas consagradoras – e este seria o primeiro passo para que Edgar Vasques se tornasse colaborador do famoso O Pasquim.

Foi aí então que resolvemos ligar para o célebre Ziraldo, na tentativa de que ele nos recebesse. Ele foi muito simpático e marcou um encontro conosco às 13 horas no restaurante de um hotel à beira mar em Copacabana, pois morava ali perto. O Lima e eu ficamos excitadíssimos. Íamos conhecer o grande Ziraldo!… Chegamos no velho prédio do Ouro Verde Hotel, subimos para o restaurante e ficamos ao mesmo tempo impressionados e preocupados. Na sala de espera do restaurante, decorada em pesados lambris de mogno e velhas gravuras inglesas, o embaixador Walther Moreira Salles lia o “Le Fígaro”. Mais tarde ficamos sabendo que a revista americana Fortune, havia incluído o restaurante do Ouro Verde entre os “10 melhores pequenos restaurantes do mundo”… Ziraldo já nos aguardava numa mesa diante de um geladíssimo vinho branco português. Nos apresentamos e começamos uma ótima conversa. Como sempre, Ziraldo foi muito simpático. E do alto da sua celebridade tratou os dois jovens desconhecidos muito bem. Apresentamos o projeto de um “Álbum do bebê”, utilizando os personagens da turma do Pererê, personagem desenhado por ele. Ziraldo achou ótimo, conversamos bastante e então pedimos o almoço. Ou melhor, o Lima e eu, apavorados com os preços, optamos pela saladinha mais barata.

O Ouro Verde Hotel, na Avenida Atlântica em Copacabana, palco de um célebre encontro com Ziraldo

O resumo desta história é o seguinte: o papo foi sensacional, comemos, bebemos, até que chegou a conta. Para os nossos modestíssimos recursos, era um valor astronômico. O Lima e eu nos preparávamos para rachar o prejuízo quando o Ziraldo magnanimamente disse: “Não! Esta conta é comigo!!”. O imenso alívio que tomou conta de nós, no entanto, durou pouco. Ele começou a apalpar os bolsos insistentemente até que disse: “Xiiiiii! Acho que esqueci a carteira em casa… então paguem vocês”.

Íamos ficar mais uma semana no Rio de Janeiro, curtindo as lendárias noites do Baixo Leblon, no “Luna Bar”, “Diagonal”, Pizzaria Guanabara” etc. Mas no outro dia, na madrugada, contrariando nossos planos, estávamos já na estrada. Depois de pago o almoço do Ouro Verde, mal sobrou para alguns sanduíches e a gasolina da viagem. As aventuras no Baixo Leblon ficariam para uma próxima oportunidade.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o trigésimo segundo post da Série “Era uma vez… uma editora“.