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Amazon e Google Play agora no Brasil

A Amazon chegou ao Brasil. A gigante de Seattle abriu sua loja online na internet brasileira a partir das 00h20 desta quinta-feira e, em www.amazon.com.br, já é possível comprar Kindles e e-books.

Entre os livros digitais mais vendidos, está Um lugar na janela, mais recente lançamento de Martha Medeiros pela L&PM Editores.

"Um lugar na janela" já está entre os mais vendidos da Amazon

Os livros de Martha Medeiros também aparecem em um banner da Amazon dedicado aos autores brasileiros

A L&PM, que faz parte da DLD – Distribuidora de Livros Digitais – já está com todo o seu catálogo de livros digitais disponível na Amazon. São 464 títulos de todos os gêneros.

Um pouco antes da Amazon brasileira entrar no ar, outra gigante também deu a partida para a venda de e-books em território nacional. Às 00:05 da mesma quinta-feira, a Google Play, loja do Google, começou suas operações. E Um lugar na janela também está lá em destaque.

"Um lugar na janela" também em destaque na Google Play

Com as novas opções para vendas de livros digitais, somadas a Apple Store que também chegou há pouco tempo, a expectativa é que os e-books decolem no país. Só a L&PM, como já falamos, tem um amplo catálogo que não para de crescer.

Catálogo L&PM e-books chega a 400 títulos

A boa notícia de final de ano é essa: estamos chegando aos 400 títulos em e-book e, no início de janeiro, o catálogo de livros digitais da L&PM já terá ultrapassado esta marca. São opções dos mais variados gêneros e autores para todos os gostos que incluem Jack KerouacBukowski, Balzac, Nietzsche, Moacyr Scliar, Millôr Fernandes, Jane Austen, Agatha Christie, Georges Simenon, Patricia Highsmith, Caio Fernando Abreu, Eduardo GaleanoMartha Medeiros, entre muitos outros. Há romances, contos, poesia, ensaios, quadrinhos. 

A distribuição dos e-books L&PM é feita pela DLD (Distribuidora de Livros Digitais), que é administrada por um grupo que reúne as editoras Record, Objetiva, Sextante, Rocco, Planeta e, claro, L&PM. A DLD possui acordo operacional como as livrarias Saraiva, Cultura, Curitiba e com os portais Positivo, Abril e Copia. Ou seja: basta clicar aqui, escolher entre estas centenas de opções, entrar no site das livrarias e… feliz download 2012!

24. E-books: vanguarda “avant la lettre”

Por Ivan Pinheiro Machado*

No ano de 1999, virada de século, falava-se muito em fim do mundo e, creia, em e-books. Os jornais noticiavam insistentemente e as feiras dedicavam espaços generosos à nova tecnologia. Afinal, o livro seria o produto ideal para transações via internet. Paga-se e pronto: o download é feito imediata e rapidamente no suporte escolhido. Influenciados pela mídia que exaltava o “novo livro”, resolvemos fazer aquela que seria a primeira “editora digital” do país. Conversamos com o editor e especialista em questões digitais Sérgio Lüdtke que recém tinha vendido sua participação na editora Artes e Ofícios em Porto Alegre. O resultado desta conversa foi a criação de uma empresa chamada “Digibook”, onde a L&PM entraria com os arquivos digitais de seus livros e Sérgio daria o suporte tecnológico para operarmos online. Trabalhamos durante uns seis meses nesta novidade. Digitalizamos 200 títulos, enquanto o Sérgio tentava desenvolver uma interface para ser instalada nos computadores. Através desta interface, seria feito o download do livro.

Apesar de termos trabalhado muito, nossa Digibook não decolou. Acabamos ficando no meio do caminho por falta de solução a várias questões técnicas. Enquanto isso, a mídia foi silenciando, silenciando, até que, lá pelos idos de 2002, ninguém mais falava em “livro digital”. Nem aqui, nem nas grandes feiras de livro, como Frankfurt e Londres. Nós arquivamos a nossa Digibook e seus 200 títulos num CD e seguimos tocando a vida. Depois da “bolha” de desinteresse que durou uns cinco anos, o tema e-book voltou à tona no Brasil. Enquanto os Estados Unidos rapidamente criavam um mercado importante, por aqui, o assunto engatinhava. Somente a partir de 2009 os editores se mobilizaram. Hoje, começa a haver uma oferta importante de títulos. Surfando na onda dos iPads, o mercado brasileiro dá seus primeiros passos rumo ao futuro. Para termos um mercado de livros digitais, precisamos ter o suporte ou, os e-readers, aparelhos nos quais o público lerá os livros digitais. E a venda de leitores tem crescido exponencialmente no Brasil, embalada pela febre dos tablets.

12 anos nos separam do nosso projeto pré-histórico. A Digibook acabou indo parar naquele velho CD, no fundo de alguma gaveta. Mas o mundo não acabou – ao contrário, evoluiu – e a L&PM sobreviveu à virada do século, criando a maior coleção de livros de bolso do país e já está disponibilizando mais de 150 títulos digitais nos sites das livrarias Saraiva e Cultura. Enquanto isso, o nosso parceiro Sérgio Lüdtke tem tido uma brilhante carreira como jornalista e expert em mídias digitais. Hoje, ele edita a revista Época nas versões online e para Ipad. Só não vingou como futurólogo. Indagado pelo jornal de negócios “Gazeta Mercantil” sobre o futuro dos e-books (era o ano de 1999) ele declarou “vocês verão, no Natal de 2001 todo mundo vai ganhar um e-book de presente”…

A L&PM e o livro digital

A partir de hoje, dia 19 de abril, a L&PM Editores inicia de forma profissional a sua entrada no mundo dos livros digitais. Distribuídos pela DLD (Distribuidora de Livros Digitais), ele já estão disponíveis para o grande público em nosso catálogo. O objetivo é disponibilizar mais de 400 títulos até o fim do ano e 1.000 títulos até o final de 2012.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o vigésimo quarto post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Digressões de uma amante de livrarias físicas ou Uma nova forma de vender livros

Por Caroline Chang*

Começou mal a minha última viagem a San Francisco, uns dez dias atrás: nosso hotel ficava perto da Union Square e, a fim de reconhecer o terreno, para lá nos tocamos. Grandes butiques de marcas caras espalhadas ao redor da praça e, numa das esquinas, uma grande loja da Borders, em cujas vitrines faixas e cartazes anunciavam: “Closing sale”, “Everything must go”. A gigantesca rede de livrarias americanas, que já teve 1.329 estabelecimentos no país, há algumas semanas pediu falência e mesmo antes disso já vinha fechando filiais. Eu e meu marido, que trabalhou décadas no mercado editorial e teve sua própria editora, resolvemos entrar e pagar nossos respeitosos tributos à moribunda livraria. Por “everything” era isso mesmo o que eles queriam dizer: até mesmo apetrechos de cozinha outrora usados na cafeteria estavam à venda (pratos, canecas, medidores, etc). O desconto para alguns livros chegava a 60% sobre o preço normal. Um sentimento meio irracional tomou conta de mim e saí à cata de algum título que me interessasse, como que a transmitir meus pêsames ao familiar enlutado de alguém há pouco falecido. Percorri duas, três vezes as prateleiras de ficção, e a verdade é que havia muito pouca coisa sendo oferecida. Alguns livros do Dickens (que eu já tinha) e Jane Austen (idem) misturados com mancheias de romances comerciais de gosto duvidoso. Quando me dei conta de que o setor de FICÇÃO não contava sequer com uma subdivisão do tipo “Literatura de língua inglesa” e “Literatura estrangeira”, me ocorreu: talvez aquela livraria merecesse fechar, mesmo.

Para não dizer que não comprei nada, adquiri uma edição de bolso de Winesburg, Ohio, do Sherwood Anderson, por US$ 3,57.

A Border e suas ofertas / Foto: Sérgio Ludke

Dois ou três dias depois estávamos nós em North Beach, que vem a ser o bairro de imigração italiana de Frisco cujo ponto alto, para mim, foi a City Lights, livraria e sede da editora de mesmo nome de Lawrence Ferlinghetti (empresário, poeta e remanescente da geração beat que há pouco completou 92 anos e mora em cima do estabelecimento – que não tem filiais). Foi lá que Ginsberg fez a leitura do seu poema “Uivo”, publicado em 1956 pela City Lights no volume Howl and Other Poems (cuja edição brasileira, em tradução do Cláudio Willer, a L&PM Editores tem a honra de publicar). Eu achava que conhecia a City Lights da outra vez em que estivera na cidade, mas me enganara: eu jamais teria esquecido se tivesse ido àquela livraria.

Os cartazes escritos à mão são outro diferencial da City Lights / Foto: Caroline Chang

O lugar, por si só, já é fascinante e aconchegante: três andares de corredores estreitos, pé-direito alto e simpáticos cartazes humanistas ao estilo contra-tudo-isso-que-está-aí, como “People are not corporations”. Mas a cereja no sundae é a seleção de livros. Havia uma subdivisão de literatura européia! E parecia que de fato alguém havia… lido os livros e os estava recomendando para nós, leitores! Nada de rebotalho, apenas ótimos nomes e livros de autores desconhecidos porém provocadores. Num espaço várias vezes menor do que qualquer livraria de rede americana, Seu Ferlinghetti e equipe conseguem oferecer uma quantidade muitas vezes maior de boas e instigantes opções de leitura. Na City Lights, é claro, o exercício foi o contrário: tive que me segurar para não sair de lá com duas sacolas cheias. Comprei só dois livros: Merchants of Culture: The Publishing Business in the Twenty-First Century, de John B. Thompson (Polity Press, 2010) e The New York Stories of Henry James, com seleção e introdução de Colm Tóibín. E um bumper sticker da City Lights, pois já estou na idade em que a pessoa se torna carente de heróis.

Tudo convida à leitura na City Lights / Foto: Caroline Chang

Breve, a L&PM começará a vender seus e-books (e-Pub) por meio da Distribuidora de Livros Digitais. E-books de títulos clássicos e contemporâneos, como romances da Agatha Christie, Jack Kerouac e livros de crônicas da Martha Medeiros serão oferecidos ao leitor primeiramente no site das livrarias Saraiva, posteriormente em sites de outras lojas.

É só um primeiro passo, claro, que apenas pode ser dado após muitos meses de trabalho. Será que no futuro difuso as livrarias “em papel” vão acabar? Espero que não, pois sou do tipo que gosta de sobrecarregar sua mala com brochuras. Mas sei que o que eu, individualmente, gosto ou deixo de gostar não vai ter peso no desenrolar das coisas, no grande esquema da história. Ecoando o Hobsbawm, serão tempos interessantes para os leitores. Que venham.

PS – Enquanto o difuso futuro ainda não tomou inteiramente parte do presente, aproveitemos as nossas boas livrarias. Blog imperdível para quem gosta de conhecer os melhores estabelecimentos do tipo em todo o mundo: http://www.bookstoreguide.org/

PS2 – A quem interessar possa, a L&PM Editores também tem a honra de publicar Um parque de diversões da cabeça, do Ferlinghetti (long live!), em tradução de Eduardo Bueno e Leonardo Fróes.

*Jornalista e Editora da L&PM