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Antigo presídio em que Oscar Wilde escreveu “De Profundis” vira centro cultural

Em 20 de novembro de 1895, seis meses depois de ter sido condenado por atentado ao pudor e homossexualismo – e de ter passado pelos presídios de Pentonville e  Wandsworth -, o escritor Oscar Wilde foi transferido para a prisão de Reading, onde recebeu o número de matrícula C.3.3. Foi lá que o autor de O retrato de Dorian Gray testemunhou o enforcamento do soldado Charles Thomas Woolridge pelo assassinato de sua esposa, o que o inspirou a escrever “A balada da prisão Reading”. No ano seguinte, iniciaria a obra De Profundis, seus escritos de cárcere.

Este ano, depois de permanecer fechada por um bom tempo, foi anunciada que a antiga prisão Reading seria transformada em espaço cultural. E assim, em setembro, uma exposição foi inaugurada com a participação de artistas, escritores e ex-prisioneiros, intitulada “Inside: Artist and Writers in Reading Prison“.

Oscar Wilde Reading Prison expo

A mostra tem como uma dos focos a obra de Wilde e a leitura de De Profundis por vários artistas, entre eles a cantora Patti Smith. Ela ficará aberta ao público até 4 de dezembro (para mais informações e localização clique aqui). No vídeo abaixo é possível ver um trecho da leitura de Patti Smith:

Uma das tragédias da vida em prisão é que ela transforma o coração de um homem em pedra. O afeto, como todos os outros sentimentos, necessita ser alimentado. Eles morrem facilmente de inanição. Uma carta breve, quatro vezes por ano, não é suficiente para manter vivos os sentimentos mais suaves e humanos através dos quais, em última análise, a natureza é mantida sensível às influências boas ou belas, as quais podem curar uma vida desgraçada e em ruínas. (Trecho de De profundis, Coleção L&PM Pocket, tradução de Júlia Tettamanzy)

O nascimento de Oscar Wilde

A criança que nasceu no dia 16 de outubro de 1854 em Dublin, na Westland Row, número 21, e que o mundo logo iria conhecer como o glorioso Oscar Wilde – tanto por seu gênio literário quanto por suas aventuras mundanas – tinha inicialmente um nome com consonâncias ainda mais prestigiosas: Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde. Pois foi assim que seus pais, William Robert Wilde e Jane Francesca Elgee – ambos pertencentes à antiga burguesia irlandesa protestante e fervorosos nacionalistas -, chamaram seu segundo filho, batizado com esse patrônimo pelo reverendo Ralph Wilde, seu tio paterno, em 26 de abril de 1855. De fato, tal nome de batismo traduz toda uma doutrina, enraizada num poderoso contexto histórico. Oscar, na mitologia céltica, é o filho de Ossian, rei de Morven, na Escócia; enquanto Fingal, irmão de Ossian, é um herói do folclore irlândes. (Trecho inicial de Oscar Wilde, Série Biografias L&PM)

De todos os dândis que encantaram a sofisticada sociedade londrina do final do século XIX, o mais brilhante e luminoso foi sem dúvida Oscar Wilde. Célebre, respeitado, Wilde viveu o ano de 1895 como o grande autor de O retrato de Dorian Gray (1891) e de três peças que faziam sucesso no momento: O leque de Lady Windermere, Um marido ideal e A importância de ser prudente. Neste mesmo ano, acusado de crimes de natureza sexual, foi processado pela família de Lord Alfred Douglas, um jovem aristocrata por quem se apaixonou e com quem compartilhou um excêntrico estilo de vida. Condenado, sua vida mudou radicalmente e o talentoso escritor viu-se encarcerado por dois anos com trabalhos forçados que consumiram sua saúde e fulminaram sua reputação. Na prisão, produziu, entre outros escritos, De profundis, o clássico anarquista, A alma do homem sob o socialismo e a célebre Balada do cárcere de Reading. Cumprida a pena, decidiu exilar-se em Paris em 1898 onde morreu em 30 de novembro de 1900.

Nanini estreia peça inspirada em Wilde

Em 1895, Oscar Wilde foi preso e obrigado a realizar trabalhos forçados, acusado de sodomia e outros “crimes sexuais”, pelo marquês de Queensberry, pai de Lord Alfred Douglas Bosie, na época namorado do escritor. A partir do dia 29 de agosto, a prisão de Wilde – descrita em detalhes no livro De Profundis – volta como pano de fundo de uma peça estrelada por Marco Nanini. “Beije minha lápide” é o nome do espetáculo que inicia sua temporada no Centro Cultural Correios no Rio de Janeiro.

No cenário, uma grande redoma de vidro fará referência à verdadeira lápide de Oscar Wilde – que precisou ser isolada porque, de tanto receber beijos, estava sendo corroída pela acidez das salivas. Bala, o personagem fictício vivido por Nanini é um dos fãs revoltados com essa redoma e, por ter quebrado a barreira, acabou na prisão. E é encarcerado nessa caixa de vidro que a história de Bala confunde-se com a de Wilde.

Marco Nanini é um profundo admirador da obra do autor de O retrato de Dorian Gray e em entrevista ao jornal O Estadão afirmou que sempre ambicionou levar Oscar Wilde ao teatro, mas que jamais quis adaptar algum de seus trabalhos ou mesmo interpretar o escritor. “Eu queria algo que traduzisse a sua essência.”

O roteiro da peça é de Jô Bilac, a direção de Bel Garcia e a cenografia de Daniela Thomas. No elenco, estão também Carolina Pismel, Júlia Marini e Paulo Verling que vivem as únicas pessoas com quem Bala tem contato: sua filha, o carcereiro e uma advogada.

O texto traz diversas passagens das obras de Wilde.

Marco Nanini passa a peça inteira dentro de uma redoma de vidro. Foto: Dani Dacorso (Jornal o Globo)

Marco Nanini passa a peça inteira dentro de uma redoma de vidro. Foto: Dani Dacorso (Jornal o Globo)

Serviço — “Beije minha lápide”

Onde: Centro Cultural Correios — Rua Visconde de Itaboraí, nº 20 (2253-1580)

Quando: De 29/08  a 5/10. Sex a dom, às 19h

Quanto: R$ 20,00

Classificação: 16 anos

19 de maio de 1897: Oscar Wilde sai da prisão e vai para o exílio

Dois anos depois de ser preso por atentado ao pudor, Oscar Wilde sai da prisão. A acusação que o levou à condenação ao cárcere com trabalhos forçados foi feita pelo marquês de Queensberry, pai de Bosie, na época namorado do escritor. O livro “Oscar Wilde“, de Daniel Salvatore Schiffer, Série Biografias L&PM, conta como foi este 19 de maio de 1897 na vida do autor de O retrato de Dorian Gray:   

Ao chegar à capital inglesa, desceu numa discreta estação do subúrbio, Westbourne Park, onde um segundo carro o esperava para levá-lo ao presídio de Pentonville, onde passou sua última noite preso. Foi nesse lugar, o mais maldito de todos, onde ele se matava a fazer rodar o terrível moinho de disciplina, que os mesmos guardas que o receberam no dia seguinte de seu processo entregaram-lhe agora, prontamente, seus objetos pessoais e suas roupas que ele deixara lá, dois anos antes, no início de seu encarceramento. Na manhã seguinte, as seis e quinze do dia 19 de maio de 1897, as portas lhe foram afinal abertas. Wilde estava definitivamente livre!

À sua saída da prisão o esperavam, numa carruagem, More Adey e Stewart Headlam, aquele pastor que se oferecera para pagar metade de sua fiança. O encontro foi tão caloroso quanto comovente. Então, o carro dirigiu-se diretamente para a residência de Headlam, na Upper Bedford Place, 31, no bairro de Bloomsbury, onde Wilde mergulhou de imediato num banho quente, trocou de roupas e tomou um farto desjejum. Os Leverson vieram reunir-se a ele, na mesma manhã, assim que se instalou na casa do reverendo. Eis como Ada se lembra, muitos anos depois, desse instante em que Wilde, que não perdera nada de sua verve nem de sua galanteria, reapareceu rependinamente diante dela, como se voltasse de uma longa viagem, com seu garbo habitual:

Ele entrou falando, rindo, fumando um cigarro, com os cabelos ao vento, uma flor na lapela e o aspecto nitidamente melhor, mais esbelto e mais jovem do que dois anos antes. Suas primeiras palavras foram: “Sphinx, como é maravilhoso que tenha sabido exatamente que chapéu convinha usar às sete da manhã para receber um amigo ao fim de sua ausência”! […] Manteve por algum tempo uma conversa leve, depois escreveu uma carta e mandou-a entregar de carruagem num monastério vizinho, perguntando se poderia fazer um retiro ali durante ses meses. […] Não poderiam aceitá-lo nesse monastério sob um impulso de momento. […] Na realidade, recusaram-no. Então, ele desabou soluçando amargamente.

(…)

Rejeitado agora por toda parte, incluindo as instituições que se pretendiam mais caridosas, e também repudiado pela maior parte de seus colegas, inclusive espíritos tão subversivos quanto Whistler ou Pater, e portanto irrevogavelmente banido da sociedade, Wilde deixou naquele mesmo dia a Inglaterra, que não reveria nunca mais, para se refugiar na França, onde morreria três anos mais tarde na mais completa miséria. De suas primeiras e dramáticas horas de viagem para esse exílio definitivo, mais do que uma liberdade ilusória, foi Robert Ross quem fez o relato mais fiel e mais comovente:

Como o vapor entrava deslizando no porto, a alta silhueta de Wilde, que dominava os outros passageiros, foi-nos facilmente reconhecível, do grande Crucifixo do cais onde estávamos empoleirados. Aquele ponto de referência tinha para nós um alcance simbólico impressionante. Precipitamo-nos imediatamente para o pontilhão: Wilde nos reconheceu, fez-nos um sinal com a mão e seus lábios delinearam um sorriso. Seu rosto perdera a rudeza e ele recobrara o aspecto que devia ter em Oxford, nos tempos em que eu ainda não o conhecia e que não vimos mais nele a não ser em seu leito de morte. Muitas pessoas, mesmo seus amigos, achavam sua aparência quase repulsiva, mas a parte superior de seu rosto era extraordinariamente inteligente e bela. Tivemos que esperar o fim das irritantes formalidades de praxe; então, com essa singular cadência pesada que nunca vi em outra pessoa, Wilde desceu majestosamente a rampa. Ele segurava entre as mãos um grande envelope lacrado. “Eis, meu caro Robbie, o importante manuscrito cujo conteúdo você conhece.” […] O manuscrito era evidentemente De profundis 

Oscar_wilde_1890

A sofrida prisão de Oscar Wilde

Restava-lhe apenas um pouco mais de cinco anos de vida quando Wilde, aos quarenta anos, foi encarcerado, em 28 de maio de 1895, na prisão de Pentoville. Muito mais severa do que as de Holloway e Newgate, ela fora especialmente concebida para os forçados mais indisciplinados. Logo ao chegar a esse pedaço de inferno na Terra, o novo detento foi obrigado a se submeter às formalidades usuais, humilhado e como se já tivesse levado alguma advertência. Teve que se despir completamente, entregar suas roupas e objetos pessoais a um guarda e deixar-se auscultar, nu como um verme, até as partes mais íntimas de seu corpo. (…) Rasparam-lhe os cabelos, como a um vulgar galeriano, e obrigaram-no a tomar banho numa água gelada e turva. Enfim, vergonha suprema, entregaram-lhe seu medonho uniforme de prisioneiro – o famigerado pijama listrado – antes de levá-lo, com algemas nos punhos e ferros nos pés, para uma cela exígua e sem janelas onde imperava, sendo destituída de qualquer arejamento, um odor pestilento. (…) Quanto à comida, era particularmente nojenta: um mingau de aveia ralo, semelhante ao que se dava a cavalos de tração, acompanhado de um pedaço de pão preto. Esse inacreditável estado de decadência é evocado por Wilde em De profundis. (…) Nem ao menos se dignaram informá-lo da publicação em forma de livro, em 30 de maio de 1895, de sua obra A alma do homem sob o socialismo.

Trecho de Oscar Wilde, Série Biografias L&PM.

50. Quando a L&PM foi parar no “Olho da Rua”

Em outubro, como já anunciado, a Série “Era uma vez… uma editora” ficou um pouco diferente. Este mês, como o editor Ivan Pinheiro Machado* estava na Feira de Frankfurt, ficou decidido que os posts seriam dedicados a livros que deixaram saudades. Hoje, no entanto, no lugar de um título, resolvemos falar de uma coleção inteira. A ideia de contar a história da Coleção “Olho da Rua” surgiu de uma conversa com o escritor Eduardo Bueno (que alguns chamam de Peninha) que, nos anos 80, criou esta série de livros marginais, como ele mesmo definiu.

A Coleção “Olho da Rua” começou quando Eduardo convidou Antonio Bivar para (re)publicar o seu livro Verdes Vales do Fim do Mundo, que já estava há tempo fora de catálogo. Bivar era co-tradutor, junto com Bueno, da primeira versão da tradução de On the Road. O plano era, a partir deste livro, dar início a uma versão brasileira da Coleção “Rebeldes e Malditos”, criada por Ivan Pinheiro Machado e que, em 1984, já publicava, entre outros, Cartas a Théo de Van Gogh, De Profundis, de Oscar Wilde, Paraísos Artificiais, de Charles de Baudelaire e A correspondência de Arthur Rimbaud.

A edição de "Verdes Vales do Fim do Mundo" de 1984, depois relançada na Coleção L&PM POCKET

“A seguir, convidei Jorge Mautner, Roberto Piva, Pepe Escobar, Reinaldo Moraes e outros malucos para se juntarem ao bando. Precisávamos de um nome para a coleção, que soasse rebelde e maldito o suficiente. Da conversa com o Bivar surgiu o nome “Olho da Rua”, já que vários deles tinham a vivência plena das calçadas e das sarjetas, nunca foram de circular muito pelas avenidas principais e já haviam sido orgulhosamente postos no olho da rua várias vezes. Além de tudo, o “olhar” deles era o olhar típico dos escritores que não produziam seus livros “de pantufas no gabinete, com a lareira acesa e um gato ronronando”. Aí, eu e Ivan achamos o nome não apenas adequado como ótimo. E a coleção saiu. Ela era quase uma “resposta” à Cantadas Literárias, lançada pouco antes pela editora Brasiliense. Resposta não é bem o caso: era complementar a ela e seguia a tendência de editar “marginais”, que a L&PM já fazia tanto na “Rebeldes e Malditos” como na Coleção “Alma Beat”. Era o inicio dos anos 80, o país vivia grande efervescência, todo mundo ansiava pela abertura e pela volta das “liberdades democráticas” e então a “Olho da Rua” veio para resgatar textos já publicados e/ou censurados e também livros inéditos (como “Speedball” de Pepe Escobar e “Abacaxi”, de Reinaldo Moraes).” Conta Eduardo Bueno.

A “Olho da Rua” acabou não ficando só nos brasileiros. Foi nela que, pela primeira vez, Sam Shepard foi publicado no Brasil com o livro Louco para Amar. E também Gasolina e Lady Vestal, de Gregory Corso, De repente, acidentes de Carl Solomon, 7 Dias na Nicarágua Libre, de Lawrence Ferlinghetti, A queda da América, de Allen Ginsberg, Luna Caliente de Mempo Giardinelli e Isadora – fragmentos autobiográficos, de Isadora Duncan.

Alguns dos livros que inicialmente sairam na “Olho da Rua” acabaram sendo relançados na Coleção L&PM POCKET. Como Verdes Vales do Fim do Mundo, por exemplo.

* Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quinquagésimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Autor de hoje: Oscar Wilde

Dublin, Irlanda, 1854 – † Paris, França, 1900

De família abastada, estudou em Oxford, onde liderou um movimento cultural que propunha o hedonismo extremado. O retrato de Dorian Gray, seu único romance, que possui inúmeras traduções em dezenas de línguas, desde o seu lançamento provocou reações simultâneas de ira e de admiração. Wilde também escreveu narrativas curtas, poemas e peças teatrais, sendo considerado o renovador da dramaturgia vitoriana. Em seus textos, critica a sociedade da época, marcada pelo preconceito e pelo apego às convenções. Sua obra caracteriza-se pela concisão verbal e pela elegância do estilo, veiculando uma visão de mundo amarga e crítica. Embora, no início de sua carreira, agisse como um dândi, devido ao comportamento extravagante e à prática da arte pela arte, seu talento superou os obstáculos e sua obra permanece como representativa da melhor literatura da passagem do século XIX para o século XX.

Obras principais: O príncipe feliz e outros contos, 1888; O retrato de Dorian Gray, 1891; A importância de ser prudente, 1895; A balada do cárcere de Reading, 1898; De profundis, 1905

OSCAR WILDE por Vicente Saldanha

Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde é um autor normalmente associado a discussões estéticas e temas polêmicos. Sua vida e sua obra se entrelaçam e nos remetem a alguns aspectos importantes da Inglaterra vitoriana. Iniciou sua carreira literária com poemas de inspiração clássica e sobre temas variados. Um deles, “Ravenna”, recebeu um importante prêmio literário. Nele o poeta canta suas impressões sobre a famosa cidade italiana em versos decassílabos com rimas emparelhadas. Em seguida, lançou O príncipe feliz e outros contos. Trata-se de uma coleção de contos de fadas, originalmente escritos para seus filhos, em linguagem elegantemente simples e atmosfera charmosa. Um bom começo para quem pretende iniciar-se na sua obra em prosa. Também merecem destaque outros contos, como “O fantasma de Canterville” e “A esfinge sem segredos”. Com o romance O retrato de Dorian Gray, Wilde afirmou sua filiação ao movimento estético da “arte pela arte”, segundo o qual a arte seria auto-suficiente e não necessitaria servir a nenhum propósito moral ou político. É emblemático, nesse sentido, o prefácio da obra, composto de aforismos sobre a natureza da arte e da criação literária. A narrativa, em si, é uma fábula moderna que discute valores morais e estéticos da era vitoriana em uma tentativa de sobrepor-se à tendência moralizante das obras de ficção da época. Além da poesia e da ficção, a obra teatral do escritor merece destaque. Entre suas peças, a mais conhecida é A importância de ser prudente. Trata-se de uma comédia de erros em que os personagens exprimem opiniões cáusticas sobre temas variados como arte, casamento e crítica literária.

O sucesso teatral do autor, porém, não durou muito. Seu envolvimento amoroso com lorde Alfred Douglas, um jovem aristocrata, desencadeou um longo e penoso processo criminal que levou à condenação do escritor a trabalhos forçados. De sua experiência na prisão resultou A balada do cárcere de Reading. O poema trata de um condenado à forca e das impressões de Wilde acerca do cárcere. O ritmo elegante e tristemente musical do texto, juntamente com as rimas nos versos pares, acentua a atmosfera opressiva e soturna da prisão. Mais tarde, Wilde escreveu De Profundis, uma longa carta dirigida a Alfred Douglas, que se tornou uma espécie de réquiem do tumultuado relacionamento e do próprio Wilde. Hoje, passado mais de um século de sua morte, Oscar Wilde ainda é um autor que merece ser lido e apreciado. A leitura de seu romance, de seus contos, poemas e peças, além de propiciar uma viagem no tempo de volta à Inglaterra vitoriana, encanta pela elegância de suas palavras, pela espirituosidade, pela expressão de idéias anticonvencionais e por uma sensibilidade acentuada.

Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

110 anos sem Oscar Wilde

Obituário original publicado no The New York Times em 01 de dezembro de 1900

No dia 01 de dezembro de 1900, o The New York Times publicou o seguinte obituário: MORTE DE OSCAR WILDE; Ele terminou em um obscuro hotel no Quartier Latin em Paris. Disseram que teria morrido de meningite, mas há um boato de que cometeu suicídio.” O anúncio de falecimento comunica que o escritor morreu às três da tarde do dia 30 de novembro e que teria vivido os últimos meses sob o nome de Manmoth. Terminava assim a vida de Oscar Fingal O´Flahertie Wills Wilde, nascido na cidade inglesa de Dublin em 1854. Depois de ser celebrado pela autoria de O retrato de Dorian Gray, de 1891, e de mais uma série de peças de sucesso, sua vida mudou ao ser  acusado e processado pela família de Lord Alfred Douglas, um jovem aristocrata por quem Wilde se apaixonou e com quem compartilhou um excêntrico estilo de vida. Condenado a trabalhos forçados que consumiram sua saúde e sua reputação, Oscar Wilde exilou-se em Paris. É lá que, hoje, ainda é possível visitar a casa onde o escritor inglês viveu seus últimos anos e também o seu mausoléu, no cemitério Père Lachaise, famoso pelas marcas de batons ali deixadas.

No início de 2011, a L&PM publicará a vida de Oscar Wilde na Série Biografias.

Túmulo de Oscar Wilde em Paris é repleto de marcas de batons de fãs

De Oscar Wilde, além de O retrato de Dorian Gray, a Coleção L&PM POCKET publica O Fantasma de Canterville, De Profundis e A alma do homem sob o socialismo .