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Itália recupera carta em que Colombo anuncia a descoberta do ‘Novo Mundo’

As autoridades italianas apresentaram nesta quarta-feira em Roma uma carta escrita por Cristóvão Colombo em 1493, roubada de uma biblioteca de Florença e vendida nos Estados Unidos, na qual anunciava a descoberta de um “Novo Mundo”, um documento excepcional e de imenso valor histórico.

O documento foi recuperado após uma complexa operação coordenada pelos Carabineiros para a Tutela do Patrimônio Cultural, um órgão especializado que defende seu imenso patrimônio histórico, e que envolveu especialistas, historiadores, diplomatas e autoridades de vários países.

O precioso documento, de acordo com os pesquisadores, foi vendido em 1992 nos Estados Unidos em um leilão e adquirido por um fundo privado que o doou para a Biblioteca do Congresso americano, que acabou por devolvê-lo para a Itália.

“Em 1992, a carta original pertencente à Biblioteca Riccardiana de Florença, de valor estimado em cerca de um milhão de euros, foi vendida por uma casa de leilões a um particular que a doou para o Congresso dos Estados Unidos”, explicou em uma coletiva de imprensa o comandante dos carabineiros Mariano Mossa.

“Esta importante carta de Colombo relata a descoberta de um Novo Mundo e era dirigida aos reis da Espanha e impressa em 1493 em Roma. Ela foi roubada em uma época indeterminada da biblioteca Riccardiana de Florença, e agora retorna para fazer parte do nosso patrimônio”, declarou satisfeito.

O anúncio contou com a presença do ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini, e do embaixador dos Estados Unidos, John R. Phillips.

“É a história de um roubo muito sofisticado. Foram realizados muitos estudos e verificações. E por anos não se sabia que havia duas cópias do documento original”, disse Franceschini.

A “viagem” incomum entre os dois continentes da valiosa carta serve não só para denunciar o tráfico milionário de obras de arte e livros históricos, mas também constitui um exemplo de colaboração entre a Itália e os Estados Unidos.

A carta original escrita em espanhol foi perdida, enquanto as cópias traduzidas semanas mais tarde em latim e impressas em 1493 por Stephan Plannck foram assinadas pelo próprio Colombo, que havia promovido sua publicação como uma maneira de proteger seus interesses.

O documento retornará à biblioteca Riccardiana de Florença após quatro anos de investigações na sequência de uma denúncia apresentada pelo diretor da Biblioteca Nacional de Roma, de onde foram roubados diversos volumes de livros antigos que estavam sendo classificados.

“É um ato simbólico que sela a amizade entre a Itália e os Estados Unidos”, disse o embaixador Phillips.

A descoberta da América, tornada pública em 1493 por cartas, das quais foram fabricadas muitos falsas, foi uma descoberta que mudou a história da humanidade e que continua a suscitar interesse.

“Nessa carta, Colombo anunciava aos reis da Espanha a descoberta do que ele acreditava ser as Índias Ocidentais, ilhas sobre o Ganges, o que na realidade era a América.

Informava sobre sua descoberta, resumia a viagem, os problemas com a bagagem e os povos encontrados, segundo o diretor da biblioteca de Florença, Silvano Stacchetti.

O objetivo era “persuadir os reis a financiar novas expedições”, acrescentou.

A carta de Colombo era preservada em Florença com um grupo de 42 cartas originais e foi substituída por uma falsificação, muito parecida com a original, que foi exibida ao público junto com a original.

* AFP

E  por falar em Cristóvão Colombo, a Coleção L&PM Pocket publica Diários da Descoberta da América com notas de Eduardo Bueno. Segundo Gabriel García Marquez, este é “o primeiro livro de realismo mágico”.

A Coleção L&PM Pocket publica o relato fascinante da descoberta do Novo Mundo

A Coleção L&PM Pocket publica o relato fascinante da descoberta do Novo Mundo

O testamento de Cristóvão Colombo

Cristóvão Colombo foi um dos maiores navegadores da história. “Todos os mares em que hoje se navega, eu o percorri” escreveu ele ao rei da Espanha em 1501. Apaixonado pela ideia de chegar ao Oriente pela rota do Oeste, venceu o desafio das lendas e navegou na direção do poente. Disposto a atingir a qualquer preço o mundo fabuloso descrito por Marco Polo, até o fim de seus dias Colombo recusou-se a admitir que havia descoberto um novo Mundo. Morreu há exatos 505 anos atrás, em 20 de maio de 1406, pobre e esquecido. Anos antes, no entanto, deixou pronto um testamento, onde cita como seus herdeiros Dom Diego e Dom Fernando, seus filhos. Abaixo, a reprodução completa deste documento, que faz parte de Diários da Descoberta da América, obra que, segundo Gabriel García Márquez, é “O primeiro livro de realismo mágico” da história.

Aos curiosos: El agua es nuestra, carajo!

Por Angélica Seguí*

A diferença entre a história real e a que você aprendeu na escola sempre é do tamanho da sua curiosidade. Aliás, curiosidade será a palavra que vai direcionar minha pesquisa para os posts que vou escrever toda sexta-feira aqui no blog da L&PM. A final, se não existissem os curiosos e os caçadores de novidades, o homem não teria descoberto o fogo, a Princesa Diana poderia estar viva e Colombo não teria chegado à América. Ah! Sim! Colombo… impossível não começar por ele. Mas, antes de prosseguir devo avisar: há aqueles que não gostam de saber a verdade. Têm medo, ou vergonha, de conhecê-la. Para estes, recomendo que parem a leitura por aqui. Aos curiosos… sigam-me os bons!

Dois amigos estão rodando um filme em terras bolivianas. Sebastián, o diretor do filme, está interessado em mostrar a verdadeira história de Cristóvão Colombo: um homem interessado no ouro e nos escravos. Mas, o produtor do filme, e também amigo íntimo de Sebastián, quer que a rodagem acabe logo, mesmo que para isso pague esmolas vergonhosas aos figurantes bolivianos. (Esta história deve parecer MUITO familiar para qualquer um que tenha contato mínimo com profissionais do cinema, não? O produtor quase sempre é o chato do set! Coitado. É muita pressão!) Paralelamente, enquanto rodam o filme, o povo da Bolívia entra em confroto com o governo e se inicia la Guerra del Agua. O motivo? Una empresa privada tomou o controle da água e cobra preços que só alguns bolivianos podem pagar. Curiosamente, Daniel, o índio que protagoniza o filme de Sebastián, é o líder da revolta popular. O produtor do filme, Costa, tenta evitar de todas as formas que Daniel se envolva na Guerra del agua, pois se o ator for preso, o filme nunca mais será finalizado. Esta é a história que serve de pano de fundo para relatar o lado pouco conhecido de Colombo, no filme español También la lluvia. Escrito pelo roteirista  Paul Laverty, e filmado em Cochabamba. O filme revisa a figura de Colombo não como um homem empreendedor e conquistador, mas como cruel governador e pioneiro da exploração do ouro na América. Exploração esta que ainda hoje teima em persistir. A “herança empreendedora” de Colombo está presente, mesmo que com outro nome, em grandes projetos que mineradoras multinacionais tem em países como Peru, Bolívia, Argentina, Brasil e, em breve, Uruguai.

Depois de ver o trailer, e ler algumas entrevistas da diretora Icíar Bollaín, é impossível não refletir acerca da curiosidade e ganância que move os grandes descobridores, os grandes nomes da história, os grandes nomes do capitalismo mundial. Impossível não pensar em “o que é bom pra você, poder não ser bom pra mim”, a velha teoria etnocentrista ou “meu umbigo é mais bonito”. Teorias utópicas à parte, só me resta dizer que a distância que separa a ganância da crueldade, provavelmente é a mesma que separa a sua cabeça das orelhas. E a crueldade nem sempre é física, violenta. Aquela que não se vê , a crueldade silenciosa e estatégica, pode ser mais dolorosa do que uma navalhada na carne.

Clique no play e veja o trailer de También la lluvia, que tem como presente um lindo, e talentoso, par de olhos verdes como protagonista (aka Gael García Bernal). A estreia mundial será no dia 7 de janeiro de 2011. Vale a pena ler as notas da diretora no site http://www.tambienlalluvia.com Por lá, Iciár relata detalhes da extensa pesquisa realizada para a elaboração do roteiro. O filme representará a España na 83ª edição do Oscar.

Começo hoje o desafio de postar semanalmente bacanices culturais aqui no blog da L&PM. O nome da série? Balaio da Angélica. E que Colombo me guia. O Colombo que conheci no colégio, of course.

* Angélica Seguí é jornalista, blogueira, curiosa e uruguaia.