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Em 30 de novembro de 1835, começava a aventura de Mark Twain

Samuel Langhorne Clemens veio ao mundo em  30 de novembro de 1835 na Flórida, mas mudou-se ainda jovem, junto com a família, para uma pequena cidade às margens do Mississipi. Virou timoneiro de barco à vapor e inspirou-se nas viagens pelas águas do grande rio para começar a escrever suas histórias. Em 1863, adotou o pseudônimo de Mark Twain, nome de origem controversa. Alguns dizem que significa “dois fantasmas”, outros que é a expressão que os timoneiros usavam para marcar a profundidade das embarcações e ainda há os que defendem que está ligada ao som do motor dos barcos (“twain, twain, twain”) ou ainda a forma de se pedir uma bebida dupla nos bares do velho oeste. Independente disso, foi com esse nome que ele entrou para a história. Twain chegou a ser a celebridade mais conhecida de sua época e é tido como o primeiro autor verdadeiramente norte-americano. Entre seus livros mais conhecidos estão O príncipe e o mendigo, As aventuras de Tom Sawyer e aquele que é considerado sua obra prima: As aventuras de Huckleberry Finn. Para comemorar o aniversário de Mark Twain, separamos aqui algumas fotos de quando ele ainda era Samuel.

Samuel Clemens aos quinze anos

Belo, jovem e apaixonado pelo Mississipi

Aos 24 anos, já timoneiro

E agora como Mark Twain, ainda jovem, mas já exibindo seu famoso bigode:

Mark_Twain_jovem

E com os cabelos brancos, sua imagem mais conhecida:

marktwain_maisvelho

O “imoral” Huckleberry Finn

capa_huckleberry_finn.indd“Quando Mark Twain era vivo, o livro [As aventuras de Huckleberry Finn] foi criticado e censurado por ser considerado imoral, em parte por causa de várias mentiras que Huck se esmera em contar para se safar de apuros. Em sua Autobiography of Mark Twain (o primeiro de três volumes foi publicado pela University of California Press em novembro de 2010 no centenário da morte do autor), essas críticas são respondidas com a verve característica do escritor: num diálogo com o funcionário de uma biblioteca da qual As aventuras de Huckleberry Finn havia sido retirado das estantes, ele desconcerta o sujeito ao afirmar que a Bíblia também deveria ser proibida por ser muito imoral e fala das passagens bíblicas que os meninos leem às escondidas, o que o próprio funcionário decerto fizera quando criança. Diante da negativa veemente de seu interlocutor, Mark Twain replica que ele está mentindo e que, portanto, deve estar lendo Huckleberry Finn e seguindo seu péssimo exemplo.”

(trecho da nota da tradutora Rosaura Eichenberg na abertura do livro As aventuras de Huckleberry Finn da Coleção L&PM Pocket)

Os livros preferidos de Hemingway

A edição de fevereiro de 1935 da Revista Esquire trazia um artigo de Ernest Hemingway no qual o escritor revelava os 17 livros que ele gostaria de ler novamente como se fosse a primeira vez. Na lista, há alguns títulos publicados pela L&PM: O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë; Madame Bovary, de Gustave Flaubert; Guerra e Paz, de Tolstói; As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain; O vermelho e o negro, de Stendhal e Os dublinenses, de James Joyce.

Hemingway na sua mesa de trabalho, cercado por seus livros favoritos

Se você deseja ter a sensação que Hemingway queria repetir – a de ler estes livros pela primeira vez – aqui está a chance de começar…

Google homenageia Mark Twain

É sempre uma bela surpresa abrir o Google e ver uma ilustração ou animação divertida feita para homenagear alguém ou lembrar um acontecimento importante. Quem acessa o buscador com frequência deve ter visto as homenagens  que foram feitas a Julio Verne, Agatha Christie, Fernando Pessoa, Jorge Luis Borges e outros tantos escritores.

Hoje é a vez de Mark Twain! Uma ilustração com seus personagens mais famosos apareceu hoje na home do buscador.

(clique para ampliar)

Mark Twain nasceu no dia 30 de novembro de 1835, há exatos 176 anos. Sobre seu romance mais famoso, As aventuras de Huckleberry Finn, o Nobel de literatura Ernest Hemingway escreveu:

“Toda a literatura americana moderna se origina de um livro escrito por Mark Twain, chamado Huckleberry Finn (…). Não havia nada antes. Não houve nada tão bom desde então.”

Quer tirar a prova da genialidade de Mark Twain? Na Coleção L&PM Pocket você encontra As aventuras de Huckleberry Finn, O príncipe e o mendigo e As aventuras de Tom Sawyer.

Autor de hoje: Mark Twain

Flórida, EUA, 1835 – † Redding, EUA, 1910

Mark Twain, pseudônimo de Samuel Langhorne Clemens, passou a infância às margens do Mississipi, entre barqueiros, missionários, aventureiros e artistas ambulantes. Subindo e descendo o rio, ouviu lendas e histórias, assim como conheceu diferentes tipos humanos e costumes da região. Com a morte do pai, em 1847, abandonou os estudos e empregou-se como aprendiz de tipógrafo. Após a Guerra Civil de 1861, atraído pela corrida do ouro, foi para a Califórnia, atuando como jornalista e escritor. Destacam-se entre seus livros As aventuras de Tom Sawyer, reconstituição da infância do autor e resposta aos livros moralistas da época, Vida no Mississipi e As aventuras de Huckleberry Finn, sua obra mais conhecida. Considerado precursor da literatura autenticamente americana, Mark Twain não se deixou influenciar pela entonação européia e escreveu no linguajar e na gíria de seu país.

Obras principais: As aventuras de Tom Sawyer, 1876; O príncipe e o mendigo, 1882; Vida no Mississipi, 1883; As aventuras de Huckleberry Finn, 1884

MARK TWAIN por Fernando Neubarth

Há uma história por trás do pseudônimo usado por Samuel Langhorne Clemens. Mark Twain é uma expressão que aprendera a usar nas suas viagens fluviais pelo Mississipi, uma medida de profundidade do rio. Para nós, interessaria medir essa profundidade? Importa é que designa o marco exato de uma linha. Do cotidiano de personagens como Tom Sawyer e Huckleberry Finn, soube mostrar o interior de um país que é também o interior de cada um. Em um relato aparentemente singelo, subjacente a aventuras infanto-juvenis, guarda mostras da hipocrisia que veste a sociedade e críticas à igreja e aos políticos. Suas histórias, a partir do sucesso do conto “A célebre rã saltadora do Condado de Calaveras”, transformaram a literatura americana, tornando-o um clássico universal.

 Ao destacar os valores humanos mais importantes, aqueles que se moldam na infância, Mark Twain deu voz ao que a América tem de melhor. Não a América imperialista, expansionista, mas uma nação que valoriza pequenas grandes histórias, lembranças da gente interiorana, dos bairros, dos subúrbios; sagas de sofrimento e superação, de diferenças étnicas, sociais e econômicas, a base do american way of life e de sua inegável, embora nem sempre verdadeira e concreta, obsessão por justiça. Assim, os relatos de Twain podem ser considerados o início de uma cultura que se difundiu nas letras e talvez ainda mais no cinema. E isso também se deve ao seu humor, muitas vezes incisivo, que provoca ainda hoje discordâncias entre os críticos. Quanto ao seu papel na literatura, Twain dizia que os grandes livros são como o vinho; os dele, como água: as pessoas tomam quando estão realmente com sede.

Voltando ao início, em tudo parece preciso, desde a escolha do pseudônimo. A marca certa, nem maior nem menor em sua profundidade. Um termo que designava duas ondas, duas medidas abaixo da superfície. Uma marca n’água. Na água de um rio que é símbolo, artéria vital de um país que influencia há muito a história do mundo. Sua vida foi trajetória de uma estrela, o espaço entre dois momentos, à semelhança de todas as nossas vidas, início e fim. No caso de Twain, o ciclo de um cometa. Ele escreveu em 1909, um tanto desesperançado, após a perda da esposa e de três dos quatro filhos: “Eu cheguei com o cometa Halley em 1835. Ele vai voltar ano que vem, e eu espero que me leve junto”. O Halley estava visível em 30 de novembro de 1835 quando Twain nasceu e também em 21 de abril de 1910 quando ele morreu. A literatura e o mundo não foram mais os mesmos depois dessa passagem.

Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

Milhares de Huckleberry Finns

O professor Thomas Wortham da Universidade da Califórnia conseguiu juntar um acervo de mais de mil peças relacionadas ao universo do livro As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Boa parte da coleção é de bonecos dos personagens principais e do próprio Mark Twain, dos modelos mais simples aos mais sofisticados:

Huck Finn by Madame Alexander

A coleção tem também posteres, cartazes, edições do livro de diversos países e línguas, canecas e objetos diversos. Para o professor Thomas, que é fã incondicional da história de Huck Finn, sua coleção é o grande testemunho da popularização do clássico escrito em 1884. Veja algumas imagens do acervo no vídeo abaixo, que traz uma entrevista com o professor Thomas Wortham:

O (verdadeiro) grande romance americano

Por Ivan Pinheiro Machado

Um dos livros que me fascinaram na juventude foi “As aventuras de Huckleberry Finn” de Mark Twain. Tinha em torno dos 15 anos e lembro de tê-lo lido em estado de verdadeira exaltação, vagarosamente, curtindo cada página. Havia a figura maravilhosa do escravo fugido Jim e de Huckleberry, conhecido simplesmente como Huck. Que personagem! Ele foi parceiro de Tom Sawyer em o célebre “As aventuras de Tom Sawyer”. Mas era tão bom personagem, que Mark Twain dedicou seu melhor livro só para ele. Desde criança eu sempre achei Huck muito melhor que o personagem Tom e tenho certeza que Tom também achava… mas isto é outra história. A verdade é que a L&PM está lançando uma primorosa edição traduzida por Rosaura Eichenberg.

Este livro tem resistido a todos os preconceitos. Na época de seu lançamento, em 1885, foi considerado imoral, pois Huck é um sobrevivente e faz de tudo para seguir vivendo. Modernamente foi fustigado pela legião dos malas do politicamente correto. Mas Huck resiste ao tempo, aos chatos e aos equivocados.

Sobre este livro, um dos maiores escritores de todos os tempos (que não resistiria à inquisição dos “politicamentecorretóides”), o prêmio Nobel Ernest Hemingway, escreveu:

Toda a literatura americana moderna se origina de um livro escrito por Mark Twain, chamado Huckleberry Finn (…). Não havia nada antes. Não houve nada tão bom desde então.”

Parece Huckleberry Finn, mas é Ernest Hemingway quando criança, pescando no Lago Michigan

As ilustrações raras de Huckleberry Finn

Durante uma faxina no antigo escritório do pai, o falecido editor de livros infantis e didáticos Anthony Beal, suas filhas encontraram a coleção completa de 37 desenhos feitos por Edward Ardizzone, um dos maiores ilustradores de livros infantis dos Estados Unidos, para o livro As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Publicadas em 1961, as ilustrações nunca mais foram vistas pelo público desde então.

As filhas de Beal resolveram compartilhar o achado e os 37 desenhos estão expostos na galeria Illustration Cupboard, em Londres. Veja alguns:

As aventuras de Huckleberry Finn é um dos próximos lançamentos da Coleção L&PM Pocket e deve chegar em breve!

Literatura em códigos

Literatura digital é a bola da vez. Em breve, os e-books L&PM já estarão disponíveis e as iniciativas independentes também não ficam para trás. O projeto books2barcodes, mantido pelo site Wonder-Tonic, transformou 12 clássicos da literatura em QRCode, uma espécie de código de barras que pode ser lido por celular. A ideia é “tornar a literatura de ontem acessível às tecnologias de hoje”. Alguns dos títulos disponíveis no books2barcodes são Alice no país das maravilhas, Sherlock Holmes, Orgulho e preconceito e Guerra e paz.

O formato alternativo, no entanto, apresenta alguns problemas como a baixa capacidade de armazenamento: cada código contém apenas de 800 caracteres, o que pode tornar a leitura um pouco trabalhosa. Os QRCodes que compõem Guerra e paz, por exemplo, se impressos, caberiam em 343 páginas formato A4. Tudo bem que os 4 volumes do clássico de Tolstoi, somados, têm 1492 páginas, mas se a ideia é inovar no formato, o resultado teria que ser, no mínimo, mais prático.

As pílulas de texto podem ser baixadas em qualquer celular com câmera fotográfica que tenha instalado um aplicativo que lê código de barras, como o RedLaser, ou ainda o Google Goggles. Não há entraves técnicos para a maioria dos smartphones, o problema realmente é a paciência para baixar o livro de 800 em 800 caracteres.

O que Mark Twain pensaria disso?

Ilustração da primeira edição do livro, em que aparecem Huck e Jim

Uma nova edição norte-americana da obra As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, vai chegar às livrarias com uma alteração no vocabulário original. Todas as 219 vezes em que a palavra “nigger” aparece foram substituídas pelo termo “slave”. A justificativa apresentada pela editora South Books é a necessidade de adaptar a história aos currículos escolares. Literalmente, “nigger” significa “negro” ou “preto”, sempre relacionado à cor de pele, o que, segundo o professor Alan Gribben – que leciona literatura na Universidade Alburn e foi quem propôs a alteração para a South Books – pode ser entendido como uma manifestação racista.

Como era de se esperar, a decisão causou polêmica. Alguns acusam a South Books de tentar “sanear” o livro ao substituir o termo original que reflete as relações sociais do século 19.

Aqui no Brasil, o lançamento da nova edição de As aventuras de Huckleberry Finn pela Coleção L&PM Pocket está previsto para março, com tradução de Rosaura Eichenberg. Segundo ela, a palavra “nigger” aparece da primeira à última página, mas em nenhum momento pode ser entendida como uma manifestação racista. Rosaura explica que, no contexto da época, usar “nigger” para se referir a pessoas de pele escura era usual e livre de carga discriminatória ou ofensiva. Na edição da L&PM, a tradutora optou por utilizar “nigger” de forma literal como “preto” ou “negro”, justamente porque, em suas pesquisas sobre o contexto social da época, o termo era livre de qualquer conotação para além da cor da pele.

“Se a necessidade é adaptar a obra aos currículos escolares, em nome da moral puritana, deveriam cortar o personagem principal, que mente todo o tempo”, brinca a tradutora. Para ela, a adaptação pode ser entendida como censura, pois priva os estudantes de conhecer a realidade social da época em que a obra foi escrita. Ela lembra ainda o ocorrido aqui no Brasil com a obra de Monteiro Lobato e questiona: “Quem virou mais racista por causa da Tia Anastácia?”

E você, o que acha disso?