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Fotos raras de Allen Ginsberg e Gregory Corso no funeral de Jack Kerouac

24 de outubro de 1969, sexta-feira. Em Lowell, Massachusetts, acontecia o funeral de Jack Kerouac. O site “The Allen Ginsberg Project” divulgou, exatamente no dia em que completou 46 anos da data, algumas fotos de Allen Ginsberg e Gregory Corso feitas por Jeff Albertson na despedida do amigo beat. O texto do site traz mais detalhes.

Allen Ginsberg junto ao caixão do amigo

Allen Ginsberg junto ao caixão do amigo

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Ginsberg entre John Clellon Holmes e Gregory Corso

Corso em primeiro plano e Ginsberg ao fundo

Corso em primeiro plano e Ginsberg ao fundo

Ginsberg chega para ajudar a carregar as flores

Ginsberg chega para ajudar a carregar as flores

Ginsberg e Corso e as flores

Ginsberg, Corso e as flores

O “Uivo” que anunciou o nascimento da Geração Beat

7 de outubro de 1955 no número 3119 da Fillmore Street em San Francisco, Califórnia. Em um galpão de oficina mecânica transformado em galeria de arte e batizado de Six Gallery, um grupo se reuniu para um evento de poesia.

A sessão começou com Philip Lamantia apresentando poemas de John Hoffman, prosseguiu com Michael McClure e seu poema de protesto contra o morticídio das baleias e, animada pelo vinho distribuído por Kerouac e seus gritos, atingiu o clímax com a leitura, por um Ginsberg já embriagado, da primeira parte de Uivo, transmitindo imediatamente aos presentes a sensação de estarem diante de uma manifestação notável. Nas palavras de [Kenneth] Rexroth, …quando Allen leu Howl, foi como se o céu caísse sobre nossas cabeças. Um efeito inimaginável. Pois, seguramente, ele dizia tudo o que aquele público desejaria ouvir, e dizia isso na linguagem deles, rompendo radicalmente com o estilo estabelecido. (Cláudio Willer, tradutor de Uivo na introdução do livro)

Foi o início de uma nova geração. A Geração Beat.

Ginsberg le uivo

I

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura,morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado na maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz,desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos (…)

A L&PM publica Uivo, Kaddish e outros poemas em dois formatos, com tradução, seleção e notas de Cláudio Willer.

No dia que marca os 60 anos da leitura de Uivo, Willer estará na Feira do Livro de São Luís, no Maranhão, participando de dois eventos:

– 18h, performance poética no Beco Catarina Mina.

– 20h, palestra “Beat Generation: a influência para além do mito”, mediada por Josoaldo Rego. Local: Café Literário, Centro de Criatividade Odylo Costa, filho.

Somos todos Peanuts!

Qual o fã de Charlie Brown e sua turma que nunca imaginou ser um dos personagens? Pois agora você pode criar a sua própria versão Peanuts.

Entre as ações para promover o filme “Snoopy & Charlie Brown – Peanuts, o filme” que estreia em 14 de janeiro no Brasil, está o lançamento do aplicativo Peanutizeme para a criação de personagens Peanuts em 3D.

No computador, tablet ou smartphone é possível escolher a cor da pele, cabelo, roupas e acessórios.

Basta acessar www.peanutizeme.com e começar a brincadeira.

Nós criamos o escritor beat Allen Ginsberg:

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Show para comemorar os 60 anos de “Howl”

Este ano marca o 60º aniversário de “Howl” (Uivo), o clássico poema de Allen Ginsberg que foi escrito em 1955 e publicado no ano seguinte. Para comemorar, o famoso produtor Hal Willner  anunciou um show beneficente com vários artistas notáveis, atores e comediantes: Courtney Love, Devendra Banhart, Broken Social Scene Kevin Drew, Van Dyke Parks, Andy Kim, Will Forte, John Mulaney, Tim Robbins, Amy Poehler, Lucinda Williams, Red Hot Chili Peppers Chad Smith, e muito mais. O evento será realizado no dia 7 de abril próximo no Hotel Ace em Los Angeles .

60AnosUivo

O panfleto do evento (acima) também menciona “convidados especiais surpresa”. Os rendimentos serão revertidos para a Fundação David Lynch que tem como objetivo ajudar aqueles que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático, através da educação e da aplicação de técnicas de Meditação Transcendental.

Ouça a Ginsberg lendo um trecho de “Howl” que é publicado pela L&PM em dois formatos e com tradução de Claudio Willer:

Os anos mais importantes da vida de Kerouac

1922 – Jack Kerouac nasce em 12 de março.

1926 – Morte do seu irmão Gerard.

1934 – Encontra a sra. Dinneen, professora de literatura, e a srta. Mansfield, bibliotecária, que o encorajam a escrever. É apaixonado pela leitura de histórias em quadrinho policiais e fantásticas.

1939 – Seu talento como jogador de futebol americano lhe permite obter uma bolsa na universidade Columbia.

1940 – Entra na universidade. Machuca a perna e não pode mais jogar. Lê o romancista Thomas Wolfe e essa leitura será determinante para sua escolha de se tornar escritor.

1941 – Aprofunda seu envolvimento com Jazz. Abandona a universidade.

1942 – Engaja-se na marinha mercante. Escreve o esboço de O mar é meu irmão (The sea is my brother).

1943 – Sai da marinha.

1944 – É apresentado a Lucien Carr e, por intermédio dele, em maio, encontra Allen Ginsberg. Em junho, conhece William Burroughs.

1946  – Morte de seu pai, Leo Kerouac, que lhe pede para cuidar da mãe Gabrielle aconteça o que acontecer. Em dezembro, Neal Cassady chega a Nova York.

1947 – Trabalha em um volumoso romance inspirado em Thomas Wolfe: Cidade pequena, cidade grande. Em julho faz sua primeira viagem de carona de Nova York a Denver.

1948 – Termina Cidade pequena, cidade grande. Atravessa os EUA de leste a oeste. Viaja pelo sul com Neal Cassady. Começa On the road.

1949 – Novas viagens com Neal Cassady pelos EUA.

1950 – Viagem ao México. Prossegue On the Road. Casa-se com Joan Haverty.

1951 – Em abril, termina On the Road.

1952 – Estadia em São Francisco, na casa dos Cassady. Ligação com Carolyn Cassady. Em fevereiro, fruto do relacionamento com Joan, nasce sua filha Janet Michelle. Escreve Visões de Cody. Na casa de Burroughs, começa O livro dos sonhos.

1953 – Escreve Os subterrâneos. Descobre o budismo.

1955 – Na cidade do México, conhece Esperanza Villanueva que dará origem ao livro Tristessa.

1956 – Entre junho e setembro trabalha como guarda florestal em Desolation Peak e começa a escrever Anjos da desolação.

1957 – Publica On the road.

1958 – Publica Os vagabundos iluminados.

1960 – Entrega-se cada vez mais ao álcool.

1961  – Última viagem ao México. Termina Anjos da Desolação e Big Sur. No outono, encontra-se pela primeira vez com a filha Janet, então com nove anos e meio.

1962 – Publica Visões de Gerard e Big Sur. Afasta-se ainda mais dos amigos dos anos 1940.

1964 – Último encontro com Neal Cassady. Sua irmã Nin morre de parada cardíaca.

1966 -Publica Satori em Paris. Casa-se com Stella Sampas.

1968 – Morte de Neal Cassady no México.

1969 – Solidão e decadência. Morre no dia 21 de outubro em consequência de uma hemorragia.

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A família Kerouac: Jack, Nin, Gabrielle e Leo

 

Famosa canção de Bob Dylan foi influenciada pelos beats

Há 50 anos, em janeiro de 1965 (mais precisamente no dia 14), Bob Dylan gravou uma das músicas mais marcantes de sua carreira: “Subterranean Homesick Blues”.

A importância da canção se deve principalmente a um vídeo – considerado o precursor do videoclipe – em que Dylan acompanha a letra da música com palavras escritas em folhas de papel. Ele foi gravado para ser o trailer do documentário “Don’t Look Back”.

Os cartazes foram escritos, entre outras pessoas, por Dylan e por Allen Ginsberg. O poeta beat aparece ao longo do vídeo, no canto esquerdo da tela, segurando um bastão e conversando.

Dylan disse que teve a influência dos escritores beats na composição da música, especialmente Jack Kerouac. Possivelmente, o título da canção é baseado em Os Subterrâneos, de Jack Kerouac.

Dylan e Ginsberg visitam Kerouac

Foi em 1975, durante uma parada da lendária turnê Rolling Thunder Revue que Bob Dylan visitou a última morada de Jack Kerouac, no Edson Cemetery, em Lowell. Foi acompanhado de Allen Ginsberg. Lá, em frente à sepultura do autor de On the Road, – que morreu em 21 de outubro de 1969 – Ginsberg leu, Dylan tocou, ambos meditaram e um vídeo foi gravado.

Allen (gesticulando em direção ao túmulo): “Então é isso que vai acontecer com você?”
Dylan: “Não, eu quero uma cova sem identificação.”

No prefácio de Pé na estrada (On the Road), o escritor Eduardo Bueno, tradutor da obra, sinaliza a importância de Kerouac para Bob Dylan:

(…) Bob Dylan fugiu de casa depois de ler On the Road. Chrissie Hynde, dos Pretenders, e Hector Babenco, de Pixote, também. Jim Morrison fundou The Doors. No alvorecer dos anos 90, o livro levou o jovem Beck a tornar-se cantor, fundindo rap e poesia beat. Jakob Dylan, filho de Bob, deixou-se fotografar ao lado da tumba de Jack em Lowell, Massachusets, como o próprio pai o fizera, vinte anos antes. Em 1992, Francis Coppola (o produtor), Gus van Sant (o diretor) e Johnny Depp (o ator) envolveram-se numa filmagem nunca concretizada do livro – e, apesar da diferença de idade, os três compartilharam o mesmo fervor reverencial pela obra. Cerca de vinte anos mais tarde, em 2011, Walter Salles e o roteirista Jose Rivera enfim conseguiram, com produção da American Zoetrope de Coppola, levar On the Road para as telas, com Garrett Hedlund, Sam Riley e Kristen Stewart, todos ainda na casa dos vinte anos de idade, nos papéis principais. (…)

Bob Dylan e Allen Ginsberg em frete à sepultura de Kerouac

Bob Dylan e Allen Ginsberg em frete à sepultura de Kerouac – © Ken Regan, 1975

“Os Rebeldes”, de Claudio Willer, na Folha

CRÍTICA: ESTUDO CONSISTENTE REAFIRMA IMPORTÂNCIA DA GERAÇÃO BEAT 

Por Ciro Pessoa – Caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo – 23/08/2014

Perguntado certa vez sobre o que achava da literatura beat, o escritor americano Truman Capote respondeu com uma frase contundente: Isso não escrita, é datilografia”.

O “Slogan”, uma crítica à prolixidade da prosa beat, tornou-se munição nas hostes daqueles que a detrataram e tentaram minimizar sua importância.

Os_rebeldesEm “Os Rebeldes – Geração Beat e Anarquismo Místico”, o poeta, tradutor e escritor Claudio Willer retoma a polêmica e afirma que a influência beat contribuiu para a abertura em sociedades contemporâneas “vencendo o descrédito promovido por críticos burocráticos e sumidades acadêmicas”.

O livro é um estudo consistente sobre o movimento iniciado nos anos 1940 e definido por um de seus principais mentores, Allen Ginsberg (1926-19997), como “um grupo de amigos que trabalharam juntos em poesia, prosa e consciência cultural”.

E não deixa dúvidas de que seus integrantes tinham um embasamento intelectual bastante apurado e sabiam muito bem o que faziam e onde queriam chegar.

Dentre as diversas abordagens que Willer faz sobre os beats – influências poéticas, origens sociológicas, loucuras, opções políticas – chama atenção aquela que tira o budismo do principal foco de religiosidade do grupo.

Segundo ele, comentaristas tendem a se fixar na relação deles com o budismo e “são deixadas de lado outras correntes, antecedentes e influências do grupo, desde os antigos gnósticos dos primeiros séculos d.C., passando pelos adeptos do Espírito Livre (seita medieval que tinha como um de seus postulados ‘nada é pecado exceto aquilo que é pensado como pecado’) até os contemporâneos”.

E é exatamente essa mescla heterogênea de culturas religiosas que recebe o nome de anarquismo místico.

Os protagonistas da narrativa de Willer são os poetas e escritores Jack Kerouac (1922 – 1969) e Ginsberg. Numa espécie de dupla biografia que corre paralela ao livro, a história da relação entre os dois é contada desde o momento que Ginsberg levou os originais do primeiro livro de Kerouac a editores que conhecia até o fim dos anos 1960.

Em seu último pronunciamento, o artigo “Depois de Mim, o Dilúvio”, de 1969, Kerouac disparou sua metralhadora giratória em direção a Ginsberg e à contracultura e negou ser “o grande pai branco e precursor intelectual que desovou um dilúvio de radicais alienados, manifestantes contra a guerra, vencidos na vida, hippies e até beats”.

É datilografia ou escrita?

Claudio Willer no pátio da PUC-SP, depois de uma palestra

Claudio Willer no pátio da PUC-SP, depois de uma palestra

OS REBELDES – GERAÇÃO BEAT E ANARQUISMO MÍSTICO
AUTOR Claudio Willer
EDITORA L&PM
QUANTO R$ 34.90 (296 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo

No blog de Claudio Willer você pode ler mais matérias sobre “Os Rebeldes”.

Esta semana tem Claudio Willer em ritmo beat

3 de julho vai ser um dia beat. Nessa data, Claudio Willer autografa seu novo livro em São Paulo.

card facebook Os Rebeldes

Leia um trecho de Os rebeldes – Geração beat e anarquismo místico:

A Geração Beat foi associada, com razão, ao jazz bop em sua formação. E ao pós-rock como legado. Mas, assim como na política e na religião, a diversidade e heterodoxia também caracterizaram aquele movimento no campo da expressão musical. Ginsberg começa um de seus diários da década de 1940 informando que aquela noite iria à ópera, ao Metropolitan. Outro concerto no Metropolitan, mas com Duke Ellington: é quando ocorre a separação de Kerouac e Cassady ao final de On the Road. Corso, em Anjos da desolação, declara que não quer mais saber de jazz e que gosta mesmo de Wagner, além de não suportar a pobreza mexicana. A discografia de Ginsberg abrange desde suas apresentações com Orlowsky utilizando o estilo country, folk, para musicar poemas, até a ópera Hydrogen Jukebox, baseada em Uivo, do erudito Philip Glass.

Allen Ginsberg e Philip Glass se encontraram em 1988 na St. Mark’s Bookshop em Nova York. Nesse encontro, Glass perguntou o que eles fariam juntos e, como estavam na sessão de poesia, Ginsberg pegou um de seus livros da estante  e apontou para o poema Wichita Vortex Sutra, escrito em 1966. Glass escreveu então uma peça para piano para acompanhar a leitura de Ginsberg deste poema que foi apresentada na Broadway.

Philip Glass e Allen Ginsberg

Philip Glass e Allen Ginsberg

Depois veio Hidrogen Jukebox: