Eduardo Galeano é o Pelé da literatura sobre futebol, aponta jornal britânico

O Pelé da literatura sobre futebol não é um brasileiro, mas o escritor uruguaio Eduardo Galeano. A afirmação foi feita pelo jornalista esportivo do jornal britânico “The Guardian” Richard Williams, que preparou uma lista dos melhores livros esportivos para se ler durante a Copa do Mundo.

Williams cita algumas obras, mas, segundo ele nenhuma supera “Futebol ao Sol e à Sombra”, de Galeano, que é publicado pela L&PM Editores em pocket e também em formato convencional e e-book.

Ágil e emotivo, o livro de Galeano traz muitas histórias sobre mundiais. E não é preciso ser um apaixonado pela bola para apreciá-lo. Basta se apreciar a boa literatura.

 Via Folha de S. Paulo

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GARRINCHA

Algum de seus muitos irmãos batizou-o de Garrincha, que é o nome de um passarinho inútil e feio. Quando começou a jogar futebol, os médicos o desenganaram: diagnosticaram que aquele anormal nunca chegaria a ser um desportista. Era um pobre resto de fome e de poliomelite, burro e manco, com um cérebro infantil, uma coluna vertebral em S e as duas pernas tortas para o mesmo lado.

Nunca houve um ponta direita como ele. No Mundial de 58, foi o melhor em sua posição. No Mundial de 62, o melhor jogador do campeonato. Mas ao longo de seus anos nos campos, Garrincha foi além: ele foi o homem que deu mais alegria em toda a história do futebol.

Quando ele estava lá, o campo era um picadeiro de circo; a bola, um bicho amestrado; a partida, um convite à festa. Garrincha não deixava que lhe tomassem a bola, menino defendendo sua mascote, e a bola e ele faziam diabruras que matavam as pessoas de riso: ele saltava sobre ela, ela pulava sobre ele, ela se escondia, ele escapava, ela o expulsava, ela o perseguia. No caminho, os adversários trombavam entre si, enredavam-se nas próprias pernas, mareavam, caíam sentados.

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