“Crime e castigo” para diminuir a pena dos detentos de Santa Catarina

Sábado, 24 de novembro, foi uma data especial para os presos de Joaçaba, no Oeste de Santa Catarina. Na manhã deste dia, os apenados receberam um livro Crime e Castigo, acompanhado de um dicionário. 

O presente faz parte de um projeto da Vara Criminal de Joaçaba que prevê a redução de até quatro dias na pena de detentos que lerem obras clássicas, como Crime e Castigo, de Dostoiévski. A proposta, chamada ‘Reeducação do Imaginário’, é coordenada pelo juiz Márcio Umberto Bragaglia. 

Edição de "Crime e Castigo" da Coleção L&PM Pocket foi entregue para os apenados de SC

Após lerem os livros, magistrado e assessores vão realizar entrevistas com os leitores. “Os participantes que demonstrarem compreensão do conteúdo, respeitada a capacidade intelectual de cada apenado, poderão ser beneficiados com a remição de quatro dias de suas respectivas penas”, explica o TJ. 

 “O projeto visa a reeducação do imaginário dos apenados pela leitura de obras que apresentam experiências humanas sobre a responsabilidade pessoal, a percepção da imortalidade da alma, a superação das situações difíceis pela busca de um sentido na vida, os valores morais e religiosos tradicionais e a redenção pelo arrependimento sincero e pela melhora progressiva da personalidade, o que a educação pela leitura dos clássicos fomenta”, explicou o juiz Bragaglia. Ainda segundo ele, a inspiração veio do filósofo Olavo de Carvalho.  

O primeiro módulo prevê a leitura de Crime e Castigo. No segundo módulo, os apenados devem ler O Coração das Trevas, de Joseph Conrad. Depois, estão previstas obras de autores como William Shakespeare, Charles Dickens, Walter Scott, Camilo Castelo Branco, entre outros. Os livros serão adquiridos em edições de bolso, com verbas de transação penal destinadas ao Conselho da Comunidade.

As avaliações estão previstas para ocorrer após 30 dias. Ainda conforme o TJ, o projeto tem o apoio do Ministério Público de Santa Catarina.

11 ideias sobre ““Crime e castigo” para diminuir a pena dos detentos de Santa Catarina

  1. Gabriel

    A proposta é interessante até a parte de estimular o desenvolvimento intelectual dos presos. Mas me pareceu preocupante ver que há um juiz de direito inspirado em Olavo de Carvalho. Muito preocupante.

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      1. gabriel

        Estimular a leitura, seja em que contexto for, é sempre uma boa ideia.
        Mas não posso deixar de expressar minha suspresa ao saber que um juiz de direito tem como inspiração filosófica um dos intelectuais brasileiros mais dogmáticos e controversos.

  2. Cesar Oliveira

    Por que o preconceito contra o filósofo Olavo de Carvalho? Isso é falácia ad hominem (ataques pessoais). O ditadorzinho de esquerda está preucupado? Queria que fosse inspirado em quem? Kal Marx? Espertinho!… Parabéns à justiça de Santa Catarina!!!

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    1. gabriel

      Abaixa as armas, amigo. Expressar opinião não é falácia. “Ditadorzinho de esquerda”? Supera esse macartismo, figura. Anticomunismo militante é uma ideologia tão dogmática quanto o próprio marxismo puro.

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      1. Ricardo

        Mas Gabriel, como pude deduzir do teu primeiro comentário (“até a parte de estimular o desenvolvimento intelectual dos presos”), compreendeste e concordaste com o fato de que o objetivo principal do projeto é outro, ou seja, desenvolver o sentimento moral e a noção de responsabilidade pessoal nos detentos. Por isso a escolha de Crime e Castigo. Tens todo o direito de discordar dos posicionamentos políticos de Olavo de Carvalho. Acontece que ele é cristão de corpo e alma. Em linguagem coloquial, o cara é do bem, ao contrário do que seus detratores se esforçam por fazer parecer. Nisso entra o alinhamento com o livro em questão, que trata justamente do arrependimento e da consequente redenção por meio do amor. Foi por isso que escrevi aquilo embaixo do teu comentário, relativamente à fonte da inspiração. Fica tranquilo que quem se inspira em Olavo de Carvalho (como eu) está longe de oferecer perigo à sociedade.

  3. Danielle Engel

    Boa tarde. Sou Juíza no interior de Minas Gerais e gostaria de adotar a prática na minha comarca. Como posso entrar em contato para conhecer os detalhes?
    Obrigada.

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    1. Paula Taitelbaum Autor do post

      Cara Danielle, infelizmente não sabemos como fazer isso, pois somos somente a editora do livro. Abraço e torcemos para que você consiga!

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