Enquanto isso, há 100 anos no Titanic…

14 de Abril
Domingo

23h40min

Fleet vê, a menos de 500m, a massa escura de um enorme iceberg, elevando-se a quase 20m da superfície, e de pronto bate o sino três vezes. Apanha o telefone e espera que alguém atenda na sala de navegação. (…) Já de volta à sala de navegação, gira a manivela do telégrafo, determinando à casa de máquinas parada dos motores e reversão a toda potência. Pelo sistema hidráulico, fecha todas as portas estanques. Deveria acionar previamente o respectivo alarme e esperar dez segundos para fechar. A precipitação o leva a fazer as duas coisas ao mesmo tempo, pois decorrem apenas 15 segundos entre o aviso do vigia e o fechamento das portas. Boxhall, que em seu alojamento ouviu o sino, larga a xícara de chá, levanta-se e dirige-se à sala de navegação 26m adiante. (…) 37 segundos após o aviso do vigia, o Titanic colide em seu costado de estibordo, abaixo da linha d´água e três metros acima da quilha, com a montanha de gelo. Boxhall, a meio caminho da sala de  navegação, sente o baque. Um ligeiro tremor sacode o navio e, durante dez segundos, um surdo rangido assusta quem ainda não dormiu ou desperta quem já o fez. Amassadas, as placas da carena têm as cabeças de seus rebites arrancadas e cedem em vários pontos, ao longo de mais de 90m. As fendas são de alguns centímetros ou escassos milímetros, mas permitem que os quatro primeiros compartimentos de colisão estejam abertos para o mar. Duas toneladas de gelo sujo se desprendem da grimpa do iceberg e tomam despedaçados entre o castelo da proa e a ponte de comando, e também na seção de vante do convés A.

Trecho de O Crepúsculo da Arrogância – RMS Titanic Minuto a Minuto, de Sergio Faraco.

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