“Adultérios” novamente em cartaz

A cortina sobe num dia cinzento em Nova York. Pode haver até um pouco de nevoeiro. O ambiente sugere um ponto isolado próximo das margens do rio Hudson, onde as pessoas podem se apoiar sobre o parapeito, observar os barcos e ver a praia de New Jersey. Provavelmente entre as ruas 70 e 80 Oeste. Jim Swain, escritor, com idade entre quarenta e cinquenta anos, está esperando nervoso, conferindo o relógio, andando de um lado para outro, tentando ligar para um número no celular, sem resposta. Está claramente esperando por alguém. Esfrega as mãos, confere se está chovendo e talvez puxe a gola do casaco um pouco para cima ao sentir ao menos uma névoa úmida. Em seguida, um homem grande, sem-teto, com barba por fazer, um morador de rua mais ou menos da idade de Jim, passa meio que de olho nele. Seu nome é Fred. Fred acaba se aproximando de Jim, que está cada vez mais consciente da presença dele e que, embora não esteja exatamente com medo, fica desconfiado por estar numa região erma com um sujeito grande e mal-encarado. Acrescente-se a isso o fato de Jim querer que seu encontro com quem quer que ele esteja esperando seja muito em particular. Afinal, Fred puxa conversa.

Assim começa a primeira peça de Adultérios (Coleção L&PM Pocket), livro de Woody Allen que apresenta três deliciosas e divertidas histórias que se passam em Nova York e seus arredores e trazem os mais legítimos personagens de Allen. Em julho de 2011, pela primeira vez no Brasil, Adultérios foi encenada no Brasil e marcou a volta do ator Fabio Assunção ao teatro. No elenco, estão também Norival Rizzo e Carol Mariottini e a direção e adaptação é de Alexandre Reinecke. Depois da temporada, a peça volta em cartaz a partir de 20 de janeiro no Teatro Tuca em São Paulo(www.teatrotuca.com.br) e fica até 25 de março. O Tuca tem parceria com a PUC SP e, por isso, professores, alunos e funcionários da instituição pagam apenas R$ 10,00 pelo ingresso.

Fabio Assunção em mais uma temporada de "Adultérios", de Woody Allen

O diretor Alexandre Reinecke optou por alternar Fábio Assunção e Norival Rizzo nos papéis do mendigo Fred e do escritor Jim Swain que, no início da peça, espera sua amante com a intenção de terminar o relacionamento com ela. Fred, esquizofrênico e inteligente, puxa conversa com ele e, lá pelas tantas, acusa Jim de ter roubado sua história para escrever o roteiro de seu filme (que é sucesso de bilheteria). Como essa história termina? Bom, nesse caso, só lendo o livro e assistindo à peça. Ou melhor: fazendo os dois.

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