Rilke, poesia e morte

Em 29 de dezembro de 1926, há exatos 85 anos, morria Rainer Maria Rilke, um dos maiores poetas de língua alemã do século 20. Nascido em Praga em 1851, Rilke escreveu versos que inspiraram poetas em todo o mundo, como os brasileiros Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Augusto de Campos.

Mas nem só de versos se faz um grande poeta. A intensa correspondência que Rilke manteve ao longo de toda a vida com artistas e intelectuais de vários países também carrega a marca de sua poesia. No livro Cartas a um jovem poeta, publicado postumamente em 1929, ele dá conselhos ao jovem Franz Kappus, que aspira tornar-se poeta. Muito mais do que responder aos questionamentos do rapaz, Rilke deixa registradas nestas cartas as suas impressões e opiniões sobre a vida, a humanidade, a religião, o sexo e a arte de escrever numa prosa intensa e essencialmente poética. Em uma das cartas, datada de 17 de fevereiro de 1903, ele escreveu:

O senhor me pergunta se os seus versos são bons. Pergunta isso a mim. Já perguntou a mesma coisa a outras pessoas antes. Envia os seus versos para revistas. Faz comparações entre eles e outros poemas e se inquieta quando um ou outro redator recusa suas tentativas de publicação. Agora (como me deu licença de aconselhá-lo) lhe peço para desistir de tudo isso. O senhor olha pra fora, e é isso sobretudo que não devia fazer agora. Ninguém pode aconselhá-lo e ajudá-lo, ninguém. Há apenas um meio. Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo que o impele a escrever; comprove se ele estende as raízes até o ponto mais profundo do seu coração, confesse a si mesmo se o senhor morreria caso fosse proibido de escrever.

Além das cartas e dos poemas, Rilke escreveu apenas um romance. Publicado em 1910, Os cadernos de Malte Laurids Grigge é uma novela autobiográfica, escrita no período em que o escritor viveu em Paris. Sob influência de Nietzsche, ele aborda temas que são recorrentes em romances de formação, como a busca pela própria individualidade, a tentativa de compreender o significado da morte e o questionamento dos dogmas da religião.

Como não podia deixar de ser, Rilke foi o autor de seu próprio epitáfio: “Rose, oh reiner Widerspruch, Lust, / Niemandes Schalaf zu sein unter soviel /Lidern” (Rosa, ó pura contradição, alegria / de ser o sono de ninguém sob tantas / pálpebras”). Ele foi enterrado no cemitério de Viège, na Suiça, em 2 de janeiro de 1927.

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