Arquivo mensais:junho 2016

São Paulo: “O Pequeno Príncipe” no Mosteiro de São Bento

A mostra “O Pequeno Príncipe descobre o Mosteiro” já cativou muitos visitantes em 2015. Agora a exposição que tem como personagem principal o clássico de Saint-Exupéry voltará a abrir suas portas em 1° de julho. A iniciativa é da Biblioteca do Mosteiro de São Bento de São Paulo e colocará em exposição raridades comoa 1ª edição francesa e também a 1ª edição suíça em língua alemã. Os visitantes também poderão conhecer volumes em outros idiomas como inglês, espanhol, japonês e mandarim, além de edições raras e comemorativas. Ao todo, 50 edições que fazem parte do acervo da Biblioteca estarão à disposição do público. Durante o mês de julho haverá ainda uma programação com contações de histórias, oficinas e palestras.

A  ligação dos beneditinos com “O Pequeno Príncipe” não é de hoje. A primeira tradução brasileira, de 1952, foi feita pelo Monge Dom Marcos Barbosa.

Pequeno Principe Mosteiro

Serviço

O Pequeno Príncipe descobre o Mosteiro

De 1° a 31 de julho de 2016

Aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h; sábado, das 9h ao meio-dia.

Mosteiro de São Bento de São Paulo

Entrada franca

A L&PM publica O Pequeno Príncipe em dois formatos com as ilustrações originais de Saint-Exupéry e nova tradução de Ivone C. Benedetti.

Programação de julho do canal Philos terá Beats e Leonardo Da Vinci

Philos é um canal que apresenta ótimos documentários. São produções de alta qualidade sobre arte, ciência, história, música e cultura em geral. Todo conteúdo é em HD e ser acessado pelo www.philos.com. A partir de 1°  julho, o Philos vai apresentar dez produções do acervo do canal Mais Globosat e  a programação abre nesta sexta-feira, às 13h, com “A influência da Geração Beat”, seguido de “A alimentação de Da Vinci”.

“A influência da Geração Beat” é um documentário focado nas figuras de Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William Burroughs. Já “A alimentação de Da Vinci” é uma produção baseada na descoberta da lista de compras de mercado do grande pintor, feita pelo casal Won-jin e Song Eun-jung, mostrando as prováveis receitas que ele talvez tenha criado.

Beat Generation filme

A L&PM Editores tem uma série inteira dedicada aos beats e publica a biografia de Leonardo da Vinci.

Lady Gaga é banida da China após encontro com o Dalai Lama

Não dá pra agradar todo mundo. Isso Lady Gaga sabe bem. Seu encontro com Sua Santidade, o Dalai Lama, por exemplo, deixou budistas do mundo inteiro contentes, mas irritou profundamente os chineses mais radicais. A cantora e o líder espiritual trocaram palavras e gestos de gentileza durante uma conferência em Indiana, nos Estados Unidos, na segunda-feira, 28 de junho. Ao publicar em seu Instagram uma foto do Dalai Lama segurando sua mão, Lady Gaga recebeu uma avalanche de comentários hostis vindas da terra de Mao. “Para os chineses é como se estivesse apertando a mão de Bin Laden”, escreveu um usuário da rede social. A absurda comparação com o terrorista islâmico se deve ao fato de que o Partido Comunista Chinês considera o Dalai Lama um inimigo de estado por ser um “separatista”.

Lady Gaga Dalai Lama Instagram

A foto do Dalai Lama com Lady Gaga atraiu a ira do Partido Comunista Chinês

Desde segunda-feira, o partido tem promovido ações para impedir que os cidadãos ouçam músicas de Lady Gaga, exigindo que os sites de distribuição deletem suas canções e estimulando notícias que critiquem a cantora. Lady Gaga é uma das artistas ocidentais mais populares na China e, segundo o jornal britânico The Guardian, seu nome agora foi adicionado à lista de estrangeiros que não são bem-vindos ao “Reino Médio”. Na conferência em que se deu este encontro, o Dalai Lama centrou seu discurso na esperança de um futuro melhor, com compaixão humana, amor e benevolência. Tudo o que parece estar faltando para alguns chineses.

O livro Sete anos no Tibet, publicado na Coleção L&PM Pocket, conta como a China invadiu o Tibet em 1950, expulsando milhares de cidadão e também o grande líder budista. A L&PM também publica os pensamentos do Dalai Lama, Caminho da sabedoria, caminho da paz, em dois formatos. 

Caminho_da_sabedoria_Caminho_da_paz_14x21

Romance adolescente que será publicado pela L&PM ganha importante prêmio do Reino Unido

A britânica Sarah Crossan é autora de One, um romance escrito em verso livre que conta a história de Grace e Tippi, gêmeas siamesas que, unidas pelo quadril, vivem sua(s) vida(s) adolescente(s). A narrativa – que às vezes soa como um diário – é um longo poema em prosa que vai se desenrolando sob o ponto de vista de Grace. E antes que você torça o nariz pensando que talvez essa história seja meio esquisita, bizarra ou até sofrida demais para envolver o público juvenil, a gente diz que não é nada disso. One – que por aqui tem o título provisório de Unidas – é incrivelmente envolvente e sensível.

Somos literalmente grudadas

pelo quadril –

unidas pelos ossos e pelo sangue.

 

E

é por isso

que

nunca fomos à escola.

One vem recebendo vários prêmios e o mais recente deles foi anunciado nesta segunda-feira: a medalha Carnegie (Carnegie Medal), o mais cobiçado prêmio para livros infanto-juvenis do Reino Unido e que existe desde 1936. Crossan já havia sido indicada duas vezes anteriormente, mas só agora, com One, “foi levada à glória” como escreveu o jornal The Guardian, complementando na matéria que 2016 tem sido um grande ano para a autora.

Sarah Crossan. Foto: Rolf Marriott

Sarah Crossan. Foto: Rolf Marriott

“O Carnegie é o prêmio que eu sempre quis ganhar porque ele é julgado por bibliotecários que são os guardiões da literatura de muitas maneiras. Eu tinha certeza que, hoje, o nome de outra pessoa seria lido no lugar do meu.” Declarou Sarah Crossan logo após o anúncio.

O ar do verão começa a ficar mais fresco.

A tinta escura da noite chega cada vez mais cedo.

E do nada

a mamãe anuncia que Tippi e eu

não vamos mais estudar em casa.

“Em setembro

vocês vão começar o ensino médio

e vão à escola

como todo mundo”, ela avisa.

 

E eu não esboço qualquer

reação.

 

Eu escuto

e balanço a cabeça

e puxo um fio solto na camisa

até um botão

 

cair.

 

Mas Tippi não fica em silêncio.

 

Ela explode:

 

“Está falando sério?

Vocês piraram?”, ela grita

e continua discutindo com a mamãe e o papai por horas.

 

Eu escuto

e balanço a cabeça

e mordo a pele em torno das unhas

até começar a

 

sangrar.

Em One, à medida que as irmãs crescem e desenvolvem diferentes hábitos e opiniões, elas descobrem como é difícil compartilhar um corpo. Pra completar as angústias, os pais ficam desempregados e o dinheiro vira um problema latente – mas que apesar de angustiante, às vezes é narrado com bom-humor.

Se eu tivesse um revólver, poderia assaltar um banco.

 

Poderia enfiar uma arma na cara do caixa

e exigir uma pilha de dinheiro

e fugir em uma Maserati roubada.

 

Eu poderia vender drogas nas esquinas

ou prostituir meninas por um bom preço.

 

Poderia infringir a lei que quisesse.

 

Se me mandassem para a cadeia,

teriam que prender Tippi também,

o que seria uma detenção

ilegal,

que jamais seria mantida em um

tribunal.

 

Se eu não tivesse uma maldita consciência,

estaríamos ricas.

O premiado romance de Sara Crossan chega ao Brasil pela L&PM Editores no segundo semestre deste ano com tradução de Alexandre Boide.

A capa britânica de "One".

A capa britânica de “One”.

 

A toca do coelho branco fica na Califórnia

Por Paula Taitelbaum*

Então, num final de tarde, você vem caminhando meio sem rumo quando, de repente, cai na toca do coelho branco. E lá dentro encontra o maravilhoso mundo de Alice e tudo (tudo mesmo!) que possa existir relacionado com a obra mais famosa de Lewis Carroll.

Pois foi exatamente o que aconteceu comigo há alguns dias, durante minhas férias. Eu estava passando por Carmel, um conhecido balneário da Califórnia, quando vi uma plaquinha que fez o coração dessa fã da Alice bater mais forte: “Alice’s Gift Shop”.

IMG_6879

“The White Rabbit” (O coelho branco) era o nome da loja. Mas mesmo com tudo levando a crer que Alice me esperava lá em cima, jamais poderia imaginar que seriam tantas maravilhas.

IMG_6878

Virei criança. Simplesmente a loja era totalmente dedicada à Alice no País das Maravilhas. Pena que o dólar anda tão alto… 🙁

IMG_6837

A loja tem três ambientes repletos com livros, roupas, bonecas, louças, bijuterias, jogos, bibelôs e presentes das mais variadas espécies e estirpes.

IMG_6836

IMG_6842

IMG_6848

IMG_6844

Assim, na boa, não dava vontade de sair dali. Me senti muito mais num museu do que numa loja.

IMG_6846

Uma árvore de Natal da Alice!!!!!!

IMG_6870

Alice versão serial killer:

IMG_6860

E esse móvel? Será que cabe numa mala?

IMG_6863

Infelizmente, com a atual realidade econômica, não pude levar nada mais do que um imã de geladeira. O consolo é que a The White Rabbit vende pela internet e entrega em todo o mundo. Vá que sobre um dinheirinho uma hora dessas…

* Paula Taitelbaum é escritora e coordenadora do Núcleo de Comunicação da L&PM e uma apaixonada por Alice no País das Maravilhas.

Entre amigos famosos: assim foi o lançamento de “Entre aspas” em Paris

Fernando Eichenberg é um jornalista brasileiro que vive e trabalha há muitos anos em Paris como correspondente internacional para diversos jornais e revistas. A Cidade Luz é, portante, sua cidade, seu chão, seu habitat natural. Justamente por isso, o autor de “Entre Aspas 1” e “Entre Aspas 2” – ambos publicados pela L&PM – não poderia deixar de lançar seu livros por lá.

Foi um encontro entre amigos que aconteceu no final da tarde de terça-feira, 7 de junho, no Le Piano Vache, um aconchegante “bar rock”. Só que Fernando Eichenberg tem amigos que, digamos, nem todo mundo tem: o compositor Chico Buarque, o fotógrafo Sebastião Salgado, a cantora Dom La Nena, o sociólogo francês Michel Maffesoli, o escritor e jornalista Alan Riding… Estavam todos lá, num encontro que teve muitas conversas, autógrafos e show de Dom La Nena para terminar a noite em grande estilo.

Chico comprou o livro

Chico comprou o livro

Chio Buarque2

E foi pegar o seu autógrafo

Buarque Salgado Riding

Bem ao centro, Alan Riding batendo papo com Sebastião Salgado

O sociólogo francês Michel Maffesoli e Fernando Eichenberg

O sociólogo francês Michel Maffesoli e Fernando Eichenberg

Dom La Nena se preparando para dar um show

Dom La Nena se preparando para dar um show

E que show!

E que show!

Foi lindo

Foi lindo

O downsizing que deu origem a Dilbert

Você sabe o que é “downsizing”? Pois em bom português significa “achatamento” e é uma técnica que visa “eliminar a burocracia corporativa desnecessária para focar na área de Recursos Humanos”. Hein? Pois é… Tentando explicar melhor, o “downsizing” envolve demissões a curto prazo, reestruturação, redução de custos e racionalização… Foi o que aconteceu com o economista Scott Adams, um executivo da empresa Pacific Bell, vítima de um “downsizing”. Indignado com o mundo corporativo, ele resolveu usar a caneta para se vingar da ex-vida-dura e, desempregado, começou a criar cartuns que satirizavam o mundo dos negócios. Foi assim que, em 1989, em plena era yuppie, nasceu o personagem Dilbert. O sucesso foi tanto que Adams nunca mais precisou procurar emprego e, hoje, suas tiras continuam sendo publicadas em mais de 1.500 jornais de todo o mundo.

Criador e criatura: Scott Adams e Dilbert

As tirinhas do Dilbert são encontradas na Série Quadrinhos da Coleção L&PM POCKET. Conheça melhor os personagens da série (note que quatro deles tem o nome que termina em “bert”).

DILBERT – Tem 30 anos, é engenheiro e trabalha numa empresa californiana de alta tecnologia. Se tiver que escolher entre os computadores e as pessoas, ficará com a primeira opção. Veste roupas sem graça e a sua barriguinha revela as longas horas de trabalho sedentário. Vive com o seu cão, Dogbert.

DOGBERT – Assim como Dilbert, ele usa óculos e tem o “dom da palavra”. É um cão inteligente e muito cínico. Trata as pessoas com desdém e adora demonstrar superioridade intelectual. A sua “não secreta” ambição é escravizar os humanos.

RATBERT – É um otimista inveterado e só o que ele quer da vida é ser amado. Está sempre envolvido nos esquemas diabólicos de Dogbert.

CATBERT – É o sádico gestor de Recursos Humanos da empresa. Adora dar más notícias – o “downsizing” é sua prática mais freqüente.

BOB – Quem disse que os dinossauros foram extintos? Bob vive escondido na casa de Dilbert e é o companheiro de Dogbert. Está sempre procurando emprego

WALLY – Engenheiro que faz parte da equipe de Dilbert, com que, aliás, partilha as frustrações do dia-a-dia. Como os demais, está sujeito aos caprichos do chefe da empresa.

ALICE – É o toque feminino da equipe de Dilbert. É a mais reivindicadora do grupo (ou a mais tagarela) – quando os outros se calam, a sua voz continua se fazendo ouvir.

CHEFE – É o pior pesadelo dos seus empregados. Ele não nasceu esse sujeito mau e sem escrúpulos, mas lutou arduamente para conseguir ser assim. E obteve sucesso. Seu nível de inteligência está muito abaixo do de seus empregados – o que explica ele ser o “chefe”.

Há 90 anos, nascia o beat Allen Ginsberg

No dia 3 de junho de 1926, Naomi Ginsberg deu à luz seu segundo filho. Irwin Allen Ginsberg veio ao mundo com cinco anos de diferença do irmão, Eugene. Seu pai, Louis, era um poeta modesto, mas relativamente bem sucedido, um judeu socialista democrático que dava aulas no ensino médio. Já Naomi simpatizava com o comunismo, mas, com o passar dos anos, acabaria sofrendo de surtos paranóicos que levariam a matriarca a internações em clínicas psiquiátricas e tentativas de suicídio.

Foi em meio a esse lar nada comum, em uma casa da Rua Quitman, em Newark, Nova Jersey, que o pequeno Allen cresceu. Ouvindo, desde muito pequeno, o pai recitar Shelley, Dickinson, Keats, Poe e Milton.

Não foi acaso que, aos onze anos, começou a escrever seus primeiros textos em um diário. E que logo decidiu o que queria ser: poeta.

Allen Ginsberg aos 10 anos (centro). Com ele estão, seu tio Mendel, seu irmão Eugene, sua mãe Naomi e seu pai Louis.

Allen Ginsberg aos 10 anos (centro). Com ele estão, seu tio Mendel, seu irmão Eugene, sua mãe Naomi e seu pai Louis.

Allen Ginsberg, autor de “Uivo”, foi o grande poeta da geração beat. Conheceu Jack Kerouac na Columbia University e a amizade dos dois atravessou décadas.

Allen Ginsberg por Andy Warhol

Allen Ginsberg por Andy Warhol

Caminhei pela beira do cais de bananas e latarias e me sentei à sombra enorme de uma locomotiva da Southern Pacific para olhar o sol que se punha entre as colinas de casas como caixotes e chorar.

Jack Kerouac sentou-se ao meu lado sobre um poste de ferro quebrado e enferrujado, companheiro, pensávamos os mesmos pensamentos da alma, chapados e de olhos tristes, cercados pelas retorcidas raízes de aço das árvores da maquinaria.

A água oleosa do rio refletia o rubro céu, o sol naufragava nos cumes dos últimos morros de Frisco, nenhum peixe nessas águas, nenhum ermitão nessas montanhas, só nós dois com nossos olhos embaçados e ressaca de velhos vagabundos à beira-rio, malandros cansados.

Olha o Girassol, disse ele, lá estava a sombra cinzenta e morta contra o céu, do tamanho de um homem, encostada ressecada no topo do montão de serragem velha –

Ergui-me encantado – meu primeiro girassol, recordações de Blake – minhas visões – Harlem (…)

(Trecho inicial do poema “Sutra do girassol” , de Allen Ginsberg, tradução de Claudio Willer – do livro Uivo, Kaddish e outros poemas)