Arquivo mensais:outubro 2014

“É tudo família”: um livro transformador

Apoiando-se na leitura como porta de acesso à educação, ao lazer e ao brincar, a Fundação Promenino pesquisou junto a especialistas na área da educação e da literatura e chegou a uma seleção de 10 livros infantis que abordam os direitos humanos de forma sensível e sem artificialismos.

É tudo família, livro publicado pela L&PM Editores, aparece em destaque na seleção de livros transformadores que, segundo definição do autor e crítico inglês Aidan Chambers, “enriquecem a imagem do mundo e sua existência; ajudam a conhecer a si mesmo e a compreender os outros e a sociedade em que se vive, assim como a sociedade em que vivem as outras pessoas”.

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É tudo família!, de Alexandra Maxeiner e Anke Kuhl, recebeu o Prêmio Alemão de Literatura Infantojuvenil 2011. Lançado no Brasil em 2013, é um livro que mostra a diversidade das formações familiares contemporâneas. Em ritmo de HQ, ilustra algumas possibilidades: há famílias com filhos únicos ou numerosos, famílias com pais separados que podem se dar bem ou não, famílias com padrastos ou madrastas (geralmente diferentes das personagens dos filmes), famílias com pais homossexuais ou viúvos, famílias cujas crianças são criadas pelos avós, pais adotivos ou vivem em um orfanato.

Além dos diferentes tipos de laços familiares, apresentados de forma bem-humorada e natural, o livro dá conta também de aspectos afetivos que permeiam essas relações: sentimentos como raiva, tristeza e amor, a rotina frenética de quem tem duas casas, a dor provocada pela perda de um parente querido e até mesmo circunstâncias mais obscuras, como a violência contra crianças: “Existem pais que tratam seus filhos muito mal. Nunca os abraçam ou beijam. Só gritam com eles. Outros até batem nos filhos, embora isto seja proibido!”.

Via Portal Aprendiz.

O espírito de Sir Arthur Conan Doyle

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Em vida, Sir Arthur Conan Doyle falou que preferia ser lembrado por seus escritos sobre o espiritismo do que por seus romances de Sherlock Holmes. Mas isso, como você bem sabe, não aconteceu. A ligação do escritor britânico com o espiritismo, no entanto, segue sendo mencionada sempre que se pensa em alguém famoso que tenha realmente se dedicado a estudar, defender e disseminar essa “doutrina baseada na crença da sobrevivência da alma e da existência de comunicação, por meio da mediunidade, entre vivos e mortos, entre os espíritos encarnados e os desencarnados” conforme verbete do dicionário Aurélio.

A Biblioteca Britânica possui em seu acervo gravações raras do escritor, feitas não apenas antes como também depois de sua morte. Em uma delas, divulgada no site da British Library, é possível ouvir uma conferência de Conan Doyle sobre espiritismo, realizada em 14 de maio de 1930, apenas dois meses antes de sua morte. Ele abriu sua palestra dizendo

“As pessoas perguntam o que você tem a ganhar com o espiritismo. A primeira coisa é que ele dissipa totalmente o medo da morte. Segundo, ele é uma ponte para que possamos nos comunicar com aqueles entes queridos que possamos vir a perder.”

Clique sobre a imagem do disco para escutar as palavras do próprio Conan Doyle:

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O espiritismo surgiu em meados do século 19 na América, mas foi principalmente após a Guerra Civil Americana, quando as pessoas procuravam ajuda para se comunicar com os familiares falecidos, que ele ganhou mais adeptos. Apesar de Conan Doyle ter ficado intrigado com o fenômeno já em 1880, sua crença só se afirmou depois que ele participou de uma sessão na qual teve certeza de ter contatado seu filho Kingsley, que morreu de pneumonia em 1917, após ter sido ferido na França.

Conan Doyle escreveu mais de sessenta livros sobre espiritismo, incluindo A História do Espiritismo, um tomo de dois volumes publicado em 1924. Ele também desenvolveu uma forte amizade com Harry Houdini que, além de acreditar na vida após a morte, também se dedicava a desmascarar golpistas que queriam lucrar com o movimento espírita. O relacionamento entre Conan Doyle e Houdini chegou a um amargo fim quando o escritor convidou o ilusionista para uma sessão privada, durante a qual a mulher de Conan Doyle, Jean, alegou ter entrado em contato com a mãe de Houdini. O problema foi que a mensagem teve início com o sinal da cruz, o que seria impossível, já que o espírito em questão tinha sido esposa de um rabino. Acreditando ter sido vítima de uma farsa, Houdini se ressentiu profundamente.

Em julho de 1930, uma semana após a morte de Conan Doyle, milhares de pessoas participaram de uma sessão espírita no Royal Albert Hall em que um médium alegou ter se comunicado com ele.

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Quatro anos depois, em 28 de abril de 1934, uma sessão espírita realizada por Noah Zerdin no Aeolian Hall, New Bond Street, em um auditório com capacidade para 560 pessoas, registrou contato com 44 espíritos e Conan Doyle teria sido um deles.  A famosa sessão realizada no Aeolin Hall foi gravada em 26 discos de acetato que ficaram guardadas por décadas até que, em 2001, foram reveladas por Dan Zerdin, filho de Noah.

Clique aqui e ouça a gravação em que o suposto espírito de Sir Arthur Conan Doyle envia a mensagem: “Cuide dos meus meninos e de minha boa esposa, Jean.”

A L&PM Editores não publica nenhum livro de Conan Doyle sobre espiritismo, mas histórias de Sherlock Holmes temos muitas.

Coreia do Sul homenageia Mauricio de Sousa

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Mauricio de Sousa ganhou o título de Mestre Mundial do Brasil pelo World Master Committee, da Coreia do Sul. O criador da Turma da Mônica foi indicado pelo embaixador brasileiro em Seul, Edmundo Fujita.

Desde 2006, a organização elege personalidades como Mestres Mundiais, que representam a cultura de diferentes nações em todo o mundo. Mauricio de Sousa agora integra a lista de 238 pessoas, de 64 países, já homenageadas pelo comitê.

Artistas selecionados pela instituição contribuem para a troca de culturas e se reúnem no The World Masters’ Festival in Arts & Culture, encontro em que podem dividir oportunidades e contribuir para a formação de uma nova cultura global.

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Conheça os títulos de Mauricio de Sousa na Coleção L&PM Pocket.

Esclarecimento: “Memórias de um revolucionário” foi apreendido pela ditadura

No domingo, 26 de outubro, na página 4 do Jornal Zero Hora, o editor da L&PM, Ivan Pinheiro Machado, foi citado em uma entrevista. Segundo o entrevistado dá entender em determinada resposta ao jornalista Alexandre Lucchese, o livro “Memórias de um revolucionário”, editado pela L&PM nos anos 1970, seria uma obra a favor da ditadura, o que não é verdade. A seguir, a resposta de Ivan que foi enviada ao jornal:

“Memórias de um revolucionário”, de Olympio Mourão Filho, é um livro que, literalmente, “desmancha” a elite militar da época (1977). Quando a L&PM publicou o livro, tal era o nível das críticas e até de ofensas aos chefes militares da ditadura, que nenhum editor em Rio e São Paulo ousou publicá-lo. É um brado contra a ditadura e a repressão dado justamente pelo militar que chefiou as tropas em 31 de março. Por isso, o livro foi apreendido. Além da apreensão violenta e arbitrária, houve a tentativa de prender eu e meu sócio, Paulo Lima, quando a Policia Federal invadiu e lacrou a gráfica que imprimia o livro. Na ocasião, fugimos da polícia no carro da sucursal do Jornal do Brasil em Porto Alegre e tivemos que “sumir” algumas semanas. Fomos processados juntamente com o grande historiador brasileiro Hélio Silva, que era quem detinha os direitos autorais do livro, já que o General Mourão havia morrido. E depois de uma batalha judicial comandada pelo meu pai, o advogado e ex-deputado comunista Antonio Pinheiro Machado Netto, que durou dois anos, o livro finalmente foi liberado para circular. A decisão do judiciário foi histórica e decretou em 1979 (ano da Anistia) a liberação deste livro que foi o último a ser apreendido por motivos políticos no Brasil.  (Ivan Pinheiro Machado)

Ivan Pinheiro Machado (à esquerda)  e Paulo Lima, editores da L&PM, em 23 de agosto de 1978, dia em que foi apreendido o livro "Memórias de um revolucionário" de Helio Silva e Olympio Mourão Filho, durante a ditadura

Ivan Pinheiro Machado (à esquerda) e Paulo Lima, editores da L&PM, em 23 de agosto de 1978, dia em que foi apreendido o livro “Memórias de um revolucionário” de Helio Silva e Olympio Mourão Filho, durante a ditadura

 Clique aqui e leia mais sobre esta obra e a perseguição sofrida pela L&PM no tempo da ditadura militar.

 

O primeiro e último livro de Jack Kerouac

Em 1942, Jean-Louis Lebris de Kerouac alistou-se na Marinha Mercante dos EUA. O jovem marinheiro Jack foi parar na cozinha do navio SS Dorchester e lá, entre uma batata descascada e outra, ele filosofava com o cozinheiro afro-americano “Old Glory” e registrava em seu diário as impressões da vida no mar. Foram oito dias no navio, até que um telegrama enviado pelo treinador Lou Little solicitou que ele retornasse à Universidade de Columbia para participar do campeonato de futebol.

As lembranças daquela viagem ficaram engavetadas por quase 60 anos e somente em 2011 The sea is my brother: the lost novel foi publicado na íntegra nos EUA. O manuscrito de 158 páginas, que nunca foi editado enquanto Kerouac estava vivo, conta a história de Wesley Martin, um homem que “amava o mar com um amor estranho e solitário… O mar é meu irmão começou a ser escrito logo após a incursão de Kerouac no Dorchester, a partir do seu diário e das cartas trocadas entre ele e seu amigo poeta Sebastian Sampas. Ou seja: este é, oficialmente, o primeiro livro escrito por Jack Kerouac. Mas foi o último a chegar aos leitores.

Lançado no início de outubro de 2014 no Brasil pela L&PM Editores, o livro O mar é meu irmão & outros escritostraz não apenas esta história inédita do autor de On the roadmas também uma seleção de cartas e poemas trocados entre Kerouac e seu grande amigo de adolescência Sebastian Sampas. Há também fotos, manuscritos e desenhos feitos pelo escritor. Uma obra rara, portanto.

"Autoretrato esquisito no mar", dos diários de Jack Kerouac

“Autorretrato esquisito no mar”, dos diários de Jack Kerouac

Jack com uniforme da Marinha Mercante, ao ldo de sua irmã Nin (Carolyn) num uniforme do Corpo de Exército Feminino, 1942

Jack com uniforme da Marinha Mercante, ao lado de sua irmã Nin (Carolyn) num uniforme do Corpo de Exército Feminino, 1942

A Série Kerouac, da L&PM, já tem 26 livros.

Halloween fantasiado de literatura

As festas de Halloween já fazem parte do roteiro festivo dos brasileiros de todas as idades. Por isso, se você precisa de uma fantasia, mas anda cansado das bruxas, diabos, vampiros e múmias de sempre, aqui vão algumas sugestões saídas das páginas de nossos livros:

NOIVAS DO DRÁCULA – Que tal juntar mais duas amigas para formar o trio das noivas do Drácula? Elas são lindas, sexys e muito más. Abaixo, o figurino usado no filme “Drácula, de Bram Stoker”, de Coppola. Não esqueçam de usar brincos grandes, tiaras no cabelo, braceletes, vestidos esvoaçantes (dá pra improvisar usando um lençol e fitas douradas), unhas compridas, pele esbranquiçada de pancake, batom vermelho e, claro, dentes de vampiro.

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IGOR – A fantasia de assistente do Dr. Frankenstein é fácil de compor: uma legging preta colante, botas pretas, um pano preto em volta da cabeça que deixe uma tira arrastando no chão e, o mais importante, uma corcunda que pode ser obtida com uma pequena almofada amarrada nas costas. Depois é só andar com os pés pra dentro e arrastar uma das pernas. Só não peça para fazer sucesso com as meninas…

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FANTASMA DA ÓPERA – Essa é clássica. Cabelo lambido pra trás, Black tie e luvas pretas de couro (torça para que tenha ar condicionado na festa). A máscara não pode faltar, por isso, se você não encontrar na loja da esquina, pode tentar fazer em casa. Lá no Youtube tem gente que ensina. 😉

Fantasma da Opera 2

Você ainda pode se vestir de Gato Preto ou Corvo (inspirando-se nas histórias de Edgar Allan Poe), Retrato de Dorian Gray em decomposição, metade Médico e metade Monstro, Cão dos Baskerville ou quem sabe lápide de cemitério para lembrar as histórias de H. P. Lovecraft.

 

Jota Quest lança clipe de música inspirada em texto de Martha Medeiros

Os mineiros do grupo Jota Quest acabam de divulgar o clipe da nova música de trabalho “Dentro de um abraço” . A faixa é de autoria do vocalista Rogério Flausino e do baixista PJ, e foi inspirada pelo texto de mesmo título da escritora Martha Medeiros.

Já o vídeo foi dirigido por Mess Santos e apresenta os integrantes tocando a faixa em um galpão em meio a fotos de seus arquivos pessoais, de fãs e de momentos históricos da humanidade.

“Dentro de um abraço” integra o mais recente álbum da banda, “Funky Funky Boom Boom”, lançado em outubro do ano passado.

Dentro de um abraço é uma crônica do livro Feliz por nada.

Dentro de um abraço

Martha Medeiros

Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.

Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.

E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?

Meu palpite: dentro de um abraço.

Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.

Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.

Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?

Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.

 

Sherlock Holmes: o homem que nunca viveu e nunca morrerá

O mais famoso detetive da literatura nunca viveu no mundo real, mas ao mesmo tempo estará sempre vivo entre seus fãs – que se renovam a cada geração. E já que o personagem de Conan Doyle segue despertando paixões e adaptações, nada mais natural do que Londres – cidade que está diretamente ligada a ele – organizasse uma grande exposição para mostrar o que fez desse detetive um mito.

A mostra Sherlock Holmes: the Man Who Hás Never Lived and Will Never Die, que teve início no dia 17 de outubro de 2014 e vai até 12 de abril de 2015 no Museu de Londres, é a maior deste tipo dos últimos 60 anos.

Entre as peças em exibição, há a primeira edição de “Um estudo em vermelho”, peças antigas que pertenceram ao escritor, souvenirs usados por Holmes, pinturas, ilustrações, cartazes de filmes e artigos modernos como o emblemático casaco Belstaff e o sobretudo Derek Rose usado pelo ator Benedict Cumberbatch no seriado de TV exibido pela BBC.

Imperdível para quem passar por lá.

O cartaz da exposição sobre Sherlock Holmes

O cartaz da exposição sobre Sherlock Holmes

As primeira edições da primeira história de Sherlock Holmes: "Um estudo em vermelho"

As primeira edições da primeira história de Sherlock Holmes: “Um estudo em vermelho”

Conan Doyle presenteou Holmes com estes objetos: a famosa boina e o cachimbo de 1868 e um revólver Webley RIC

Conan Doyle presenteou Holmes com estes objetos: a famosa boina e o cachimbo de 1868 e um revólver Webley RIC

Ilustração de uma das histórias de Sherlock Holmes e Dr. Watson, publicada na Strand Magazine - Coleção Privada

Ilustração de Sidney Paget para uma das histórias de Sherlock Holmes e Dr. Watson, publicada na Strand Magazine

Pintura de Conan Doyle que faz parte do acervo do Museu de Londres. A tela é de 1897, autoria de Sidney Paget que ilustrou várias histórias de Holmes

Pintura de Conan Doyle que faz parte do acervo do Museu de Londres. A tela é de 1897, autoria de Sidney Paget que ilustrou várias histórias de Holmes

Cartaz de um filme australiano de 1932, da RKO Pictures, que adaptou para o cinema a segunda história do detetive, criada por Conan Doyle

Cartaz de um filme australiano de 1932 que adaptou para o cinema “O signo dos quatro”.

Conheça os títulos de Sherlock Holmes publicados pela L&PM.

Dylan e Ginsberg visitam Kerouac

Foi em 1975, durante uma parada da lendária turnê Rolling Thunder Revue que Bob Dylan visitou a última morada de Jack Kerouac, no Edson Cemetery, em Lowell. Foi acompanhado de Allen Ginsberg. Lá, em frente à sepultura do autor de On the Road, – que morreu em 21 de outubro de 1969 – Ginsberg leu, Dylan tocou, ambos meditaram e um vídeo foi gravado.

Allen (gesticulando em direção ao túmulo): “Então é isso que vai acontecer com você?”
Dylan: “Não, eu quero uma cova sem identificação.”

No prefácio de Pé na estrada (On the Road), o escritor Eduardo Bueno, tradutor da obra, sinaliza a importância de Kerouac para Bob Dylan:

(…) Bob Dylan fugiu de casa depois de ler On the Road. Chrissie Hynde, dos Pretenders, e Hector Babenco, de Pixote, também. Jim Morrison fundou The Doors. No alvorecer dos anos 90, o livro levou o jovem Beck a tornar-se cantor, fundindo rap e poesia beat. Jakob Dylan, filho de Bob, deixou-se fotografar ao lado da tumba de Jack em Lowell, Massachusets, como o próprio pai o fizera, vinte anos antes. Em 1992, Francis Coppola (o produtor), Gus van Sant (o diretor) e Johnny Depp (o ator) envolveram-se numa filmagem nunca concretizada do livro – e, apesar da diferença de idade, os três compartilharam o mesmo fervor reverencial pela obra. Cerca de vinte anos mais tarde, em 2011, Walter Salles e o roteirista Jose Rivera enfim conseguiram, com produção da American Zoetrope de Coppola, levar On the Road para as telas, com Garrett Hedlund, Sam Riley e Kristen Stewart, todos ainda na casa dos vinte anos de idade, nos papéis principais. (…)

Bob Dylan e Allen Ginsberg em frete à sepultura de Kerouac

Bob Dylan e Allen Ginsberg em frete à sepultura de Kerouac – © Ken Regan, 1975

Mostra de Dalí chega a São Paulo com obras marcadas pela presença de Freud

Quem olha desatentamente a tela “Paisaje Pagano Medio”, feita por Salvador Dalí em 1937, talvez não perceba a presença de Sigmund Freud. Mas o pai da psicanálise está ali, pintado em forma de busto de pedra, integrado à uma paisagem feita de sombra e sonho. Uma pintura que agora chega à São Paulo depois de passar pelo Rio de Janeiro.

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“Paisaje Pagano Medio”, de 1937, foi a primeira tela em que Dalí pintou o rosto de Freud. O pai da psicanálise aparece como um rochedo à esquerda. (Clique para ampliar)

A mostra que acaba de desembarcar na capital paulista é uma das maiores do pintor surrealista já realizada no país – a mesma que levou quase 1 milhão de pessoas ao Centro Cultural Banco do Brasil no RJ. Aberta em 19 de outubro, segue até 11 de janeiro no Instituto Tomie Ohtake.

"Morphologie" do crânio de Freud feita por Dalí nos anos 1930

“Morphologie” do crânio de Freud feita por Dalí nos anos 1930

Freud é presença marcante nessa exposição. Até porque nenhum outro autor ou pensador teve tanto impacto sobre a obra do excêntrico espanhol do que o médico austríaco. Após ler “A interpretação dos sonhos”, traduzida para o a língua hispana nos anos 1920, Dalí encontrou em Freud a base da invenção de seu mundo surreal, centrado no sexo e repleto de imagens significativas como muletas sustentando rostos flácidos (que críticos vêem como uma alusão à impotência sexual do artista). “Dalí era obcecado por sexo” disse Eliane Robert Moraes, especialista em literatura erótica, em matéria da Folha de S. Paulo. “Aquilo que em Freud seria doença é chamado de expressão poética em Dalí”, ela completou.

Mas o fato é que apesar da sua ligação onírica com Freud, o pintor não se interessou pelas teorias da psicanálise propriamente ditas. Quando conseguiu encontrar-se com o sábio Sigmund, ele já estava à beira da morte e quase não trocaram palavras. Foi nesse dia, no entanto, que Dalí fez mais um desenho de seu “ídolo”.

SERVIÇO

O que:  Salvador Dalí

Quando: De 19/10/2014 a 11/01/2015

Onde: Instituto Tomie Ohtake, av. Brig. Faria Lima, 201 – Fone (11) 2245-1900

Quanto: Grátis