Arquivo mensais:fevereiro 2013

Bukowski no Dia da Ressaca

28 de fevereiro é o Dia da Ressaca no Brasil (se você souber o porquê, nos conte). Em homenagem a todos aqueles que já passaram por esse sentimento de “cabeça pesada no dia seguinte”, aqui vai um poema de um dos maiores especialistas no assunto: o bom e velho Charles Bukowski.

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Conselho amigável para muitos jovens

Vá para o Tibet.
Monte em um camelo.
Leia a bíblia.
Pinte seus sapatos de azul.
Deixe a barba crescer.
Dê a volta ao mundo numa canoa de papel.
Assine The Saturday Evening Post.
Mastigue apenas com o lado esquerdo da boca.
Case-se com uma perneta e se barbeie com uma navalha.
E entalhe seu nome no braço dela.
Escove os dentes com gasolina.
Durma o dia inteiro e suba em árvores à noite.
Seja um monge e beba chumbo grosso e cerveja.
Mantenha sua cabeça dentro d’água e toque violino.
Faça uma dança do ventre diante de velas cor-de-rosa.
Mate seu cachorro.
Concorra à prefeitura.
Viva num barril.
Rompa sua cabeça com uma machadinha.
Plante tulipas sob a chuva.

Mas não escreva poesia.

(De Bukowski – Textos Autobiográficos)

A aterrorizante volta do parafuso

Se você é do tipo que gosta de histórias de terror, daquelas que faz a gente dormir de luz acesa à noite, não pode deixar de ler A volta do parafuso, de Heny James. Escritor, dramaturgo, ensaísta e crítico, James figura entre os mais influentes autores da virada do século XIX. Nascido em Nova York em 1843, mudou-se para a Europa aos 26 anos e, atraído pelo clima intelectual de Paris, passou um ano na Cidade Luz, onde conheceu Flaubert e Turguêniev.

Depois de uma fase de obras literárias marcadas pelo realismo, Henry James aprofundou-se na literatura de caráter psicológico. A volta do parafuso foi escrita em 1898 e trata-se de uma sinistra história de terror psicológico que se tornou um clássico da literatura. A história se passa em uma mansão no interior da Inglaterra, onde uma governante é encarregada de cuidar de duas crianças órfãs. Apesar de Miles e Flora se comportarem bem, serem inteligente e afetuosos, há um desconforto crescente no ar. Sobretudo depois que um misterioso e assustador estranho é visto nas redondezas, aparentemente procurando algo – ou alguém. A governanta terá então de lutar por seus pupilos, numa aterrorizante batalha contra o mal.

Em 1961, este livro de Henry James foi levado aos cinemas com o título de “The innocents”, com direção de Jack Clayton e tendo Deborah Kerr no papel principal. Assista aqui uma cena e sinta o clima:

Henry James adotou a Inglaterra como sua terra e, em 1915, naturalizou-se cidadão britânico. Faleceu há exatos 97 anos em 28 de fevereiro de 1916.

Dois anos de saudades

Saudades do escritor, médico, amigo, companheiro da Judith, pai do Beto, jogador de basquete, contador de histórias do Bom Fim, autor de mais de 80 livros, colunista de jornais e revistas, membro da Academia Brasileira de Letras, palestrante envolvente, viajante incansável, imortal, múltiplo e eterno Moacyr Scliar.

27 de fevereiro de 2013 – Dois anos sem Moacyr Scliar

 

Os 50 anos de Sansão, o coelho da Mônica

Em 2013, o mundo dos quadrinhos brasileiros comemora o cinquentenário da Mônica, a personagem mais famosa do cartunista Mauricio de Sousa. O que pouca gente se dá conta é que seu inseparável coelho de pelúcia, o Sansão, também completa 50 anos! E para comemorar este duplo aniversário, o Memorial da América Latina, em São Paulo, apresenta a exposição “Sansão também faz 50 anos”, em que o famoso coelho é retratado por 50 cartunistas brasileiros.

Além da homenagem, o público também poderá conhecer em ilustrações e vídeos a história e a concepção gráfica de sua criação, o desenvolvimento e a linha do tempo do personagem.

A mostra, que começa hoje e vai até 21 de abril, espalhou bonecos gigantes de até quatro metros de altura, criados especialmente para a ocasião, pelo saguão do Terminal de Metrô da Barra Funda.

Serviço:
Quando: de 26/2 (abertura às 13h) a 21/4 (de terça a domingo, das 9h às 18h)
Onde: Memorial da América Latina – Salão de Atos Tiradentes (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo. Tel. 11 3823-4600)
Quanto: grátis

Nosso Oscar brasileiro

Por MARCELINO FREIRE no blog Ossos do Ofídio em 25/02/2013

A primeira edição de Max e Os felinos para a coleção L&PM Pocket

Finalmente ontem [24/02], na entrega do Oscar, o Brasil foi o grande vencedor. Sim, o país que ganhou o maior número de estatuetas. Foram quatro ao todo. Explico: Ang Lee, ao receber o prêmio de Melhor Diretor, falou algo assim: “obrigado ao autor do livro, que deu origem ao filme, por ter escrito algo tão inspirador”. A história original, todo mundo sabe, foi na verdade o querido e saudoso Moacyr Scliar quem criou. Está em sua novela Max e os Felinos, publicada pela L&PM em 1981 (veja capa acima e livro autografado para mim abaixo). E roubada pelo espanhol, naturalizado Canadense, Yann Martel, no livro chamado A Vida de Pi, vencedor do Booker Prize em 2002. Quando, à época, foi descoberto o plágio, Martel confessou: “o que fiz foi melhorar a ideia que um mau escritor brasileiro conseguiu estragar”. Pode uma coisa dessas? Depois ele pediu desculpas ao Scliar, publicamente. E o autor gaúcho preferiu não entrar com processo. Bem ao estilo dagenerosidade e classe do Scliar. Quem o conheceu sabe do que eu estou falando. Onde estiver o nosso amigo agora, morto em 2011, saiba que todas as nossas honras são para ele, sempiternamente em nossa memória. E viva!

A dedicatória de Moacyr Scliar para Marcelino Freire

Os melhores amigos de Freud

Enquanto Freud analisava o sonho de seus pacientes, uma fiel companheira permanecia aninhada junto à sua poltrona. Era a cadela Jofie (Jo-Fi), da raça chow-chow, que costumava levantar-se para notificar o paciente que seu tempo estava esgotado. “Se Jofie manifesta desagrado por alguém que nos visita, pode estar certo que há alguma coisa errada com essa pessoa” disse Freud certa vez. A raça chow-chow era a preferida do “herr professor” e, além de Jofie, ele teve também a cadela Lün que o acompanhou no período crítico de sua doença.

Freud gostava tanto de seus cães que, em 1926, em uma entrevista ao jornalista norteamericano George Sylvester Viereck, chegou a dizer que preferia a companhia dos animais à companhia humana. Leia abaixo o trecho:

George Sylvester Viereck: Por vezes imagino se não seríamos mais felizes se soubéssemos menos dos processos que dão forma a nossos pensamentos e emoções. A psicanálise rouba a vida do seu último encanto, ao relacionar cada sentimento ao seu original grupo de complexos. Não nos tornamos mais alegres descobrindo que nós todos abrigamos o criminoso e o animal.

Sigmund Freud: Que objeção pode haver contra os animais? Eu prefiro a companhia dos animais à companhia humana.

George Sylvester Viereck
: Por quê?

Sigmund Freud: Porque são tão mais simples. Não sofrem de uma personalidade dividida, da desintegração do ego, que resulta da tentativa do homem de adaptar-se a padrões de civilização demasiado elevados para o seu mecanismo intelectual e psíquico. O selvagem, como o animal, é cruel, mas não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a vingança do homem contra a sociedade, pelas restrições que ela impõe. As mais desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos e nossa cultura. Muito mais desagradáveis são as emoções simples e diretas de um cão, ao balançar a cauda, ou ao latir expressando seu desprazer. As emoções do cão (acrescentou Freud pensativamente) lembram-nos os heróis da Antiguidade. Talvez seja essa a razão por que inconscientemente damos aos nossos cães nomes de heróis com Aquiles e Heitor.

 

A L&PM tem uma série inteira dedicada a Freud com traduções feitas direto do alemão. Clique aqui para ver.

Enquanto isso, no Vaticano…

Com a renúncia do Papa Bento XVI, os casos de violações de direitos humanos, acobertadas pelo Vaticano durante décadas (ou séculos) voltaram a ser assunto recorrente na mídia. Neste final de semana, um importante jornal britânico publicou matéria em que três padres e um ex-padre apresentaram queixas ao Vaticano alegando que, quando eram seminaristas, foram molestados pelo cardeal Keith O’Brien – homem mais importante da Igreja Católica na Grã Bretanha. Os quatro dizem que O’Brien teve relações “inapropriadas” com eles quando era responsável por uma diocese há cerca de 30 anos atrás.

Casos como estes são relatados no livro O Papa é culpado? (L&PM Editores), do jurista britânico Geoffrey Robertson, em que o autor mostra o lado sombrio da Igreja a partir de casos reais e depoimentos de envolvidos, tentando mostrar que ninguém, nem mesmo o mais alto representante de Deus – no caso o Papa -, está acima da Lei.

Apesar de contestar as acusações divulgadas, o cardeal O’Brien, de 74 anos, renunciou ao cargo de arcebispo de Saint Andrews e Edinburgh, deixando o Reino Unido sem representante no conclave de cardeais que vai eleger o sucessor do papa Bento XVI.

Liu Xiaobo no Caderno Prosa e Verso

A matéria de capa do Caderno Prosa e Verso do Jornal O Globo de sábado, 23 de fevereiro, foi sobre o escritor e ativista poliítico chinês Liu Xiaobo, Prêmio Nobel da Paz 2010, cujo livro, Não tenho inimigos, desconheço o ódio, foi lançado há pouco no Brasil pela L&PM Editores. Preso desde 2009, Xiaobo mostra, através de seus textos, uma China que o Ocidente ainda não conhece. Escrita por Cláudia Sarmento, correspondente de O Globo em Tóquio, a matéria fala também sobre Liu Xia, mulher de Xiaobo que se encontra em prisão domiciliar e cuja exposição de fotos está correndo o mundo. Clique sobre as imagens para ler:

Os selos comemorativos do bicentenário de “Orgulho e preconceito”

Começaram a ser vendidos esta semana, em todo o Reino Unido, os selos comemorativos dos 200 anos de Orgulho e preconceito, de Jane Austen. Já falamos deles aqui no blog, mas agora que o Royal Mail divulgou as imagens ampliadas, podemos ver os detalhes desta homenagem a Jane Austen.

As cartas postadas nas cidades de Chawton, onde a escritora passou seus últimos anos de vida, e Steventon, onde ela nasceu, ganharão, além do selo especial, um carimbo comemorativo com a frase “Do anything rather than marry without affection” (algo como “Faça qualquer coisa, menos se casar sem afeto”).

São 6 estampas, uma para cada romance: Orgulho e preconceito, Razão e sentimento, Persuasão, A abadia de Northanger, Emma e Mansfield Park. Qual deles é o seu preferido? 😉

Obras de Andy Warhol serão vendidas em leilão exclusivo pela internet

A casa de leilões Christie’s lançará na próxima semana o primeiro leilão exclusivo pela internet de obras de Andy Warhol. São camisetas pintadas, esboços, pinturas, fotografias e outros objetos que estarão à venda para o mundo inteiro por preços que vão de US$ 400 por uma pequena litografia de um gato a US$ 50 mil por uma lata de sopa da Campbell’s.

Litografia de Andy Warhol por US$ 400

“Este leilão pela internet permitirá que todos tenham acesso ao trabalho de Andy Warhol de uma forma muito democrática e coerente com sua obra”, afirmou Joël Wachs, presidente da Fundação Wharhol, que é dona das obras que serão leiloadas.

Ao todo, serão 125 peças vendidas em vários leilões ao longo de 2013. O valor arrecadado irá para a Fundação Warhol, com sede em Nova York, que apoia financeiramente artistas e associações artísticas sem fins lucrativos.