Arquivo mensais:fevereiro 2012

Agatha Christie vira professora de inglês

Agatha Christie está prestes a resolver mais um mistério: o enigma de como ensinar inglês para estrangeiros de um jeito interessante. Em Londres, os romances da Rainha do Crime estão sendo adaptados para auxiliar os “não-nativos” a aprender o idioma de Shakespeare. Além de serem reescritos em linguagem simplificada, os livros adaptados vão oferecer notas e informações extras sobre a história e a cultura do Reino Unido, ideal para estudantes estrangeiros que acabaram de chegar ao país. O neto de Agatha Christie, Mathew Prichard, aprovou a ideia. “Minha avó adoraria ver que seus livros estão sendo usados ​​para o ensino de Inglês, é uma ideia muito boa”, disse.

Em entrevista ao jornal The Independent, os editores da Harper Collins garantiram que estão tomando todo o cuidado para manter o estilo original dos textos, com pequenas adaptações para a linguagem contemporânea, já que o objetivo principal da ação é justamente habilitar estrangeiros a viver o dia-a-dia de um país que fala inglês. O próximo passo, segundo a Collins, é exportar a ideia e oferecer material para quem estuda inglês em outros paises.

Aqui no Brasil, a L&PM tem um projeto bem parecido: a Coleção É só o começo com adaptações de obras clássicas para “Neoleitores”, como são chamados os jovens e adultos recém alfabetizados. Pra saber mais sobre ela, assista um vídeo especialmente feito para a L&PM WebTV.

69. O homem que amava o Brasil

Por Ivan Pinheiro Machado*

Tomei conhecimento de Stefan Zweig lendo a biografia que ele escreveu sobre Balzac. Além de ensaísta, romancista, contista, Zweig era um conceituado biógrafo. Famosas são suas biografias de Maria Antonieta, Romain Roland, Montaigne, entre muitas outras. Na biografia de Balzac, há o subtítulo “romance de uma vida”. É um texto de arrebatada admiração. Tão emotivo, tão literário e tão devotado à memória de Balzac que serve como um conduto para o enorme manancial que são os livros do grande romancista. Posso dizer até que ele tem um pouco de responsabilidade pelo mergulho que dei na obra do autor de “A comédia humana”.

Stefan Zweig era assim. Um homem apaixonado, emotivo e de extrema sensibilidade. Deprimido pela guerra, pelo avanço do nazismo e da intolerância contra os judeus, principalmente na Áustria, sua terra natal, suicidou-se juntamente com sua mulher há exatos 70 anos, em fevereiro de 1942, em sua casa em Petrópolis na serra carioca. Encantado com o que encontrou por aqui, ele escreveu “Brasil, o país do futuro”. De enorme repercussão na época em que foi lançado, graças à este livro o Brasil ganhou internacionamente, nas décadas de 50 e 60, o “slogan” de “país do futuro”. No começo deste século, em 2004, com Caroline Chang, a Cacá, minha colega e editora da L&PM (recentemente mãe de Dora), tive alguns encontros na Feira do Livro de Frankfurt com Mme. Lindi Preuss, agente literária que representava os interesses do espólio de Stefan Zweig. Lembro que em cada reunião ela oferecia a mim e a Cacá um doce típico alemão. Um gesto emblemático que transformava nossos encontros em conversas leves e agradáveis. A partir de um acordo com a agente de Zweig, publicamos “24 horas na vida de uma mulher”, “Medo” e “Brasil, um país do futuro”, livro fundamental que, há décadas, estava fora das livrarias do país.

"Brasil, um país do futuro" na Coleção L&PM Pocket e com prefácio de Alberto Dines

Esta publicação foi saudada pelos admiradores e entidades que cultuam a memória do grande escritor, especialmente por um dos seu biógrafos, o brilhante jornalista Alberto Dines, que promoveu um verdadeiro “happening” de relançamento de “Brasil, um país do futuro” no Rio de Janeiro.

A Casa Stefan Zweig de Petrópolis e o consulado da Áustria ofereceram um coquetel com uma exposição de fotos sobre a estada de Zweig no Brasil. Para quem não sabe, o consulado da Áustria era uma das últimas casas que resistiam na Avenida Atlântida em Copacabana. De lá, se tinha uma visão paradisíaca do Rio de Janeiro em frente ao mar. Nesta noite, estávamos eu e meu filho Antonio representando a L&PM e vários foram os discursos, com destaque para a bela fala de Alberto Dines, autor do excelente “Morte no Paraíso” (1981), a biografia de Stefan Zweig, e responsável pelo prefácio do nosso “Brasil, um país do futuro”. Estávamos num terraço no sobrado do consulado. A noite estava perfeita e a lua cheia fazia com que o mar, os morros, os prédios enormes, a areia, tudo, tivesse um toque de maravilhamento.

O antigo consulado da Áustria em Copacabana, vendido em 2009

Eu olhava a paisagem inteira e ficava imaginando o Rio que Stefan Zweig conheceu, tantas décadas antes. Se agora, assediada pela transformação dos tempos, pelos prédios gigantescos, pelas favelas, pelos  milhares de carros, por tudo que o “futuro” traz, esta cidade ainda é maravilhosa, imagine naquele tempo. A beleza da paisagem sugeria um amanhã espetacular, cordial, longe da selvageria que o nazismo havia trazido para a Europa naquele início de guerra.

“Brasil, um país do futuro” é lindo e às vezes ingênuo. Confrontado com a realidade, no entanto, ele é profético. A velha Europa que encheu seus cofres e museus com as riquezas do mundo subdesenvolvido parece que está perdendo o fôlego. Com exceção – paradoxalmente, no caso de Zweig – da Alemanha, há dúvidas e suspeitas quanto ao futuro. Por outro lado, o Brasil, que há duas décadas tinha uma inflação de 1% ao dia, figura hoje como um país em pleno desenvolvimento, como se o futuro que Zweig previu tivesse finalmente chegado.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o sexagésimo nono post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Aleluia!!! Os quadrinhos foram reabilitados!!!

Bons ventos sopram pela chamada “academia”; finalmente foram “descriminalizadas” as histórias em quadrinhos nas escolas. Aqueles que são jovens há mais tempo lembram muito bem que, num passado bem recente, as HQs eram proibidas em sala de aula. Professores de literatura e português faziam sinal da cruz diante de um álbum de quadrinhos, como se estivessem em frente ao demônio.

Mas, como tudo passa, esta onda também passou. Uma geração mais arejada de professores absolveu as HQs dos pecados da superficialidade dos quais era acusada e colocou finalmente nas mãos dos jovens leitores algumas obras-primas de arte e literatura.

Nós aqui da L&PM, que mourejamos nesta área desde os anos 70 – e que tivemos que abandonar temporariamente o barco devido à profunda rejeição – estamos de volta já há algum tempo e com um extraordinário cardápio de lançamentos. Na Coleção L&PM POCKET, os quadrinhos já conquistaram milhares de novos leitores com títulos dos consagrados Garfield, Snoopy, Hagar, Dilbert e o timaço de autores brasileiros composto por Laerte, Angeli, Adão Iturrusgarai, Glauco, Edgar Vasques, Paulo Caruso, Mauricio de Sousa, Santiago entre outros. Todos por R$ 11,00.

Além do quadrinho em livros de bolso, a editora voltou a investir em grandes projetos, como Peanuts Completo, uma série em capa dura e acabamento luxuoso que publicará todo o magnífico trabalho de Charles Schulz. Já foram editados 4 volumes e o quinto sai em março. Publicamos também belas adaptações a cores das histórias de Agatha Christie, o clássico pacifista Valsa com Bashir, cuja versão em animação foi finalista ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 e iniciamos a publicar a festejada série afro-francesa Aya de Margarite Abouet, que trata da vida dos jovens nos países africanos. Recomeçamos também a publicar álbuns para adultos como o clássico Erma Jaguar do craque do desenho erótico Alex Varenne.

Como estamos livres para publicar o que de melhor se faz no mundo e para recomendar às escolas que usem e abusem das histórias em quadrinhos (já que não é mais pecado), um dos grandes destaques da programação de HQ da L&PM Editores é sem dúvida a série de Clássicos da literatura em quadrinhos. Um coleção espetacular feita por roteiristas e desenhistas belgas e franceses, publicada originalmente pela Editora Glénat com o apoio da UNESCO, órgão cultural da ONU que só chancela projetos de alto valor pedagógico. Estes livros possuem, além da história em quadrinhos a cores, um “dossier” que traça um rico painel sobre o livro, o autor, sua vida e seu tempo. Já foram lançados Volta ao mundo em 80 dias de Júlio Verne, A Ilha do Tesouro de Robert Louis Stevenson, Um conto de Natal de Charles Dickens, Dom Quixote de Miguel de Cervantes, Odisseia de Homero e Robinson Crusoé de Daniel Defoe. Deverão sair nos próximos meses Guerra e Paz de Leon Tolstoi e Os miseráveis de Victor Hugo.

Mangás

Mas a grande novidade de 2011 foi a nossa entrada no mundo dos mangás. Iniciamos com os dois volumes de Solanin de Inio Asano e Aventuras de menino de Mitsuru Adashi, os três livros disponíveis nos mais de 2 mil pontos de venda da coleção L&PM Pocket pelo Brasil inteiro. Com a colaboração e a consultoria do tradutor e especialista em mangás Alexandre Boide, a L&PM está preparando novos títulos para 2012.

Enfim, a editora está definitivamente retomando uma de suas vocações que sempre foi a de editar HQs. E a prova disso é que, justamente o primeiro título da L&PM Editores, foi um livro de quadrinhos: Rango 1 de Edgar Vasques. (Ivan Pinheiro Machado)

E o Oscar foi para… Woody Allen

Como era esperado, Woody Allen ganhou, mas não compareceu à cerimônia de entrega do Oscar. Se tivesse ido, poderia ter abraçado Angelina Jolie na hora de receber mais uma estatueta de melhor roteiro original. Mas ter uma das mais belas atrizes do mundo nos braços não foi motivo suficiente para ele quebrar a tradição. Allen nunca foi receber os prêmios que ganhou da “Academia” e só pisou no palco do Oscar uma única vez, em 2002, pós 11 de setembro, para prestar uma homenagem à sua amada Nova York.

Em 1978, seu filme Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa) levou quatro Oscar (melhor filme, roteiro e direção para Allen e melhor atriz para Diane Keaton). E Hannah e suas irmãs recebeu três estatuetas em 1987 (melhor roteiro novamente para Allen, melhor ator coadjuvante para Michael Caine e melhor atriz coadjuvante para Dianne Wiest).

Este ano, a irmã de Woody Allen, a produtora de Meia noite em Paris, Letty Aronson, já tinha avisado que ele não abriria nenhuma exceção e não compareceria a entrega do Oscar 2012, mesmo sabendo que seu roteiro era o favorito na disputa. “Os prêmios não o agradam nada, portanto ele não virá. Como a Academia não permite receber o Oscar em nome de outra pessoa, eu não vou subir ao palco para recebê-lo. Suponho que aquele que apresentar o prêmio dirá que Woody Allen não está presente.” disse Letty.  No fim, quem acabou agradecendo por ele foi a própria Angelina Jolie.

Meia noite em Paris é considerado o maior sucesso comercial da carreira de Allen. Um filme que foi inspirado nas memórias de Getrude Stein e que estão no livro A autobiografia de Alice B. Toklas.

Woody Allen ganhou o Oscar. Mas vejam quem ele perdeu...

A L&PM publica quatro livros de Woody Allen na Coleção L&PM Pocket e na L&PM WebTV você pode assistir a uma entrevista sua legendada.

Verbete de hoje: Clifford McBride

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o norte-americano Clifford McBride (1902-1959).

Em 1929, Clifford McBride desenhava uma série de publicação irregular, onde o personagem principal era um tipo simpático, de meia-idade, chamado Uncle Elby. O autor resolveu colocar um cachorro na história, Napoleon, e foi o que bastou para alcançar sucesso. Grande, meio desengonçado, Napoleon conquistou os leitores e transformou o trabalho de McBride numa das melhores man-dog strip. Os mais relembrados momentos da série (páginas dominicais, já que as tiras diárias eram dedicadas ao humor) apresentaram Napoleon e Uncle Elby acompanhando um marujo muito pitoresco chamado Singapore Sam. Mesmo antes da morte do criador, Napoleon e Uncle Elby já tinham ganhado várias reedições em formato de livros e álbuns.

Mensagem

Desde quando mudamos
transamos conversamos trabalhamos
choramos & mijamos juntos
eu acordo pela manhã
com um sonho nos meus olhos
mas você partiu para NY
lembrando-se de mim Bom
eu te amo eu te amo
& teus irmãos são loucos
eu aceito os casos de bebedeira
Há muito tempo tenho estado só
há muito tempo tenho estado na cama
sem ninguém a quem pegar no joelho, homem
ou mulher, tanto faz, eu
quero o amor nasci para isso quero você comigo agora
Transatlânticos fervem no oceano
Delicados esqueletos de arranha-céus não terminados
A cauda do dirigível roncando sobre Lakehurst
Seis mulheres nuas dançando juntas num palco vermelho
As folhas agora estão verdes em todas as árvores de Paris
Chegarei em casa daqui a dois meses e olharei nos teus
olhos

Allen Ginsberg, Uivo e outros poemas

Quem quer um Andy Warhol?

No dia 7 de março, a respeitada Christie’s vai realizar um leilão com uma seleção especial de obras de arte contemporânea do período pós-guerra, entre elas várias telas de Andy Warhol. Quem sempre sonhou em ter uma obra do criador do pop em casa, este é o momento! É possível acompanhar o leilão pelo site da Christie’s e participar com lances pela internet.

Entre as telas de Andy Warhol, estarão à venda um retrato de Jackie Kennedy, dois quadros da série “Campbell’s Soup”, o quadro “Be a somebody with a body” e outro intitulado “$”.

"Jackie", 1982

"Be a Somebody with a Body", 1985

"Campbell's Soup II", 1969

"Campbell's Soup Can", 1985

"$", 1982

Além das obras de Andy Warhol, é possível sair do leilão da Christie’s com obras de outros artistas: Sherman, Hirst, Ruscha, Richter, Chamberlain e Dubuffet que também participam do evento no dia 7 de março.

Quem dá mais por um gibi?

O californiano Michael Rorrer, de 31 anos, bisbilhotava no porão da casa da sua falecida tia-avó quando deparou com uma grande caixa. Ao abri-la, encontrou nada menos do que 345 antigas HQ que pertenceram ao seu tio. Bem guardadas e bem conservadas, ali estavam raridades como as edições de estreia do Superman e do Batman. Rorrer logo percebeu que tinha algo valioso nas mãos. Só não sabia que o valor era tão alto.

Das revistas encontradas, 44 estavam entre as 100 principais da Era do Ouro dos quadrinhos americanos, que durou de 1938 ao início da década de 1950. O segundo número do Capitão América, em que ele enfrenta Hitler, também fazia parte do acervo. Estimada inicialmente em 2 milhões de dólares (R$ 3,4 milhões), a coleção foi arrematada nesta quarta-feira, 22 de fevereiro, por 3,5 milhões de dólares (R$ 6 milhões) numa casa de leilões de Nova York. O lance mais alto foi para a HQ número 1 do Batman, a Detective Comics 27, que rendeu um total de 523 mil dólares (R$ 893 mil).

E pensar que, originalmente, elas custavam apenas 10 cents…

Quem dá mais? A estreia do Batman na “Detective Comics” saiu por US$ 523 mil

O gibi da "Action Comics" com a primeira aparição do Super-Homem, de 1938, foi vendido por US$ 299 mil.

“Capitão América” contra os nazistas foi comprada por cerca de US$ 114 mil

Quem gosta de gibis, Graphic Novels e toda a espécie de HQ (raras ou não), tem que ler a Enciclopédia dos Quadrinhos. Aliás, Goida e André Kleinert, os autores, devem estar sonhando com uma caixa como a de Michael Rorrer.

Andy Warhol versus Andy X

O cineasta Jim Sharman aproveitou a onda de homenagens que marcaram os 25 anos da morte de Andy Warhol para lançar seu novo filme Andy X, que tem um mote curioso: Andy Warhol está longe de ser esquecido, é verdade, mas pelo que, exatamente, ele ainda é lembrado?

O filme foi lançado ontem na internet e pode ser assistido online mediante o pagamento de $6,99. Ainda não conferimos o resultado, mas de acordo com a crítica publicada no jornal britânico The Guardian, o filme retrata um Andy Warhol aficcionado pela fama e pelas celebridades e, de certa forma, reduzido a um ícone “cool” moderno. “Sharman parece ter se inspirado mais em biografias sensacionalistas do que na própria arte de Andy Warhol, em seus escritos ou em depoimentos de quem o conheceu”, escreveu o crítico Jonathan Jones.

Judy Garland, Billy Name, Jean Michel Basquiat e até a mãe de Andy, Julia Warhola, também aparecem no filme, que tem ares de musical, como mostra o trailer:

Para conhecer em detalhes a vida e a obra do criador da pop art, vale conhecer os Diários de Andy Warhol, que acabaram de chegar à Coleção L&PM Pocket em 2 volumes.