Arquivo mensais:novembro 2011

As razões de Bukowski

Não é de hoje que o velho safado Charles Bukowski é acusado de escrever obscenidades por puritanos e moralistas de dedo em riste. Em 1985, uma biblioteca pública de Nijmegen, na Holanda, decidiu retirar de suas prateleiras o livro Crônica de um amor louco, sob a alegação de que seu conteúdo seria “muito sádico, ocasionalmente fascista e discriminatório contra determinados grupos”. Por grupos, entendia-se mulheres, negros e gays. Bem politicamente incorreto como só Bukowski sabia ser.

Algum tempo depois, o Ministro Hans van den Broek entrou em contato com o autor para saber sua opinião sobre o ocorrido. Eis a resposta que só Bukowski daria:

(clique para ampliar e ler melhor)

Se o seu inglês não dá conta, aí vai a tradução feita pelo blog quadrinhos e etc.:

Caro Hans van den Broek:

Obrigado por sua carta contando-me da remoção de um dos meus livros da biblioteca Nijmegen. E que ele é acusado de discriminação contra negros, homossexuais e mulheres. E que é sádico por causa do seu sadismo.

A única coisa que temo discriminar é o humor e a verdade.

Se eu escrevo mal sobre os negros, homossexuais e mulheres, é por que os que eu conheci eram assim. Há muitos “males” – cães maus, má censura, há até mesmo “maus” homens brancos. Somente quando você escreve sobre “mau”, homens brancos não reclamam. E eu preciso dizer que há “bons” negros, “bons” homossexuais e “boas” mulheres?

No meu trabalho, como escritor, eu só fotografo, em palavras, o que vejo. Se eu escrever sobre “sadismo” é porque ele existe, eu não inventei isso, e se algum ato terrível ocorre no meu trabalho é porque essas coisas acontecem em nossas vidas. Eu não estou do lado do mal, como se o mal fosse algo inerente. Eu meus escritos, eu nem sempre concordo com o que ocorre, nem vou me afundar na lama por causa deles. Além disso, é curioso que as pessoas que gritam contra o meu trabalho parecem ignorar as partes dele que enaltecem a alegria, o amor e a esperança, e há essas partes. Meus dias, meus anos, minha vida viu altos e baixos, luzes e trevas. Se eu escrevesse só e continuamente da “luz” e nunca mencionasse o outro, então como artista eu seria um mentiroso.

A censura é a ferramenta daqueles que têm a necessidade de esconder realidades de si mesmos e dos outros. Seu medo é apenas a sua incapacidade de enfrentar o que é real, e eu não posso desabafar minha raiva contra eles. Eu só sinto essa tristeza terrível. Em algum lugar, na sua educação, eles estavam protegidos contra os fatos de nossa existência. Eles só foram ensinados a olhar de um jeito, quando existem muitas maneiras.

Eu não estou desanimado que um dos meus livros tenha sido caçado e retirado das prateleiras de uma biblioteca local. Em certo sentido, sinto-me honrado que eu escrevi algo que despertou essas pessoas de seu eu superficial. Mas fico magoado, sim, quando alguém tem seu livro censurado, pois esse livro, geralmente é um grande livro e há poucos desses, e ao longo dos tempos esse tipo de livro tem muitas vezes se tornado um clássico, e o que se acreditava chocante e imoral é hoje leitura obrigatória em muitas das nossas universidades.

Não estou dizendo que meu livro é um desses, mas eu estou dizendo que em nosso tempo, nesta época em que qualquer momento pode ser a último para muitos de nós, é condenadamente irritante e incrivelmente triste que ainda temos entre nós a pequenez, as pessoas amargas, os caçadores de bruxas e os declamadores contra a realidade. No entanto, estes também pertencem a nós, eles são parte do todo, e se eu não tenho escrito sobre eles, eu deveria, talvez o faça, e isso é suficiente.

que todos nós possamos ficar melhor juntos,
seu,

Charles Bukowski

via Rafael Raffa Ramos, no Facebook

iPad com cara de livro

Os livros digitais já são mais do que realidade e têm adeptos pelo mundo todo. Os e-readers estão se popularizando e chegando ao mercado com preços cada vez mais acessíveis e o número de títulos disponíveis em formato digital cresce rapidamente. Só a L&PM já tem mais de 300 títulos!

Mas se você é do tipo que ainda não consegue se imaginar lendo um livro digital num iPad, por exemplo, os criativos da loja Out of print encontraram uma solução que pode ajudar a enganar os sentidos de quem não quer trair o velho companheiro de papel.  E quem sabe também convencer os mais ortodoxos. São as ” iPad Covers”, estampadas com as capas de grandes clássicos da literatura mundial. Além de cults, elas são lindas!

Capa da edição original de "O grande Gatsby" de 1925

"Walden", de Thoreau, também virou capa para iPad

Já fez as contas de quantos livros de Conan Doyle caberiam neste iPad?

Neste iPad com a capa de "Orgulho e preconceito" você pode guardar também "Persuasão" e "Abadia de Northanger"

As edições de centenas de páginas do livro "O morro dos ventos uivantes" já podem ser substituídas pela leveza de um pocket ou de um iPad

Bastardos e banqueiros

Por Paula Taitelbaum*

Na noite passada, acho que pela décima vez, assisti a Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino. E provavelmente assistirei mais dez, vinte, trinta vezes. A sequência inicial – o diálogo entre o presunçoso nazista e o humilde fazendeiro – é espetacular, magistral, incansável e seja lá que outro adjetivo seja possível arranjar para definir algo que deixa você pensando: “como é que o cara conseguiu escreveu isso?”.

Os Bastardos Inglórios que dão nome ao filme são um grupo de norteamericanos judeus que vai para a França caçar e escalpelar os nazistas que lá estão instalados depois da invasão alemã. Liderados por Aldo (Brad Pitt em versão apache), os Bastardos Inglórios vingam os judeus perseguidos por Hitler.

Mas quem eram estes judeus franceses? Seriam eles apenas fazendeiros como os que aparecem no início do filme? Obviamente que a resposta é “não”. Na vida real, além dos humildes, havia gente poderosa como a família Rothschild. O nome soou familiar? Não é à toa: os Rothschild são os negociantes mais célebres do planeta, sinônimo de influência, riqueza e poder.

Isso e muito mais eu descobri nas páginas de “A dinastia Rothschild”, de Herbert R. Lottman, o mesmo autor de “A Rive Gauche”, e que acaba de chegar por aqui. Ainda não li todo o livro, mas hoje, pós Bastardos Inglórios, não resisti em dar uma olhada no capítulo 22, chamado “Os Rothschild na Guerra” para tentar descobrir um pouco a respeito dos judeus ricos de Paris nos anos 1940. Será que, assim como a família mostrada por Tarantino, eles também se escondiam sob as tábuas de assoalhos alheios? Duvideodó…

O que não quer dizer, é claro, que a Guerra não tenha deixado lá suas cicatrizes neles.

O livro que conta a saga da poderosa família Rothschild

O nome de Edouard e Robert Rothschild encabeçava a lista dos judeus fugitivos e um artigo sobre a família, publicado em um jornal francês da época, dizia que “O judeu, sendo um ser nauseante e fedido no verdadeiro sentido da palavra, gosta de sujar, de manchar todos aqueles que lhe são superiores ou que não se ajoelhem perante ele.”

E os ataques a eles não pararam por aí. Seus bens foram confiscados e “cerca de cinquenta oficiais e homens alemães se aquartelaram no castelo da família”. Nem as instituições de caridade mantidas por eles foram poupadas. “Quando começaram a arrebanhar os judeus para a deportação em massa para os campos de concentração, os nazistas pairaram sobre as instituições de caridade dos Rothschild, tirando pacientes do hospital Rothschild por categorias – advogados, vendedores…”

Edouard e Germain Rothschild

Temendo o pior, eles escaparam a tempo. Ao desembarcarem no aeroporto de Nova York, Edouard Rothschild, sua mulher Germaine e a filha Bethsabée, levavam uma mala contendo gemas avaliadas em 1 milhão de dólares. “Quando deram uma olhada no que os Rothschild estavam carregando, os inspetores da alfândega levaram Edouard e Germaine para uma sala privada; alguém tinha dado a informação de que as jóias seriam ‘peças de museu’. Mas os repórteres de fato notaram que o barão continuava carregando a mala ao deixar o aeroporto.”

Fico pensando que os Rothschild bem poderiam ter financiado as ações dos Bastardos Inglórios. Caso eles tivessem realmente existidos, é claro. Aliás, uma pena que não existiram…

* Paula Taitelbaum é escritora e coordenadora do Núcleo de Comunicação L&PM.

O ritual literário de Georges Simenon

Para Georges Simenon, o criador do comissário Maigret, o maior crime que se podia cometer era incomodá-lo enquanto estava trabalhando. “Não perturbe”, dizia uma plaquinha na porta de seu escritório. Outra condição sine qua non para começar a escrever um romance incluía pelo menos quatro dúzias de lápis recém apontados, um bloco novo de folhas amareladas, um envelope com nomes, idades e endereços de seus personagens e uma lista com possíveis itinerários de trem, além da máquina de escrever a postos e devidamente higienizada, as cortinas fechadas e café em boa quantidade. Cada novela levava de 8 a 11 dias para ser escrita, no ritmo de um capítulo por manhã – Simenon dava “expediente” em seu escritório das 6h30 às 9h.

Simenon em seu apartamento, em Paris

Ao todo, ele escreveu cerca de 250 mil páginas, que ligadas ponta com ponta chegariam aos 6km de extensão. Duvida? Então faça a conta, por cima: 75 histórias com o comissário Maigret, 115 novelas, 117 “roman durs” (ou “hard novels”), sem esquecer dos 249 roteiros. Tamanho currículo lhe rendeu o posto de 4º autor de língua francesa mais traduzido no mundo!

Onde nós queremos chegar com tantos números? Era só pra dizer que todos estes objetos que fizeram parte do ritual literário do grande Georges Simenon estão em exposição no Historial de la Vendée, na França, até o dia 26 de fevereiro de 2012. São 200 objetos pessoais do escritor: além dos 6km de originais manuscritos e/ou datilografados e de todo o “arsenal” envolvido em sua produção literária, é possível ver de pertinho também o inseparável chapéu de feltro e o moedor de tabaco. Já pensou que emoção?

Se você estiver pela França, não perca esta! Visite a exposição, faça umas fotos e compartilhe aqui para nos deixar morrendo de inveja 😉

55. Hélio Silva: o autor do monumental “Ciclo de Vargas”

Por Ivan Pinheiro Machado*

Hélio Silva foi um homem singular. Viveu o século XX, pois nasceu em 1904 e morreu em 1995. Formou-se em Medicina, foi um urologista respeitado no Rio de Janeiro e, como médico, publicou mais de 50 artigos científicos. Paralelamente, exerceu o jornalismo. Ou, como ele dizia, conseguiu a proeza de exercer suas duas paixões, o jornalismo e a medicina. Na década de 30, passou a dedicar-se exclusivamente ao jornalismo e rapidamente tornou-se um colunista influente. Sua carreira foi interrompida devido ao movimento revolucionário de 1930 que proibiu-o de exercer a profissão. Mas logo voltou a ativa para ser o chefe da sucursal no Rio da recém-fundada Folha da noite, de São Paulo. Colaborou durante muitos anos no Jornal do Brasil. Em 1949, a convite de Carlos Lacerda, assumiu o cargo de redator-chefe da Tribuna da Imprensa. E foi justamente no jornal de Lacerda, em 1959, que ele começou a publicar suas pesquisas de história contemporânea. 

Meticuloso, Hélio teve o privilégio de viver a história do século e registrá-la com maestria. Percebeu desde cedo que poderia ter o depoimento “ao vivo” dos atores desta história. E com isso ele reuniu um imenso arquivo sobre a história republicana brasileira. Um conjunto de documentos e depoimentos sem igual que deu origem ao seu monumental “Ciclo de Vargas”. Uma obra que inicia com a história da Proclamação da República, em 1889, e termina com a história do Golpe de 1964. São 16 volumes, sete mil páginas: 1889 – A República não esperou o amanhecer (L&PM); 1922– Sangue na areia de Copacabana (L&PM); 1926 – A grande marcha (L&PM); 1930 – A revolução traída; 1931 – Os tenentes no poder; 1932 – Guerra paulista; 1933 – A crise no tenentismo; 1934 – A constituinte; 1935 – A revolta vermelha; 1937 – Todos os golpes se parecem; 1938 – Terrorismo em campo verde; 1939 – Vésperas de guerra; 1942 – Guerra no continente; 1944 – O Brasil na guerra; 1945 – Por que depuseram Vargas; 1954 – Um tiro no coração (L&PM); 1964 – Golpe ou contragolpe (L&PM).

Uma das raras imagens do "professor" Hélio Silva

Municiado por arquivos importantes, como de Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha, entre muitos outros, Hélio Silva construiu o “Ciclo de Vargas” com a autoridade do testemunho, da proximidade do fato histórico e da sua isenção. Sua obra é fundamental para a compreensão do Brasil do século XX e referência para todas as análises e teses correntes sobre este período.

Lima e eu conhecemos Hélio em 1976. Ele veio a Porto Alegre dar uma palestra no colégio que meu pai, o advogado Antonio Pinheiro Machado Netto mantinha em Porto Alegre. Nesta ocasião, conforme já tratamos no post “A ditadura que odiava livros – parte II” ele nos ofereceu as memórias do Gal. Olympio Mourão Filho que lhe doara no leito de morte com a promessa de publicá-la. Nós topamos o desafio, publicamos e o livro foi apreendido pela ditadura. Leia o post e conhecerá os detalhes desta aventura.

Publicamos vários livros do “professor”, como gostávamos de chamá-lo. Sua produção era enorme e qualificada. Durante toda a sua vida de historiador, contou com a colaboração fundamental da também historiadora Maria Cecília Ribas Carneiro. Era uma homem extremamente católico, modesto, suave e generoso. E um grande trabalhador. Era fanático pela história do seu país e nada o detinha na busca de fatos, explicações e documentos. Quando o conhecemos, ele tinha 73 anos e uma enorme vitalidade. Em 1990, ele resolveu renunciar a todos os bens materiais, fez voto de pobreza e passou a ser monge beneditino recolhido no Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro, onde morreu em 21 de fevereiro de 1995, aos 91 anos.

Hélio Silva e a historiadora Maria Cecília Ribas Carneiro

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quiquagésimo quinto post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Alice por Dalí

Já parou para imaginar como seria a Alice, de Lewis Carroll, se tivesse sido criada por Salvador Dalí? Do país das maravilhas ao país do espelho, Alice já vem de fábrica com uma aura de psicodelia e surrealismo. Bastaria acrescentar as cores e o traço inconfundível do pintor catalão para transformá-la em candidata forte ao posto de oitava maravilha do mundo!

Mas devaneios à parte, agora você já pode dar uma folguinha para sua imaginação, porque o próprio Salvador Dalí já fez isso por você. Em 1969, ele criou 12 ilustrações para uma edição especial de Alice no país das maravilhas. A coleção está em exposição permanente na William Bennett Gallery, em Nova York, sob o título de O Universo Surreal de Salvador Dalí e acaba de ganhar sua versão digital. São 13 desenhos em tinta guache: a capa e um para cada um dos 12 capítulos que compõem o livro.

Ilustração do primeiro capítulo do livro: "Descendo pela toca do Coelho"

Arte da capa da edição de 1969 que leva a assinatura de Dalí

As clássicas cartas de baralho aparecem na ilustração do capítulo "O campo de croqué da Rainha"

Gostou? Estes e os outros 10 desenhos estão aqui.

Quem estiver em Nova York pode conferir todos estes desenhos de pertinho! A William Bennett Gallery fica no número 65 da Greene Street.

Os últimos dias de Tolstói

Em 1910, Leon Tolstói já contava 82 anos. Mas nem a idade avançada e a saúde frágil o fizeram perder de vista a coerência entre seu modo de vida e seus ideais. Apesar da pressão de sua esposa para que lhe deixasse em testamento os direitos sobre sua obra, ele resolveu fazer o que achava certo: modificou seu testamento sem que ela soubesse. Para garantir que sua obra se tornasse pública após sua morte, todos os direitos foram deixados como herança para um de seus discípulos mais fiéis.

Feito isto, o melhor a fazer era abandonar tudo e fugir em busca de uma vida diferente. Ao deixar a mansão na calada da noite para uma longa viagem de trem, Tolstói renunciava definitivamente à família, à propriedade, mas também à própria vida. O frio, a fumaça e as péssimas acomodações dos vagões da terceira classe (já que luxo e conforto não estavam em acordo com a vida simples que buscava) lhe renderam uma penumonia, que se agravou rapidamente e culminou em sua morte no dia 20 de novembro de 1910, aos 82 anos, numa modesta estação de trem em Astapovo, cercado de curiosos, seguidores fanáticos, e de uma das filhas, a única da família que aderiu à sua cruzada.

A saga dos últimos meses de vida do autor de Guerra e paz está contada no filme A última estação (2009), do diretor Michael Hoffman, lançado em 2009. Emocionante e intenso, o longa traz Christopher Plummer no papel de Tolstói e Dame Helen Mirren como sua esposa Sofia. Veja o trailer:

Aristocrata russo, filho do conde Nicolau Ilich Tolstói e da princesa Maria Nikolayevna Volkonski, Leon Tolstói teve uma infância carente e complicada. Sua mãe morreu quando ele tinha dois anos e seu pai foi vítima fatal de uma apoplexia antes do pequeno Leon completar dez anos. Ele e os três irmãos foram criados por parentes próximos na província de Kazan. Já adulto e incentivado por seu irmão, o tenente Nicolai Tolstói, Leon alistou-se no exército e participou da guerra da Turquia e da guerra da Criméia, onde conheceu profundamente a vida militar, os horrores e os heroísmos de uma guerra. Quando finalmente desligou-se do exército, já com 30 anos, ele conheceu a bela e moscovita Sofia, com quem se casou e teve 13 filhos. Foi neste período que ele escreveu suas obras mais conhecidas: Guerra e paz e Anna Karenina.

Anarquista convicto, Tolstói era admirado pelo filósofo Joseph Proudhon, cujas ideias coincidiam com a filosofia que ele difundia entre seus empregados e vizinhos. Seus escritos foram aplaudidos também por seus contemporâneos russos Fiódor Dostoiévski, Ivan Turguêniev e Anton Tchékhov e festejados por Gustave Flaubert, que comparou-o a William Shakespeare.

No final de sua vida, trocou intensa correspondência com Mahatma Ghandi, cuja teoria de resistência não-violenta tinha muito em comum com suas teses, inclusive as que ficaram imortalizadas no tratado pacifista Guerra e paz, uma das maiores obras da literatura mundial – não só em volume de páginas mas também em excelência literária.

Na apresentação da edição de bolso de Guerra e Paz publicada pela L&PM em 4 volumes, o editor Ivan Pinheiro Machado faz a seguinte comparação: “Guernica de Pablo Picasso está para o povo espanhol assim como Guerra e paz de Leon Tolstói está para o povo russo”.

Já não resta dúvidas de que este livro é leitura obrigatória, né? 🙂

Verbete de hoje: Phil Davis

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O verbete de hoje é Phil Davis (1906-1964)

Poucos desenhistas da época do ouro dos quadrinhos norte-americanos têm o prestígio de Phil Davis, principalmente na Europa. Alain Resnais, o diretor de Hiroshima, Mon Amour, disse que se inspirou em muitas imagens de Davis para criar o seu O ano passado em Marienbad. Federico Fellini, outro admirador, disse que sempre quis filmar as narrativas de Phil. Nascido em St. Luis, Missouri, em 4 de março, Davis, até os 28 anos, trabalhou principalmente como ilustrador e publicitário. Em 1933, ele encontrou um conterrâneo, Lee Falk (veja em F) e juntos criaram um dos personagens mais famosos do King Features Syndicate: Mandrake, the Magician. No princípio (1934), as aventuras de Mandrake, sempre junto com o seu fiel auxiliar Lothar e depois com a “noiva” permanente, Narda, eram quase convencionais. Logo em seguida, porém, a dupla Falk/Davis, além dos poderes mágicos dados a Mandrake (na verdade, um mestre no hipnotismo), aumentou a dose do imaginário/ fantástico. Mandrake e seus companheiros passaram a visitar mundos paralelos, outras civilizações, o fundo do mar, invasores do espaço, em cenários que primavam pela criatividade. O traço foi eliminando detalhes supérfluos, tornou-se até mais duro que no princípio, mas os mundos que Davis criava eram realmente mágicos. Mandrake foi vendido (e vende até hoje) em todos os quatro cantos da Terra. Lamentavelmente a saúde de Phil não era boa. Nos seus últimos anos de vida, o desenhista foi muito auxiliado por sua esposa, Martha, que já tinha fama como figurinista e estilista de moda. Quando Phil morreu de um ataque cardíaco, Martha tentou continuar sozinha as tiras e páginas dominicais de Mandrake, mas realmente não tinha pique para tanto. A série passou então para as mãos de Fred Fredericks.

Comer semente de abóbora é melhor do que tomar remédio?

Nos sábados, este blog publica algumas das dúvidas que são esclarecidas em “Fatos & Mitos sobre sua alimentação“, o novo livro do Dr. Fernando Lucchese. O Dr. Lucchese é autor também do bestseller Pílulas para viver melhor, entre outros livros.

Semente de abóbora é melhor do que tomar remédio?

A semente de abóbora é tão rica em nutrientes que deveria ser mais usada em sopas, saladas etc. Os nossos cozinheiros ainda não descobriram esse fato. Ela contém grandes quantidades de cálcio, ferro, zinco e magnésio. Do zinco vem a suposição de que tenha propriedades afrodisíacas, além de ser um protetor de próstata. Também constitui uma excelente fonte de proteína e Ômega-3, uma gordura saudável necessária ao organismo. Torrar as sementes levemente melhora seu gosto.

Woody Allen: um documentário

Woody Allen é mais do que diretor, roteirista e ator. Woddy Allen é… Woody Allen. E é justamente para contar a história de como ele virou o que virou que Woody Allen: A Documentary foi concebido. O documentário, do premiado diretor de TV Robert Weide, será exibido pela primeira vez em 20 e 21 de novembro, dividido em duas partes, pelo canal norteamericano PBS.

Weide teve um acesso sem precedentes ao trabalho de Woody Allen e acompanhou o diretor durante um ano e meio, das filmagens de “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos” até a estreia de “Meia-noite em Paris” no Festival de Cannes. Em seu documentário, Weide apresenta a infância de Woody Allen no Brooklyn, fala de seus primeiros shows profissionais na adolescência, analisa desde os filmes mais antigos até os mais recentes, observa os hábitos do “cineasta independente” e seu relacionamento com seus atores, aborda as peças escritas por Allen e mostra os shows de jazz clandestinos em que ele toca seu clarinete. Entre os que deram seus depoimentos, estão Diane Keaton, Martin Scorsese, Scarlett Johansson, Sean Penn, Antonio Banderas e Penélope Cruz.

Segundo o produtor Brett Ratner, o plano é exibir o documentário também nos cinemas, em versão reduzida, mas nenhuma data foi definida ainda. Ficamos torcendo para que Woody Allen: A Documentary chegue logo por aqui, pois pelo trailer, parece ser imperdível:

Conheça os livros de Woody Allen publicados na Coleção L&PM Pocket.