Arquivo mensais:abril 2010

Procura-se atores para On the Road

O diretor  de cinema Walter Salles (de Central do Brasil e Diários de Motocicleta) está em busca de atores para a adaptação  que fará do clássico beat On the Road, escrito por Jack Kerouac em 1957.
Os direitos do livro pertenciam à produtora de Francis Ford Coppola (de O poderoso chefão) desde os anos 70, e foram cedidos à equipe de Salles em 2005. O diretor brasileiro já chegou até a percorrer o caminho descrito por Kerouac.
Agora, o ator Garrett Hedlund , de Tróia,  é o mais cotado para viver Dean Moriarty (Neal Cassady) e Sam Riley deve representar Sal Paradise (Kerouac). O intérprete de Carlo Marx (Allen Ginsberg) segue indefinido.
 As gravações estão previstas para começar ainda no segundo semestre de 2010.

Feira do Livro de Londres disponibiliza vídeos de seminários

Se você tinha se programado para ir a Feira do Livro de Londres (The London Book Fair) e viu sua viagem virar cinza por causa do vulcão, temos a solução para pelo menos alguns dos seus problemas (se você estiver preso no aeroporto há 10 dias, infelizmente, não podemos fazer nada para ajudar). A organização do evento prometeu disponibilizar boa parte das palestras e seminários em vídeo no site oficial. A medida foi tomada justamente para diminuir os prejuízos dos que não conseguiram chegar à capital inglesa. A Feira do Livro de Londres começou ontem, dia 19 de abril, e vai até amanhã. Para acessar a programação completa, clique aqui.

Boa ação via twitter

O Instituto Mário Penna teve uma ideia muito legal para auxiliar na recuperação de seus pacientes. Acessando o site www.doepalavras.com.br é possível deixar uma mensagem de apoio aos pacientes em tratamento contra o câncer. A mensagem também pode ser enviada via twitter, basta acrescentar a hashtag #doepalavras ao final da frase.

Admirável mundo velho

Por Paula Taitelbaum

O garoto, filho de um amigo, estava na minha casa quando avistou aquela coisa desconhecida. “Tia, o que é isso?”. Olhei na direção do dedinho e lá estava minha Olivetti. Ela, que já havia sido tão útil, e que agora era objeto de decoração. Depois de ouvir pela primeira vez a palavra “máquina de escrever”, o menino quis saber como funcionava. Sob seu curioso e atento olhar, peguei a máquina, coloquei sobre a mesa, fiz o papel girar e ofereci para que experimentasse “digitar”. Tec, tec, tec… Os olhos do garoto se iluminaram e, num misto de revelação e êxtase, gritou: “Uaaaau! Já sai impresso!”.

Pois lembrei dessa história hoje, quando vi o link de um vídeo em espanhol que apresenta um revolucionário produto: “Book”. E que pode ser visto como um divertido tapinha de luva de pelica no ti-ti-ti em torno do e-book. Parte do texto do vídeo, eu reproduzo abaixo. Mas para os que preferem assistir à íntegra em espanhol, está aqui:

“Olá, apresentamos um novo dispositivo de conhecimento bio-óptico organizado. Seu nome comercial: Book. Book é uma revolucionária ruptura tecnológica: sem cabos, sem circuitos elétricos, sem bateria, sem necessidade de conexão, compacto. Importante: book pode ser utilizado em qualquer lugar. (…) Book nunca estraga. Book nunca precisa ser reiniciado. Simplesmente precisa ser aberto para que se comece a desfrutar de suas imensas verdades. Veja como funciona: Book é feito com folhas de papel numeradas sequencialmente. Cada uma delas pode armazenas mil bytes de informação. (…) A maioria dos Books inclui uma função de índice que mostra a localização exata de qualquer informação selecionada para sua imediata recuperação. O acessório opcional, o marcador de página, permite abrir o Book na exata página que foi selecionada anteriormente, inclusive se o Book estiver fechado. Os marcadores de página se ajustam aos padrões internacionais, de maneira que o mesmo marcador de página pode ser usado em Books de diferentes fabricantes. Além disso, diversos marcadores podem ser utilizados em um mesmo Book se o usuário desejar armazenar várias buscas ao mesmo tempo. Também é possível realizar notas pessoais junto às entradas dos Books mediante uma sensível ferramenta de programação: o lápis. (…) Book está sendo recebido como precursor de uma nova onda de entretenimento. Bem-vindo a uma nova era que transformará sua maneira de ver o mundo. Bem-vindo à experiência ‘Book’.”

Borges e Kafka em Buenos Aires

Começa segunda-feira, dia 19, em Buenos Aires, a Bienal Borges – Kafka 2010, segunda edição do evento cultural e artístico organizado pela Fundação Internacional Jorge Luís Borges e pela Sociedade e Centro Franz Kafka de Praga. Fazem parte da programação mesas redondas, seminários, peças de teatro e exibições de cinema, além de um simpósio que terá a participação de especialistas nos dois escritores. O único brasileiro convidado é Sergius Gonzaga, Secretário de Cultura de Porto Alegre, que falará sobre Kafka na literatura nacional. A programação vai até dia 30 de abril, então ainda dá tempo de você comprar a passagem.
 

Para ver a programação completa (e dois vídeos dos diários de Kafka), clique aqui.

Biblioteca Britânica disponibiliza manuscrito original de Alice

Para quem não aguenta mais esperar a estreia da versão 3D de Alice no País das Maravilhas, boas notícias. Não, não fomos a uma pré-estreia gravar o filme para exibir clandestinamente no blog. Mas a Biblioteca Britânica está dando um presentão a todos os fãs de Alice: na página da instituição, é possível folhear o manuscrito original do livro, com o texto e as ilustrações feitas por Lewis Carroll em 1862. Há ainda a opção de ouvir a narração do livro (em inglês, é claro) e programar as páginas para que virem automaticamente na velocidade que o internauta leitor preferir. 

Página da biblioteca oferece vários recursos aos leitores / Reprodução

Para ver a versão em flash, clique aqui. E para ver o trailer de Alice no País das Maravilhas em 3D, aqui.
Fazem parte da Coleção L&PM Pocket os livros Alice no País das Maravilhas e Alice no País do Espelho.

Shakespeare em 140 caracteres

A peça Romeu e Julieta foi encenada pela primeira vez em 1594, e nos últimos 416 anos foram muitas as versões para cinema, televisão e óperas. Mas agora, em 2010, o clássico está recebendo sua adaptação mais inusitada. Seis atores da Royal Shakespeare Company são os encarregados de “interpretar” os papéis principais no… twitter.

A experiência deve durar cinco semanas e os tweets são feitos em tempo real, ou seja, se determinada ação no texto original acontece às 8h, os atores atualizam suas contas às 8h. Para acompanhar a representação e saber mais sobre o projeto, é só acessar o site www.suchtweetsorrow.com
 

* Essa dica foi retirada da coluna ConexãoZH.

Beijos literários

Ah, o beijo… Como viver, amar e ser feliz sem ele?

É por isso que, hoje, no Dia do Beijo, separamos alguns trechos de pockets da L&PM que homenageiam esse que pode ser o mais puro ou o mais libidinoso dos atos.

Romeu e Julieta, de Shakespeare: “Beijarei teus lábios. Pode ser que ainda encontre neles um pouco de veneno que me faça morrer com este fortificante. (Beija-o)”.

Kama Sutra, Capítulo 3: “Os locais a serem beijados são os seguintes: a fronte, os olhos, as bochechas, a garganta, o colo, os seios, os lábios e o interior da boca. O povo de Lat também beija os seguintes locais: os quadris, os braços e o umbigo”.

 Drácula, de Bram Stoker: “Mas, logo após, voltou a abrir os olhos com toda aquela doce ternura de outrora. E desembaraçando aos poucos sua pobre, frágil e descorada mão, estendeu-a ao encontro da morena destra de Van Helsing. Este tomou-a entre seus robustos dedos, acariciou-a e beijou-a, na mais comovente das sublimações”.

Para sempre ou nunca mais, de Raymond Chandler: “Eu te odeio – ela disse, a boca contra a minha. – Não por isso, mas porque a perfeição nunca vem sem um intervalo e no nosso caso ela veio logo em seguida. E não quero nem vou voltar a vê-lo. Terá que ser para sempre ou nunca mais”.

Pulp, de Charles Bukowski: “Nós nos abraçamos e juntamos as bocas. A língua dela enfiara-se em minha boca, quente, mexendo-se como uma pequena serpente”.

Trecho de Elegia [de Marienbad] de Trilogia da Paixão, de Goethe: “Como por mim à porta ela aguardava / E felizardo aos poucos me fazia, / Após o último beijo me alcançava  / E ainda mais um dos lábios imprimia, / Assim, movente e clara, a efígie amada / No coração a fogo está gravada”.

Trecho de Versos Íntimos, de Eu e Outras Poesias, de Augusto dos Anjos: “Toma um fósforo. Acende teu cigarro! / O beijo, amigo, é a véspera do escarro, / A mão que afaga é a mesma que apedreja. / Se a alguém causa inda pena a tua chaga, / Apedreja essa mão vil que te afaga, / Escarra nessa boca que te beija!”.

O Dia do Beijo é comemorado em duas datas: 6 de julho (Kissing Day) e 13 de abril.

O professor e o louco: um grande livro

*Por Ivan Pinheiro Machado

Tomara que eu me engane, mas não me lembro de ter visto na imprensa brasileira uma matéria ou uma nota sobre O Professor e o Louco (Cia. das Letras, 2008). Não quero fazer uma injustiça. Pode até ter saído alguma coisa. Mas o certo é que em nenhum lugar saiu um texto à altura deste livro extraordinário.
Simon Winchester, o autor, dá uma verdadeira aula de como fazer um livro de não-ficção muito mais empolgante, com muito mais suspense e “fantasia” do que a maioria das chatices de ficção que tomam conta das livrarias e aborrecem os leitores.
A saga do Dr. James Murray – o professor – e do Dr. W. C. Minor – o louco –, tendo como mote a construção do “Oxford English Dictionary” é uma daquelas inesquecíveis experiências de leitura. Se todos escrevessem como Winchester e traduzissem como Flávia Villas-Boas, certamente o mundo teria muito mais leitores. Eu falei construção, pois colocar de pé um dicionário como o OED, com a missão de fixar a língua inglesa, é uma empreitada tão gigantesca quanto construir uma hidrelétrica no rio Amazonas, algo que não encontra similar na história da cultura ocidental. Foram 70 anos de trabalho (de 1858 até 1928) que resultaram em meio milhão de verbetes, quase dois milhões de citações de obras clássicas, numa média de quatro citações literárias utilizando a palavra de forma diferente, por verbete, tudo isso em 12 imensos volumes. Durante 40 anos o Dr. Murray comandou este projeto que contou com a participação do corpo editorial da Oxfdord University Press e milhares de voluntários convocados através de jornais. E o mais assíduo, brilhante e preciso de todos esses voluntários foi exatamente o Dr. W. C. Minor.
O livro começa quando,curioso e grato, Murray decide, 20 anos depois de intenso contato epistolar, conhecer pessoalmente o velho colaborador que morava nos arredores de Londres. O fiacre cruza a cidade rumo ao endereço que  ainda guardava na memória, tantas vezes chegara à sua mesa a correspondência endereçada na letra precisa e bem feita do médico americano William Chester Minor. Ao fim de uma hora cruzando a neblina fria da noite londrina, Dr. Murray chega ao seu destino. Para seu espanto, a casa de Minor era o asilo de loucos de Broadmoor, onde há duas décadas estava internado seu mais fiel colaborador. Como e por quê Minor, veterano médico de campanha na Guerra da Secessão americana, chegou a um asilo nos arredores de Londres?
Não vou dizer.
Leia e deleite-se com este livro magistral. Uma história que mistura crime, erudição, maldade, generosidade e a ambição de conceber uma obra monumental que se eternizaria como o mais importante documento da língua inglesa.